Bolsa de Iniciativas PRR

 

BeeLand – Apicultura e Polinização: Impacto na Biodiversidade e Sustentabilidade dos Territórios (ID: 238 )
Coordenador: CATAA - Associação Centro de Apoio Ecnológico Agroalimentar
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Centro NUTS III: Beira Baixa
 
Identificação do problema ou oportunidade

Os territórios rurais abrangidos por esta candidatura (que inclui várias NUTs) têm, na última década, vindo a sofrer alterações (mais ou menos) profundas na paisagem e nos ecossistemas que os caracterizam, quer naturais, quer humanizados. Estas alterações são consequência de vários fatores, com diferentes origens e de diferentes intensidades, mas todas têm impactos na capacidade desses territórios em atrair investimentos, sustentar populações, providenciando oportunidades para estas. Ondas de calor e aumento exponencial do risco de incêndio rural, períodos de seca prolongada ou de grande concentração e intensidade de chuva com a consequente desregulação dos cursos de água, são fenómenos que atualmente fazem parte do dia a dia das populações dos territórios rurais criando os mais diversos constrangimentos. 

 

A título de exemplo, olhe-se para as consequências dos incêndios rurais. Após serem atingidos por um incêndio, são notórias e percetíveis as alterações na paisagem (perda de valor cénico) e a perda de biodiversidade [a fauna e a flora são grandemente afetadas, podendo ocorrer a extinção de endemismos vegetais e animais (em estado natural) ou pelo menos a destruição em maior ou menor grau de habitats e consequente proliferação de espécies invasoras]. Menos visíveis, mas de igual importância, são a perda de solo, base da cadeia trófica terrestre, o que condiciona o ciclo hidrológico e influencia diretamente a quantidade e a qualidade da água. A tudo isto ainda acresce a perda de bens materiais (normalmente bastante mediatizados), a perda de material lenhoso (com graves prejuízos para a economia das regiões e do país), o aumento das emissões de CO2 e, por fim, eventuais (inevitáveis?) quebras das receitas geradas pelo turismo. 

 

Neste contexto, a Apicultura afigura-se como uma das poucas atividades económicas que podem simultaneamente contribuir para a resiliência atual e para a sustentabilidade futura dos territórios. Esta capacidade advém das suas características enquanto atividade económica (relativos baixos investimentos e mais rápido retorno, insignificantes investimentos fundiários e obtenção de rendimentos através da exploração de recursos considerados marginais, como os matos e incultos), mas sobretudo por ser uma atividade prestadora de um serviço do ecossistema considerado como fundamental no contexto da conservação da natureza e paisagem, a POLINIZAÇÃO. De facto, o serviço de polinização dirigida prestado pelos apicultores adquire crescente importância no sucesso de várias culturas agrícolas, mas é a polinização das plantas silvestres que é incomparavelmente mais relevante do ponto de vista social, económico e ambiental. O serviço ambiental de polinização é prestado por várias espécies de insetos, mas sabe-se a importância relativa das abelhas no número total, e na disponibilidade global, de insetos na maioria dos ecossistemas. Importa garantir a sustentabilidade do serviço de polinização prestado pelas abelhas. 

 

No entanto, a apicultura também sente as consequências da mudança a que estão sujeitos os territórios abrangidos por esta candidatura. Os produtos da apicultura, nomeadamente o mel produzido em Portugal está ameaçado pelas alterações na paisagem e nos ecossistemas, na medida em que a extinção, alteração ou simples diminuição das populações de determinadas plantas, ou a alteração/substituição de espécies em povoamentos florestais, altera a pastagem e altera o mel produzido nesses territórios (alterações nos perfis polínicos, físico-químico e sensorial). Considerando que Portugal é reconhecidamente um país com grande tradição e especificidade na produção de mel (nove DOPs, mais de 7,5 % do efetivo a produzir em MPB e capacidade instalada para produzir méis monoflorais de rosmaninho, urzes e castanheiro, por exemplo), facilmente se conclui que são produtos ameaçadas pela mudança ambiental e paisagística. 

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Esta iniciativa tem como principal objetivo caracterizar, avaliar e objetivar o valor do serviço ecossistémico proporcionado pelas abelhas e pela apicultura, valorizando o seu contributo para a sustentabilidade e resiliência dos territórios. Atualmente, constata-se uma mudança na identidade dos territórios, ao nível ambiental, económico e social, ameaça a genuinidade dos produtos apícolas, de que o Mel DOP Português é um ex-libris. Esta iniciativa pretende desenvolver um conjunto de outputs capazes de robustecer a atividade apícola e os serviços associados. 

A primeira atividade do projeto consiste em caracterizar o impacto socioeconómico da polinização por abelhas nos territórios das 9 DOP de Mel Português. Pretende-se (1) objetivar o contributo da apicultura para o ambiente, quantificando e qualificando o seu impacto, (2) sistematizar informação sobre o impacto da polinização apícola na agricultura (culturas hortofrutícolas, oleaginosas e cerealíferas), área florestal (matos e incultos, florestas naturais e plantadas e sistemas agro-silvo-pastoris). Toda esta informação será disponibilizada através da Bolsa de Polinização Apícola, uma plataforma que juntará apicultores e agricultores, e que pretende fomentar a prestação de serviços de polinização, listando apicultores com disponibilidade para prestar serviços de polinização e agricultores com interesse em adquirir esses serviços. Esta plataforma se dotada de uma ferramenta que permitirá a interação e o matchmaking entre ambos, bem como uma ferramenta de alerta e informação aos apicultores útil e capaz de auxiliar na tomada de decisão. 

A segunda atividade consistirá na identificação e caracterização da pastagem melífera das áreas das 9 DOP de Mel Português. Esta caracterização deverá ter em conta vários fatores que atualmente influenciam a produção de mel, identificando onde nos territórios a sustentabilidade ambiental está ameaçada, podendo beneficiar do reforço das populações de polinizadores, o que se conseguirá através da instalação de apiários. Compreende uma avaliação ao potencial dos territórios (solo, água, clima, flora) em sustentar apicultura e a produção de méis DOP, méis MPB e méis monoflorais. Toda esta informação resultará numa Carta de Aptidão Apícola, instrumento de apoio à tomada de decisão, num Guia de Boas Práticas de Gestão da Pastagem Apícola e em contributos para a atualização das especificações das DOP de mel português. 

A terceira atividade pretende analisar os méis DOP por espectroscopia vibracional (NIR, FTIR-ATR e FT-RAMAN). Serão avaliados os parâmetros analíticos caracterizadores da qualidade diferentes propriedades dos méis. Com a matriz de dados analíticos obtidos, através de técnicas de quimiometria desenvolver-se-ão modelos de calibração para metodologias de análise rápida da qualidade do mel. Com os dados espectrais pretende-se estudar a possibilidade de criar metodologias que possam ser usadas para discriminar os méis DOP e, eventualmente, distinguir entre méis DOP e não DOP. Pretende-se também identificar os parâmetros analíticos e correspondentes limites que poderão funcionar como fingerprint de cada DOP.  

A sustentabilidade dos territórios está intimamente ligada com a atividade económica aí gerada, pelo que a iniciativa inclui uma atividade que pretende definir uma estratégia de comunicação e comercialização para os méis DOP de Portugal, numa perspetiva de alargar o leque de locais onde poderá ser oferecido este produto, ao mesmo tempo que se procura a sua integração em cadeias curtas de comercialização. Os outputs previstos para além da estratégia de comunicação para os méis DOP de Portugal, consistem em criar uma loja virtual do Mel Português e expositores “MEL PORTUGAL”. 

Por fim, inclui-se uma atividade de disseminação dos resultados pelos diferentes stakeholders, nomeadamente agricultores, agroindústria, associações setoriais, pelos técnicos superiores das entidades com poder executivo e legislativo, pela comunidade científica e pela sociedade em geral, bem como uma atividade de gestão do projeto. 

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

O CCAB-Centro de Competências da Apicultura e da Biodiversidade (representado na parceria pelo CATAA–Associação Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar tem como missão promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da fileira apícola, nas vertentes socioeconómicas, formativa, técnica e ambiental. Nesse âmbito lidera esta iniciativa, sendo responsável pela atividade de gestão e coordenação(ativ6). Participa ativamente nas atividades 1, 2 e 3, disponibilizando, entre outros meios, os seus equipamentos laboratoriais. 

 O MORE – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação tem vindo a adquirir competências na mobilização sustentável das cadeias de valor, na criação de valor económico e social, estabelecendo modelos de interface e transferência de conhecimento. Liderará a Atividade 1, sendo responsável por desenvolver o interface tecnológico onde ficará alojada a Bolsa de Polinização Apícola. Participará também no desenvolvimento da loja virtual de mel português. 

 O Instituto Politécnico de Bragança é uma instituição de ensino superior com experiência de investigação em apicultura e gestão do território. Nesta iniciativa será responsável pela atividade 2, a qual está direcionada para a avaliação do potencial dos territórios onde se produzem as DOP de mel Português e a definição de orientações que permitam maximizar os recursos, mantendo a identidade desse produto. Também terá uma participação importante na atividade 1, definindo os parâmetros de desenvolvimento da plataforma, e na atividade 3, através da avaliação da qualidade dos méis e definição de procedimentos de calibração de métodos expeditos para analise dos méis DOP. A divulgação e o apoio à coordenação da iniciativa serão também funções em que estará envolvido.  

 O Instituto Politécnico de Castelo Branco é uma instituição de ensino superior com experiência em investigação na temática dos projetos. No âmbito desta iniciativa será responsável pela atividade 3 onde se pretende criar metodologias de análise rápida da avaliação da qualidade e genuinidade dos Méis DOP de Portugal. Simultaneamente, participa na atividade 2, na elaboração da carta de aptidão apícola para os territórios de mel DOP, e na Atividade 1, na definição dos parâmetros de desenvolvimento da plataforma de polinização. A divulgação e o apoio à coordenação serão tarefas comuns a todos os parceiros e que requerem o envolvimento do IPCB.  

 A FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal enquanto organização de cúpula do sector apícola e representante de 45 organizações apícolas (inclui as 9 entidades gestoras de Mel DOP), coordenará a atividade que contribuirá para a definição da estratégia de comunicação e comercialização dessas DOP. Participará também nas atividades de I&D que farão a caracterização dos impactos da polinização apicultura nos territórios e na sua sustentabilidade, bem como nas atividades de comunicação e de disseminação de resultados. 

 O INOVCLUSTER definirá e implementará a estratégia de comunicação externa do projeto e de comunicação interna dentro da parceria, a qual se pretenda que seja comum a todos os parceiros, com o que se pretende divulgar a iniciativa , sensibilizar o público-alvo e fomentar a integração dos utilizadores finais dos vários outputs. Nesse âmbito serão organizados eventos de apresentação da iniciativa e eventos de disseminação de resultados. 

 A DRAP Norte – Polo de Inovação Terra Futura será responsável pela criação e dinamização de painéis consultivos temáticos, compostos pelos parceiros deste projeto e por diversos stakeholders (agricultores, associações, entidades com poder de decisão política e operacional), para avaliar a os outputs das atividades 1, 2 e 4. 

 As PME (do setor apícola e restantes), em articulação direta com os coordenadores de cada atividade, participarão na recolha de dados, fornecerão amostras de mel e validarão os outputs do projeto (como por exemplo, a Bolsa de Polinização Apícola). Participarão na disseminação dos resultados obtidos, sendo fundamentais para chegar junto dos restantes operadores dos vários setores produtivos envolvidos. 

 
Interlocutor: António Moitinho Rodrigues   Email interlocutor: diretor@cataa.pt   Email entidade: geral@cataa.pt