Bolsa de Iniciativas PRR

 

Valorizar a Horta Familiar de forma a educar para uma dieta mediterrânica, saudável e sustentável (ID: 268 )
Coordenador: MORE - Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação - Associação
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Norte NUTS III: Terras de Trás-os-Montes
 
Identificação do problema ou oportunidade

O estilo de vida, mas sobretudo o êxodo rural que Portugal vive está a mudar os hábitos alimentares dos cidadãos, que aumentaram o consumo de alimentos calóricos, e reduziram o consumo de fruta e legumes de temporada, colocando em causa a Dieta Mediterrânica (DM) e os seus benefícios para a saúde.  Como consequência desta mudança da DM, tem se verificado um aumento no aparecimento e ou agravamento de doenças e patologias como a desnutrição, a obesidade, doenças cardíacas, cancros e outras doenças crónicas não transmissíveis. Assim urge propor outro modelo de consumo, com base na agricultura familiar, aumentando o consumo de produtos frescos e de temporada, e de proximidade. A revitalização da agricultura familiar poderá ajudar a reverter as alterações nos hábitos alimentares dos portugueses, com o fornecimento de alimentos tradicionais e nutritivos contribuindo para dietas equilibradas ao mesmo tempo que assegura uma produção alimentar sustentável. Não esquecendo que a agricultura familiar está alinhada aos principais compromissos da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030 e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas contribuindo para que se possam alcançar vários (praticamente todos) os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de forma inclusiva, colaborativa e coerente. A agricultura familiar assegura a base da DM em Portugal, pois ambas partem das mesmas premissas e compromissos, por isso, para que se obtenha uma dieta saudável com qualidade, tradição, proximidade e sustentabilidade, é fundamental a transmissão de conhecimentos sobre os recursos (plantas, terra, água) e sobre como intervir de forma equilibrada nos ecossistemas onde eles se inserem. Por exemplo, a horta mediterrânica só foi possível com a chegada da tecnologia árabe de rega que permitiu gerir a escassez de água de forma a poder cultivar uma grande variedade de vegetais em período estival, e assim termos a abundância e variedade de produtos na horta de verão. A correta utilização de variedades locais adaptadas às condições do território, mais bem-adaptadas ao clima de cada região permite reduzir a pegada hídrica dos alimentos e as necessidades de utilização de fitofármacos, para além de assegurar a manutenção de um património genético relevante para a segurança alimentar. Tudo isto proporciona produtos diferenciados de elevado sabor e valor nutricional, pelo facto dos produtos serem apanhados na época própria e imediatamente antes de serem comercializados. Acrescem as técnicas de conservação de alimentos, que fazem também parte da cultura da DM e que permitem conservar os produtos da horta que se produzem em grandes quantidades, e onde a mulher agricultora desempenhava um papel preponderante na gestão da horta familiar de forma a garantir os recursos.

Por estes motivos, de forma a assegurar uma Dieta Mediterrânica sustentável no nosso país é fundamental que a agricultura familiar continue a garantir e a promover o uso sustentável do solo, da água e da biodiversidade, aumentando a matéria orgânica no solo, preservando espécies adaptadas aos territórios, e assegurar a passagem de conhecimento entre gerações assim como todos os efeitos benéficos para a saúde “Hortoterapia”.

Neste projeto pretendemos abordar temáticas de forma a estimular o uso de práticas sustentáveis desde a produção ao consumo de alimentos de forma a assegurar e garantir uma alimentação sustentável. Esta dinamização das hortas familiares, permitirá também fixar população em meios rurais, descongestionar os meios urbanos, e contribuir para a criação de novos produtos que podem ser protegidos com selos DOP, IGP ou ETG, e etiquetas Bio-Sustentáveis, garantindo um valor acrescentado à produção proveniente da agricultura familiar. Para além disso, a promoção e divulgação da agricultura familiar pode ter impacto nas economias locais, na redução da pegada dos alimentos seja pela curta distância percorrida entre o local de produção e de consumo, seja pela redução da necessidade de refrigeração e ou material de embalamento e conservação.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

A Dieta mediterrânica (DM) é considerada o padrão alimentar mais saudável e mais sustentável no mundo. Integra uma enorme diversidade de alimentos vegetais sazonais, quantidades moderadas de produtos de base animal e vinho, envolvendo um conjunto de saberes-fazer, conhecimentos, rituais, símbolos e tradições sobre técnicas agro-pecuárias, pesca, conservação, preparação e, especialmente, partilha e consumo de alimentos. Apesar do reconhecimento dos benefícios para a saúde desta dieta, em muitos países da zona mediterrânica, incluindo Portugal têm-se observado diversas alterações nos hábitos alimentares, verificando-se significantes alterações nas tendências de consumo, com grande aumento do consumo de produtos de origem animal e processados. Esta alteração de hábitos pode ser uma consequência do êxodo rural, do modo e estilo de vida atual, podendo levar ao aparecimento e ou agravamento de patologias e doenças crónicas não transmissíveis. Torna-se urgente encontrar modelos que ajudem a reverter esta transição nutricional, aumentando o consumo de legumes e frutas sazonais. Os alimentos da época têm, geralmente, características nutricionais e organoléticas superiores e permitem contribuir para a promoção da economia local e para a melhoria do ambiente. Praticamente todos os vegetais tradicionais frescos e secos e alguns frutos que fazem parte da pirâmide da DM e da roda dos alimentos podem vir da agricultura familiar (AF). Ao contrário do que se possa pensar a agricultura ainda hoje garante o sustento a muitas famílias portuguesas. Este tipo de agricultura desempenha um papel fundamental na autossuficiência e segurança alimentar, pois é promotora de uma alimentação sustentável, permite o desenvolvimento territorial através da inovação social e a consolidação de sistemas alimentares que salvaguardam a biodiversidade, o meio ambiente e a cultura. Tanto o papel desempenhado pelos pequenos agricultores como as grandes fragilidades do sistema agroalimentar atual ficaram bem evidentes na situação de pandemia (COVID-19) que atravessamos. Este acontecimento influenciou os hábitos alimentares dos consumidores tendo a adesão à DM aumentado em vários países durante o período de confinamento provocado pela COVID-19. No entanto, para que a AF possa participar e garantir a sustentabilidade no sistema e cadeia alimentar de forma assídua é necessário não só assegurar que os seus produtos alimentares são seguros e autênticos, como valorizar a dieta tradicional de uma região ou país, e ao mesmo tempo, contemplar estratégias para o combate ao desperdício alimentar. Assim, com o objetivo de promover a DM no nosso país assegurando uma alimentação sustentável, a presente proposta tem como principal estratégia potenciar e diferenciar os produtos da horta familiar tanto no meio rural como urbano. Para isso, neste projeto, serão desenvolvidas atividades em várias regiões do país (NUT II, Norte, Centro e Área Metropolitana de Lisboa) de modo a potenciar a utilização de práticas sustentáveis na AF, em toda a cadeia de valor, ou seja, desde a produção ao consumidor final, garantindo assim uma alimentação sustentável.

Atividades

Ativ.1: Dieta mediterrânica: espécies vegetais da horta e valor nutricional. Líder DRAPN

Ativ. 2: Práticas de gestão da água de modo a favorecer sistemas de economia de água na horta familiar. Líder IPB

Ativ. 3: Sensibilização para uma gestão eficiente dos resíduos orgânicos da horta e domésticos. Otimização do processo de compostagem na horta familiar. Líder MORE

Ativ. 4: Práticas agroecológicas para uma maior sanidade vegetal na horta familiar. Líder ISA

Ativ. 5: Horta familiar: emprego para uma sociedade inclusiva. Líder IPV

Ativ. 6: Promover o consumo de produtos oriundos da horta familiar através da implementação de cadeias curtas de comercialização, com garantia de origem e autenticidade. Líder DRAPC

Ativ. 7: Os produtos da horta familiar. O que os diferencia para melhor? Líder IPB

Ativ. 8: Gestão de projeto, coordenação e monitorização do projeto. Líder MORE

Ativ. 9: Atividades de formação, disseminação e demonstradoras. Líder MORE


 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

A parceria para esta iniciativa é atualmente constituída por quatro entidades empresariais e nove entidades não empresarias, três do sistema de I&D Português, uma do sistema de I&I Português, duas Direções Regionais de Agricultura e Pescas e polos de inovação, um grupo de Ação Local, uma Associação do setor e um centro de competências.

Parceria

(4) Pequenas e médias empresas (PME): Delícias do Juncal, Lda; ECOSEIVA - Agricultura Biológica Lda; Living Seeds Sementes Vivas, SA; Mata Verde Estudos e Projetos, Lda;…

(3) Entidades de I&D: Instituto Politécnico de Bragança (IPB); Instituto Politécnico de Viseu (IPV); e o Instituto Superior de Agronomia (ISA).

(1) Entidade de I&I: Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação – Associação (MORE);

(2) Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAPN, DRAPC) com os polos de inovação (Mirandela, Vairão, Coimbra, Viseu e Oeiras).

(1) Associação do Setor: Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio).

(1) Grupos de Ação Local: Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina (CoraNe).

(1) Centro Nacional de Competências: Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN); 

Responsabilidades de cada parceiro

MORE: Coordenação do projeto e coordenador das atividades 3, 8 e 9 assim como participação em tarefas de várias atividades do projeto. Gestão do projeto, promover e participar na transferência de conhecimento e tecnologia entre as unidades de I&D e as empresas do setor. 

DRAPN: Coordenação e liderança da atividade 1, e participação em várias tarefas de outras atividades. Nos polos de inovação associados à DRAPN, Mirandela e Vairão, serão realizadas várias tarefas das diferentes atividades do projeto.

IPB: Coordenação e liderança das atividades 2 e 7, e participação em várias tarefas de outras atividades.

ISA: Coordenação e liderança da atividade 4, e participação em várias tarefas de outras atividades. Tarefas de várias atividades do projeto serão realizadas no polo de inovação do Campus Oeiras.

IPV: Coordenação e liderança da atividade 5, e participação em várias tarefas de outras atividades.

DRAPC: Coordenação e liderança da atividade 6, e participação em várias tarefas de outras atividades. Nos polos de inovação associados à DRAPC, Viseu e Coimbra, serão realizadas várias tarefas das diferentes atividades do projeto.

CoraNe, COTHN, Agrobio: Identificação de stakeholders e colaboração em várias tarefas das várias atividades do projeto, com destaque para as tarefas das atividades 6. Papel relevante na promoção, divulgação e implementação das ideias do projeto.

Delícias do Juncal: Realização de várias tarefas das diversas atividades do projeto (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7) nas explorações da empresa.

Sementes Vivas: Participação em várias tarefas das diversas atividades do projeto, com destaque para as tarefas das atividades 1 e 4, com o uso das suas sementes autóctones e biológicas para as culturas das hortas assim como sementes de plantas para as infraestruturas ecológicas da atividade 4.

Mata Verde: Participação e execução de trabalhos em tarefas da atividade 2, com destaque para novas tecnologias ligadas à gestão eficiente da água.

ECOSEIVA: Participação em várias tarefas das diferentes atividades do projeto, mas com destaque para as tarefas das atividades 5, 6 e 7.

A atividade de formação, disseminação e demonstradoras e transferência de conhecimento, será coordenada pelo Laboratório Colaborativo MORE, no entanto, todos os membros da parceria terão uma participação ativa nas tarefas desta atividade.


 
Interlocutor: Zulimar Hernández   Email interlocutor: zhernandez@morecolab.pt   Email entidade: geral@morecolab.pt