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Partilhar o Ave (ID: 250 )
Coordenador: BIOPOLIS
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
Verificou-se nas últimas décadas uma intensificação das atividades agrícolas, com a produção intensiva de alimentos de natureza vegetal e animal. Esta intensificação trouxe graves prejuízos ambientais, nomeadamente: i) a poluição atmosférica, pela libertação de gases que contribuem para o efeito de estufa e aquecimento do planeta ii) a poluição das águas prejudicando a sua qualidade para consumo e desequilíbrio da vida aquática, através do arrastamento de fertilizantes e resíduos de pesticidas (ex. o azoto e o fósforo); iii) a redução da biodiversidade, devido às medidas que visam facilitar a mecanização agrícola, como a remoção de muros, sebes, obras de drenagem e o uso intensivo de adubos e fertilizantes, e iv) a degradação dos solos, em especial devido à erosão, provocada pelo arrastamento pelas águas do solo desprotegido de vegetação em zonas cultivadas, mas também devido à acumulação de substâncias tóxicas pelo uso inapropriado da rega, aplicação de lamas, etc. Por estas razões, é imperativo desenvolver novas práticas agrícolas mais sustentáveis. Vila do Conde é um concelho palco de intensa atividade agrícola e práticas monoculturais que têm vindo a depreciar a qualidade dos recursos naturais: solo, água, ar e biodiversidade. Assiste-se ao sobre uso do solo agrícola e à fragmentação das estruturas ecológicas com a simplificação de ecossistemas, que se traduzem em perdas de biodiversidade e dos serviços associados a estes ecossistemas, reduzindo a capacidade de resiliência e as condições de sustentabilidade do território. A presença do rio Ave nesta paisagem agrícola traduz-se numa mais valia, mas, simultaneamente, numa preocupação acrescida, uma vez que os corredores fluviais são importantes ecossistemas, essenciais para o funcionamento dos sistemas e ciclos naturais, encerrando em si grandes valores de biodiversidade, fatores essenciais para a sustentabilidade do território, e que se encontram ameaçados pela atividade agrícola intensiva. Assim, torna-se fundamental a formulação de medidas e práticas que promovam a construção de uma Paisagem Rural mais sustentável e integradora dos interesses de todos os atores, tendo como demonstrador destas práticas o Corredor Ecológico do Ave. Alinhado com as orientações da Agenda de Inovação para a Agricultura 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e o Pacto Ecológico Europeu, este projeto visa reforçar o contributo para uma agricultura mais inovadora, eficiente e sustentável, integrando os princípios da agroecologia e mobilizando pequenos e médios produtores em torno de uma cadeia de valor mais capacitada, competitiva, resiliente, e socialmente inclusiva, que proteja o ambiente e promova o bem-estar das comunidades.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Tendo em conta o exposto, entende-se que a valorização do Corredor Ecológico do Ave constituirá́ uma oportunidade de consolidação das principais estruturas naturais e patrimoniais do território, cujos benefícios ambientais irão influenciar a implementação de práticas agrícolas mais sustentáveis e simultaneamente defender o interesse coletivo da Paisagem. Assim, pretende-se: · Fomentar práticas agrícolas que contribuam para a sustentabilidade do território, nomeadamente refletindo sobre o uso eficiente e qualidade da água, a fertilidade e qualidade dos solos, a gestão dos efluentes da pecuária, a mecanização e erosão do solo, entre outros. · Integrar novas abordagens para a sustentabilidade, envolvendo o setor empresarial, proprietários agrícolas e florestais, na concretização de medidas agroecológicas que visem, por um lado a capacitação e sensibilização para os problemas ambientais e, por outro, a remuneração dos serviços prestados pelo capital natural | Serviços dos Ecossistemas. · Promover a requalificação Paisagística do Corredor Ecológico do Rio Ave através de um conjunto de ações que assegurem a sustentabilidade dos recursos naturais e o incremento da biodiversidade e dos serviços associados a estes ecossistemas de reconhecida valia ecológica e socioeconómica. · Identificar incentivos económicos e dar apoio a candidaturas a programas direcionados para o conjunto de ações e práticas acima identificadas. Numa primeira fase será realizado um diagnóstico e avaliação da situação existente dos diversos recursos: água, solo, habitats, flora e fauna, e serviços de ecossistemas; assim como uma reflexão sobre as práticas agrícolas e avaliação dos respetivos impactes. Embora a riqueza faunística do concelho de Vila do Conde seja já bastante bem conhecida, é necessário proceder a uma inventariação mais detalhada e centrada no vale do rio Ave que responda aos objetivos do projeto, nomeadamente em relação com as práticas agrícolas existentes. Assim, prevê-se aplicar métodos diretos e indiretos de amostragem direcionada para a comunidade faunística com elevada importância ecológica (bioindicadores de qualidade do meio ambiente), engenheiros de ecossistemas e de espécies-chave nos ecossistemas agrícolas (como por exemplo a inventariação de espécies de controlo de pragas e polinizadores), inventariando assim a comunidade de invertebrados, aves, anfíbios e répteis, e mamíferos mais relevantes. A avaliação da qualidade ecológica do rio Ave far-se-á através da caracterização e monitorização dos elementos físico-químicos e hidromorfológicos de suporte, e dos elementos biológicos (fauna piscícola, macroinvertebrados bentónicos, e bivalves de água doce, em paralelo com o DNA ambiental). Numa segunda fase definir-se-á um conjunto de ações e boas práticas, em particular centradas na agroecologia, que serão implementadas pela rede de parceiros do projeto, com vista à minimização do impacto da agricultura nos recursos naturais e no funcionamento da paisagem. Adicionalmente, serão avaliadas as melhorias nos serviços de ecossistema decorrentes da implementação das referidas boas práticas. Numa terceira fase serão efetuadas ações junto de outros agricultores da região do Corredor Ecológico do Ave, mas também em outras zonas do país, de forma a sensibilizar para a adoção destas novas práticas, focando na sua transferência para as diversas explorações agrícolas, e definindo também estratégias de apoio para a sua concretização que contribuam para a qualificação e desenvolvimento dos territórios rurais.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Associação BIOPOLIS / CIBIO – Avaliação da situação atual com o estudo da biodiversidade, análise das práticas agrícolas existentes na zona do Corredor Ecológico do Ave e caracterização da paisagem. UTAD – Análise dos serviços de ecossistema já presentes nas explorações agrícolas e identificação de outros a implementar. CeCAFA - Centro de Competências em Agricultura Familiar e Agroecologia (Representado pela UTAD) – Promoção do conhecimento desenvolvido no projeto e capacitação dos agricultores para as novas práticas agrícolas que promovam a agroecologia e a preservação da biodiversidade e serviços de ecossistemas. Câmara Municipal de Vila do Conde – Identificação de incentivos económicos e apoio de candidaturas a programas direcionados para implementação de novas práticas agrícolas. Promover ações de capacitação e sensibilização dos agentes do território. Divulgação das ações e dos resultados do projeto. DRAP – Norte –Pólo de Inovação do Vairão – Experimentação das novas práticas de agroecologia, previamente à transferência para o terreno em explorações agrícolas da região. Cooperativa Agrícola de Vila do Conde – Promoção de ações de capacitação e sensibilização dos agricultores na zona do Corredor Ecológico do Ave para as boas práticas agroecológicas; Divulgação das ações e dos resultados do projeto. Explorações agrícolas (Sociedade Agrícola da Quinta de Vilarinho; André de Oliveira e Silva) – Implementação no terreno das medidas e práticas agrícolas identificadas no projeto.
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