Hoje estamos perante o desafio de responder às alterações climáticas. Os recursos naturais, mormente a água, são cada vez mais escassos e a agricultura convencional continua a enveredar por sistemas de produção exigentes em água de rega e na perseguição de maiores produtividades sem grande preocupação pela eficiência da utilização dos recursos.

São estes desafios de transição climática e as perspetivas do crescimento demográfico que nos levam a procurar inovação tecnológica, nomeadamente digital que, aplicada a sistemas produtivos mais saudáveis e amigos do ambiente, como a Agricultura Biológica, possam permitir a obtenção de alimentos mais saudáveis, de forma eficiente e responsável. Ou seja, com a utilização criteriosa dos fatores de produção tendo em vista a sua eficiência, no respeito pela fertilidade dos solos, pelo ambiente e pela biodiversidade, respondendo aos desafios da transição climática e do crescimento populacional esperado.

Mas não basta aplicar modelos de produção, como a Agricultura Biológica, onde já é praticado o uso racional da água, o aumento da fertilidade dos solos e a biodiversidade mormente a existente nos solos, o respeito pelos equilíbrios ambientais, ou até a não aplicação de fatores de produção de sínteses química (pesticidas e fertilizantes). É necessário ir mais longe, introduzindo soluções para a Agricultura 4.0, no âmbito da utilização de tecnologias Internet of Things (IoT) e big data, reforçando a digitalização e as tecnologias de precisão por forma a alcançar maior rentabilidade, resiliência e sustentabilidade dos sistemas de produção.

A nossa proposta resume-se à aplicação do projeto de Monitorização Agrícola (AgroGIS). Trata-se de um projeto inovador de cadastro e análise de vários elementos determinantes na produtividade agrícola. Nesse processo, faz uso de recursos e equipamentos tecnológicos como drones de elevada precisão e câmaras fotográficas térmicas que conectados com um software inteligente permitem a recolha e tratamento de vasta e importante informação. O Projeto de Monitorização Agrícola tem como objetivo geral apoiar os proprietários na otimização dos rendimentos das suas culturas, nomeadamente: 

- Otimização da aplicação de fertilizantes e água, através da monitorização do estado nutricional e do conforto hídrico; 

- Redução de custos operacionais; 

- Redução de perdas nas colheitas através da identificação antecipada de pragas; 

- Aumento do volume de produção; 

- Aumento da qualidade dos bens produzidos.

Neste contexto, este novo processo de cadastro possibilita obter um conjunto de dados que permitem aos seus proprietários não só conhecerem detalhadamente os solos em termos de riqueza mineral, salubridade, recursos aquíferos, dureza dos solos, etc, mas também combater antecipadamente pragas e outros malefícios às suas culturas. É assim possível, obter uma melhoria significativa da eficiência e redução do desperdício de recursos nas plantações, contribuindo para uma eficiente gestão dos recursos naturais e redução de custos ambientais.

A nível de parâmetros do solo, pretende-se mapear no Projeto de Monitorização Agrícola o seguinte: 

1. Textura: classificação consoante a dimensão das partículas, com o objetivo de estimar infiltrações de pesticidas e adubos, erosão eólica ou hídrica, maneabilidade do solo, e necessidade de medidas preventivas tais como a rotação de colheitas e faixas de proteção. 

2. Salinidade: concentração de minerais, tais como sódio, cálcio, magnésio, sulfatos, cloretos e carbonatos. O nível de salinidade de um solo auxilia a tomada de decisão quanto às culturas mais adequadas ao mesmo.

3. Impermeabilidade: refere-se à capacidade de circulação e armazenamento de ar e água pelas camadas do solo, que se reflete no fornecimento de ar da superfície, humidade e nutrientes às culturas. 

4. Compactação: monitoriza a degradação da estrutura do subsolo, decorrente de utilização exaustiva de máquinas e uma incorreta gestão do solo.

5. Humidade / disponibilidade de água.   

Este projeto de monitorização vai aplicar-se preferencialmente em Zonas Vulneráveis em campos experimentais/polos de inovação, com as seguintes culturas: pomares, hortas, vinha e pastagens. A divulgação dos resultados deste projeto será realizada também para empresas Espanholas da Agricultura Biológica, associadas da Ecovalia – Asociación Profesional Española de la Producción Ecológica que irá coordenar a colaboração transnacional.

Os parceiros: Maria de Fátima Praça Torres / Eco Serra - Agricultura Biológica e Serviços, Lda / Braga Pestana / Da Cruz e Teles / José Carlos Inácio / Alberto Gomes Rebelo / MAGOMAR / PROMESSA RÚSTICA,UNIPESSOAL,LDA / MarvãoGest, Lda / António Marques da Cruz Unipessoal, apesar de já estarem inscritos como membros da Rede Rural Nacional, à data, ainda não estão presentes na Bolsa de Iniciativas. Agradecemos que possam considerar os parceiros que estão presentes no quadro.