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GI4BIO - Gestão Inteligente em Agricultura Biológica (ID: 245 )
Coordenador: IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Iniciativa emblemática: 8. Agricultura 4.0
Data de Aprovação: 2022-03-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
GI4BIO dedica-se de forma direta à
produção biológica, se bem que um conjunto de soluções desenvolvidas podem
depois ser usados na agricultura convencional para otimizar as intervenções
sobre as culturas, alterando em alguns casos a sua natureza, tornando-a
ecologicamente mais aceitável. A Agricultura Biológica (AB) é um sistema global
de gestão das explorações agrícolas e de produção de géneros alimentícios que combina
as melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a
preservação dos recursos naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria
de bem-estar dos animais e método de produção em sintonia com a preferência de
certos consumidores por produtos obtidos utilizando substâncias e processos
naturais.
O método de produção biológica
desempenha, um duplo papel social, por abastece um mercado específico que
responde à procura de produtos biológicos por parte dos consumidores, e por
fornecer bens públicos que contribuem para a proteção do ambiente e o bem-estar
dos animais, bem como para o desenvolvimento rural [Regulamento (UE) 2018/848].
A Estratégia do Prado ao Prato,
lançada no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, estabelece o objetivo de converter
pelo menos 25% das terras agrícolas da UE em modo de produção biológico até
2030. Em 2017, no quadro da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica
(ENAB) e o respetivo Plano de Ação [Resolução do Conselho de Ministros n.º
110/2017], o Governo compromete-se a duplicar a área de AB, para cerca de 12 %
da superfície agrícola utilizada nacional, e a triplicar as áreas de
hortofrutícolas, leguminosas, proteaginosas, frutos secos, cereais e outras
culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação. O interesse
pela AB revela um crescimento constante, que terá já ultrapassado
significativamente as metas para 2027.
Quer pelo esperado aumento da
Superfície Agrícola Utilizada (SAU) dedicada à AB, como pela maior exigência de
vigilância e gestão, e pelo maior valor acrescentado que produz, a AB constitui
uma área onde soluções para a Agricultura 4.0 permitem uma melhor gestão, mas
podem também ser usadas como base para promover práticas sustentáveis ao nível
da biodiversidade, preservando e estimulando a presença de agentes
polinizadores e da fauna do solo nos campos agrícolas, impulsionando a cadeia
produtiva agrícola, e estimulando o aparecimento de novos modelos de negócio
associados à AB.
Apesar do seu lento crescimento, a
AB constitui uma atividade intensiva que requer um seguimento e gestão mais
intensos que a agricultura convencional. Os seus produtos geram habitualmente
maior valor, as explorações são habitualmente mais pequenas e requerem mais
trabalho intensivo e uma monitorização mais apurada.
GI4BIO apresenta uma abordagem
integrada que passa pela monitorização dos parâmetros ambientais, mas também
pela atividade dos insetos polinizadores, auxiliares e, de igual modo, dos
insetos considerados pragas, da atividade da macro e da microfauna dos solos e
do seu contributo para o aumento da fertilidade destes, bem como a avaliação
das raízes, em sistemas predominantemente consociados. O conjunto de dados de
monitorização permitirá o desenvolvimento de uma visão mais precisa dos
processos agrícolas e do desenvolvimento das culturas em modo de produção
biológico.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
GI4BIO apresenta uma plataforma
avançada, alicerçada num conjunto de inovações que pretendem otimizar um tipo
de agricultura, a agricultura biológica que possui características muito
específicas. Os produtos deste tipo de
agricultura possuem maior valor acrescentado, necessitam uma vigilância mais
exigente e têm lugar em áreas mais restritas, muitas vezes consentâneas com a
agricultura familiar. A escala exigida para soluções de Agricultura 4.0 é por
isso algo inferior ao da Agricultura convencional, e centra-se em aspetos com
pouca relevância para a agricultura convencional, como por exemplo as questões
relacionadas com a gestão dos fatores bióticos e a visão ecossistémica. Neste
contexto, GI4BIO concentra-se na gestão dos insetos, enquanto polinizadores,
auxiliares, pragas ou vetores de doenças, na atividade da fauna do solo e no
desenvolvimento dos sistemas radiculares. GI4BIO desenvolverá um conjunto de
sensores de parâmetros ambientais que permitem monitorizar a necessidade de
proceder à implementação de práticas agrícolas específicas, e à monitorização
das culturas, mesmo em consociação, usando para tal o desenvolvimento de
algoritmos específicos através de inteligência artificial. Uma terceira dimensão procura
antecipar o aparecimento de doenças, através do cruzamento de elementos
ambientais (humidade relativa, humidade do solo, temperatura, precipitação, com
a deteção visual das doenças e do estado das plantas, com a monitorização da
evolução de pragas e doenças, através da produção de uma app que permita
identificar a doença, usando um smartphone e colocar essa imagem
georreferenciada numa plataforma onde será analisada através de Inteligência
Artificial, permitindo criar um mapa de progressão das pragas e doenças depois
de detetadas. A criação de bases de dados com toda a informação permitirá a
criação de modelos de previsão que, através de machine learning, permitirá uma
previsão mais apurada no futuro. Tarefas: 1 – Seleção dos casos de estudo
(campo aberto e estufa), alguns nos Polos de Inovação da DRAPC. 2 – Definição dos parâmetros
ambientais e das culturas a monitorizar, e dos valores críticos que
desencadeiam uma reação que é necessário controlar através de uma atividade
agrícola. Entre os parâmetros ambientais temos a temperatura e humidade do
solo, insolação, humidade do solo, fases de desenvolvimento das culturas,
informação sobre a incidência de doenças e pragas, estado de maturação, etc). 3 – Sensorização dos (a) elementos
ambientais usando abordagens IoT com base em sensores existentes no mercado e
(b) sensores específicos para seguir a evolução das culturas, bem como as
pragas e doenças – Computer vision; (c) sensores destinados à avaliação e à
gestão da atividade dos insetos; (d) sensores da atividade biológica do solo. 4 – Rede de comunicação de
transmissão dos dados (LoRa, Wi-fi, 4G, 5G em função das condições do local a
monitorizar). Implementação de uma rede de comunicações, que irá permitir
recolher os dados dos sensores, que serão enviados para o data lake a criar por
forma a serem tratados e convertidos em informação. 5 – Desenvolvimento de soluções
usando aprendizagem computacional multi-modal supervisionada para processamento
dos dados e deteção dos eventos, analítica / monitorização alarmística, Cloud
data center, e Virtual Machine, Dashbboard de visualização, Sistemas de apoio à
decisão. 6 – Desenvolvimento de atuadores,
por forma a responder a alterações verificadas na produção, e de um sistema do
tipo active perception alicerçado no paradigma produtor-in-the-loop i.e.,
a solução vai integrar a componente de automação e robótica com a
experiência/informação dos produtos. 7 – Validação das soluções e do
modelo de negócios em outras explorações.
8 – Disseminação, ao nível de
publicações científicas, manuais técnicos, dias abertos, workshops e o
desenvolvimento de conteúdos multimédia.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto GI4BIO assenta num esforço
colaborativo que se reflete no modelo de governança, em que existem dois tipos
de órgãos de gestão, onde as principais decisões são tomadas e onde é feita a
avaliação do desempenho e evolução do projeto: O plenário dos investigadores,
reunirá com uma periodicidade semestral, que assumirá a forma de um pequeno
evento científico e de divulgação, em que os parceiros apresentarão as suas
atividades. A Comissão Executiva, reúne os
responsáveis das tarefas com o coordenador do projeto, numa base mensal, para
preparar as ações futuras, monitorizar o desempenho e preparar estratégias de
recuperação se necessário. 1 – O IPC contará com a participação
de duas Unidades Orgânicas (ESAC e ISEC) e da UID reconhecida pela FCT, o
CERNAS, que coordenará o projeto, participará em todas as tarefas, com um papel
relevante na seleção dos casos de estudo, tarefa coordenada pela DRAPC,
coordenará a definição dos parâmetros ambientais, processo em que contará com a
colaboração de todas as equipas envolvidas no projeto. Desempenhará ainda um
papel interventivo na validação das soluções e dos modelos de negócio, e na
disseminação. O ISEC estará envolvido nas tarefas de sensorização, que
coordenará, e envolver-se-á com a Trigger Systems e a Universidade de Coimbra
no desenvolvimento de outras componentes tecnológicas do projeto, nomeadamente
ao nível da rede de comunicações, do desenvolvimento de soluções usando
Inteligência Artificial e na automação e robotização. 2 –A DRAP-C desempenha um papel de facilitador
no contacto com as associações de agricultores e com os agricultores e como
tal, apoiará o CC da Agricultura Biológica e a AGROBIO na divulgação dos
resultados do projeto. A DRAP-C assegurará a coordenação os ensaios de campo e
usará os seus Polos de Inovação para os ensaios de campo. A DRAP-C
envolver-se-á ainda nas tarefas de validação do modelo de negócio e das
soluções técnicas desenvolvidas e na definição dos parâmetros ambientais e na
seleção dos casos de estudo. 3 – A AGROBIO coordenará a elaboração
de um plano de disseminação dos resultados juntos dos agricultores, com a
criação de dias abertos de divulgação, criação de focus group com os
agricultores e técnicos da produção e realização de publicações técnicas.
Estará ainda envolvida como end user nas outras tarefas, numa perspetiva de
apoio à idealização, seguimento do desempenho dos sistemas e sua validação.
Desempenhará ainda um papel relevante no delineamento de modelos de negócio. 4 – O Centro de Competências para a
Agricultura Biológica e para o Modo de Produção Biológico (Associação CCBIO),
colaborará na disseminação, na seleção dos casos de estudo e na definição dos
parâmetros a monitorizar, desempenhando ainda um papel de aconselhamento
enquanto end user nas demais tarefas, de forma a formatar as soluções às
necessidades do modo de produção biológico, desempenhando ainda um papel de
validação das soluções desenvolvidas. 5 - Trigger Systems é uma PME
tecnológica com uma grande experiência na área da Agricultura. Coordenará as tarefas
de sensorização e da rede de comunicação, e interagirá com a Universidade de
Coimbra e o Politécnico de Coimbra no desenvolvimento de soluções de
inteligência artificial e de automação e robotização. 6 – A Universidade de Coimbra
coordenará a tarefa da Inteligência Artificial e colaborará na tarefa da
sensorização e da automação/Robotização.
7 – As Sementes Vivas, Ecoseiva e
Bonitos LDA são PMEs, que colaborarão na tarefa 1, na validação das soluções e
na disseminação.
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