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Colheita e Gestão Autónoma de Pequenos Frutos (ID: 252 )
Coordenador: Viridius Technology, Unipessoal Lda
Iniciativa emblemática: 8. Agricultura 4.0
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-03-31
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
Nas últimas décadas
temos assistido a uma evolução tecnológica que tem vindo a influenciar o
quotidiano de toda a sociedade, o modo de trabalhar e o modo de viver,
consequentemente aumentando a produtividade das pessoas bem como a sua
qualidade de vida. No entanto, o início da cadeia de valor do setor da comida
não tem sido capaz de acompanhar os avanços tecnológicos de forma eficiente,
tendo a sua produtividade pouca evolução nos últimos 20 anos.
Atualmente, a
produção de framboesa e outros pequenos frutos de primeira classe, para o
mercado fresco, tem-se deparado com grandes dificuldades em países
desenvolvidos, devido ao elevado custo de produção e pouca agilidade da
cadeia de valor, levando a desperdícios dos bens comercializados. De forma a
realizar a colheita de framboesa para o mercado fresco, hoje em dia os
produtores deparam-se com uma grande escassez de mão de obra, tipicamente pouco
qualificada, e que na sua maioria é importada de países com mão de obra mais
barata. Apesar deste esforço para manter a exportação da fruta fresca
competitiva internacionalmente, os custos para realizar a colheita representam
mais de 50% dos custos operacionais totais, chegando a atingir 71% dos custos
operacionais, como é descrito num estudo realizado pela University of
California, Davis. Esta realidade é reflexo da pouca disponibilidade que a
atual sociedade portuguesa, e no geral dos países desenvolvidos, tem em trabalhar
na agricultura, em tarefas com alto desgaste físico de pouco valor
acrescentado.
Visto que todo o
processo de colheita e gestão das colheitas é realizado de forma manual, a aquisição
de dados é pouco eficaz, tendo poucos dados disponíveis com pouca viabilidade.
Isto faz com que as informações que se possam inferir destes dados tenha um nível
de confiança reduzido e bastante limitado. Outra limitação que a aquisição de
dados manual tem é a dificuldade de partilha e comunicação em tempo real, o
que prejudica tanto o ópimo funcionamento das produções agrícolas como da
restante cadeia de valor. A falta de rápida, precisa e organizada partilha de
informações entre as produções, distribuição e restante cadeia de valor, até ao
consumidor final, leva a uma cadeia pouco produtiva com altos desperdícios
operacionais, de bens, e energéticos, visto que os frutos frescos têm um tempo
de armazenamento curto antes de se tornarem desperdício, em que têm que estar em
constante refrigeração.
Após um estudo do
mercado extenso de produções de framboesa para o mercado fresco, todos os
produtores alcançados, representando mais de 4000 hectares de produções de
framboesa para o mercado fresco em Portugal, Espanha e México, demonstraram um
grande interesse em mecanismos autónomos para a colheita de framboesa,
referindo que é a única forma de se manterem competitivos a nível mundial. Nesta
análise verificou-se que nos Estados Unidos vários produtores de framboesa fecharam
as suas produções e investimentos devido à falta de mão de obra necessária, que
representam elevados custos, para se manterem competitivos. A procura por
soluções automatizadas no mercado, bem como a vontade de investir nestas
tecnologias, foi demonstrada por produtores de framboesa para o mercado fresco,
que assinaram cartas de intenção de compra de sistemas de colheita autónoma de
framboesa, representando produções superiores a 100 hectares.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Com a evolução da tecnologia nos anos recentes e com a democratização da mesma,
é agora possível implementar sistemas robóticos autónomos e inteligentes de um
modo economicamente viável, como tem vindo a ser demonstrado por empresas como
a AppHarvest (RootAI) líderes desta revolução tecnológica na agricultura. Esta
iniciativa tem como objetivo desenvolver e implementar sistemas autónomos para
a colheita de framboesa para o mercado fresco e aquisição de dados das produções
durante este processo. Deste modo, é possível aliar a necessidade no mercado de
soluções alternativas a métodos tradicionais de colheita, que se têm tornado economicamente
inviáveis, com um aumento de produtividade na agricultura e a agilização da
cadeia de valor, com dados em tempo real das produções, previsão de futuras
colheitas, deteção de doenças em estado embrionário, gestão da colheita e
distribuição, redução de perdas tanto durante a colheita como na distribuição, implementação
de rastreabilidade nos frutos diretamente dos arbustos (impossibilitando fraude),
combater a falta de mão de obra no setor, entre outras mais valias. Sendo
Portugal um dos maiores produtores e exportadores do mundo de framboesa para o
mercado fresco (3º exportador mundial), é de interesse nacional estratégico assegurar o correto
funcionamento desta atividade, aumentando a produtividade da mesma, enquanto possibilita
o país a ser líder na revolução tecnológica na agricultura, recorrendo e
captando mão de obra altamente qualificada, também esta um interesse nacional.
Partindo de um protótipo funcional já existente capaz de colher autonomamente framboesa, sem causar danos quer no fruto ou no arbusto, os objetivos a atingir no final
do projeto são, atingir um sistema piloto comercializável (TRL7-8) capaz de
colher framboesa de modo autónomo, enquanto operado por uma pessoa. O sistema terá capacidade
de detetar mais de 80% dos frutos existentes nas árvores e realizar a colheita
de mais de 50% dos frutos prontos a serem colhidos, recorrendo a Robótica,
Visão Computacional, Sistemas Autónomos, Inteligência Artificial / Machine Learning
(AI/ML); realizar a distinção em pelo menos 3 grupos de maturação da fruta nos
arbusto, para o auxilio de previsões de colheita e decisão do tipo de venda (fruta
com maior maturidade para o mercado interno ou transformação, fruta com menor
maturidade para exportação), aquisição de vários tipos de dados sobre o cultivo (recorrendo
a sensores de humidade, temperatura, luminosidade, imagem, GPS, LiDAR, entre
outros) e tratamento dos dados de modo a se obter informação produtiva para otimizar
o cultivo e cadeia de valor (previsão de produção futura, deteção de doenças,
deteção de falta de produtividade, auxilio na gestão de água por excesso ou
carência, gestão da produção e dos seus recursos para a ajuda à tomada de
decisões), recorrendo a Internet of Things (IoT), Inteligência
Artificial / Machine Learning (AI/ML), Ciência dos Dados, Algoritmos de
Otimização e Heurística.
Posto isto, no final do projeto ter-se-á um sistema inovador que acrescenta
valor a produtores de framboesa, com facilidade de gestão e otimização das
culturas, recursos e vendas, possibilitando a redução de custos e aumentando a
produtividade; aos trabalhadores nos campos agrícolas, tendo um trabalho mais simples
e cómodo, atraindo mais pessoas para este tipo de trabalhos e qualificando as
existentes com novas ferramentas tecnológicas; à cadeia de valor, simplificando
e otimizando a gestão com dados em tempo real, permitindo uma redução dos
custos de operação pela redução de perdas de bens e recursos na distribuição, e
consequentemente reduzindo as emissões intrínsecas ao transporte e refrigeração
dos bens, a partir da agilização de toda a cadeia de valor com dados fidedignos.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
- Coordenação do Projeto: Viridius Technology
- Estudo do impacto dos sistemas autónomos e de monitorização nas
produções de framboesa e otimização dos cultivos para a utilização da nova
tecnologia: COTHN, FNOP, PME's (a designar), Jovem Agricultor (a designar), Pólo de Inovação (a designar)
- Investigação, Desenvolvimento e demonstração de sistemas robóticos
autónomos para a colheita de framboesa (hardware e software de controlo): INESC
TEC, IST, Viridius Technology
- Desenvolvimento de sistemas e sensores de aquisição de dados: INESC
TEC, IST, Viridius Technology, Spin.Works
- Aquisição de dados in situ na produção de framboesa: COTHN, FNOP,
Viridius Technology, PME’s e Jovem Agricultor (a designar)
- Investigação,
Desenvolvimento e demonstração de sistemas e algoritmos de tratamento e
organização de dados, bem como comunicação e apresentação de informação provenientes
da manipulação dos dados, e a sua implementação em plataformas Graphical
User Interface (GUI) e de decisão dos sistemas autónomos: IST, INESC
TEC, Spin.Works, PME's (a designar)
- Integração dos sistemas desenvolvidos num sistema pré-comercializável
para ser utilizado por produtores agrícolas: Viridius Technology, INESC TEC,
IST, Spin.Works, PME's (a designar)
- Ações de capacitação para a utilização dos sistemas por produtores agrícolas:
COTHN, Viridius Technology, PME's (a designar), FNOP, Pólo de Inovação (a designar)
- Ações de Promoção, disseminação e demonstração do projeto: Viridius
Technology, INESC TEC, COTHN, IST, Spin.Works, FNOP, PME’s (a designar), Jovem Agricultor (a designar), Pólo de Inovação (a designar)
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