Bolsa de Iniciativas PRR

 

Potencial da Dieta Mediterrânica no aumento da qualidade de vida: + saúde + sustentabilidade (ID: 269 )
Coordenador: IPP/ESAE - Instituto Politécnico de Portalegre / Escola Superior Agrária de Elvas
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2026-12-31
NUTS II: Alentejo NUTS III: Alentejo Central
 
Identificação do problema ou oportunidade

Atualmente assiste-se a um crescente afastamento dos hábitos alimentares dos portugueses, do modelo alimentar característico da Dieta Mediterrânica (DM), especialmente nos mais jovens, por falta de consciência, sobre o papel da alimentação saudável na promoção da sua saúde e bem-estar. No entanto, mais de metade da população adulta tem excesso de peso, contribuindo, para uma elevada prevalência de doenças (coronárias, obesidade, diabetes...); por outro lado, cerca de 20% dos alimentos produzidos são desperdiçados. Portugal desperdiça cerca de 1 milhão de ton todos os anos, sendo as famílias responsáveis por 31% deste desperdício (Baptista et al., 2012). Este é um problema que se coloca não só ao nível do consumo mas em todas as fases do ciclo de vida dos alimentos (colheita, produção, distribuição). Neste sentido, importa desenvolver e dinamizar a utilização daquilo que é considerado desperdício mas que pode e deve ser aproveitado.

A principal característica da DM é o respeito pela biodiversidade, tradição, produção e consumo de produtos hortofrutícolas frescos/transformados, leguminosas provenientes da agricultura familiar; valorização da cadeia de valor do prado ao prato. Portugal, apesar de ser um país banhado pelo Atlântico, apresenta uma paisagem alimentar de matriz mediterrânica. Ao apresentar solos e climas propícios ao cultivo de hortícolas, leguminosas e azeite, os seus territórios são marcados pela produção destes alimentos centrais na dieta da população. Por outro lado,  Portugal é extremamente rico em espécies endógenas, onde se incluem, as ervas aromáticas, as quais temos a responsabilidade de defender e proteger para a conservação da biodiversidade e para uma utilização sustentável.

Outro aspeto a salientar reside no conhecimento empírico de base popular (saberes) relativo à seleção, preparação, modos de confeção, aproveitamento e reaproveitamento dos produtos alimentares, bem como, à partilha destes conhecimentos através da convivialidade à mesa, que estão na base das culturas locais e que definem estilos de vida específicos, bem como a promoção das relações intergeracionais.

Estudos e ensaios clínicos controlados concluíram que muitos alimentos que constituem a DM são responsáveis pela redução do risco de aparecimento de cancro, AVC’s, melhor controlo de diabetes tipo 2 e um aumento da longevidade, reduzindo a mortalidade global (Román et al., 2019). Dentre estes, destacam-se os que se incluem na formulação das sopas (alimento ancestral de base na alimentação portuguesa) reconhecidas como uma fonte saudável de nutrientes (principalmente proteínas, fibra, hidratos de carbono, vitaminas e minerais), compostos bioactivos e gorduras poliinsaturadas (azeite) que ajudam a manter a saúde e o bem-estar e a controlar o apetite contribuindo para o bom funcionamento intestinal; são baratos, fáceis de conservar e preparar em casa, pelo que são muito úteis nos ritmos de vida modernos recuperando alimentos elaborados com ingredientes naturais, ecológicos, veganos, através de processos de produção menos invasivos e exploração de novos sabores e texturas (Fernández-López et al., 2020). Esta é também a refeição ideal para quem segue uma estratégia de perda de peso, com poucas calorias provocando a sensação de saciedade.

Um prato de sopa contém 100g de hortícolas o que significa que a ingestão de 2 pratos de sopa por dia associado ao consumo de três peças de fruta satisfaz a recomendação da OMS, para o consumo de 400g/dia de hortofrutícolas.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Dentro do vasto trabalho já desenvolvido na valorização da Dieta Mediterrânica (DM), desde a sua inclusão na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco, em 2013, torna-se imperativo defender, proteger, dinamizar e valorizar esta representatividade. Neste sentido, propõe-se a candidatura ao aviso nº 12/C05-i03/2021 Projetos de I&D+I - Alimentação sustentável do PRR.

Deste modo, pretende o Instituto Politécnico de Portalegre/Escola Superior Agrária de Elvas (IPP/ESAE) desenvolver esta iniciativa, a nível nacional, com os seguintes parceiros: Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), Instituto Politécnico do Porto (IPPorto), Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova (FCT-Nova), Universidade de Évora (UE), Agroinovação, Vasco, Nuno & Cláudio Vieira, Lda., Ingredientes d’Arromba, Courela do Zambujeiro, Associação para o Desenvolvimento em Espaço Rural do Norte do Alentejo (ADER-AL), Associação Nacional da Pera Rocha (ANP), Comissão de Coordenação da Direção Regional do Alentejo (CCDRA) e Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL).

Com esta iniciativa pretendemos:

1.    Promover, sensibilizar e identificar a história de um povo através da tradição e dos hábitos culturais que se refletem na saúde publica (alimentação sustentável);

2.    Estimular a produção e a utilização de espécies endógenas da agricultura nacional (vegetais/hortícolas, leguminosas e pera Rocha); com promoção de uma agricultura mais inclusiva, que potencie a atração de mais jovens para os territórios rurais e para a atividade agrícola, e que potencie ainda a participação de mulheres nestas atividades;

3.    Levantamento e identificação (inquéritos) dos produtos vegetais/hortícolas, leguminosas (acima referidos) e pera Rocha;

4.    Avaliação bromatológica de cada produto vegetal identificado;

5.    Eleição dos produtos mais nutritivos a integrar nas sopas;

6.    Confeção de sopas base e de sopas com valor nutricional acrescido;

7.    Análise sensorial das diferentes sopas elaboradas (mediterrânicas) e pera Rocha;

8.    Avaliação e interpretação dos resultados;

9.    Demonstrar os benefícios nutricionais do consumo de pera Rocha, de leguminosas e hortícolas (utilizados na confeção das sopas mediterrânicas), através de um estudo em quatro grupos etários (40-50; 51-60; 61-70 e 71-80), durante um 1 ano, com recolha de sangue e saliva, para determinação do efeito do consumo de sopa e fruta na saúde destes grupos-alvo, ao nível da análise proteómica do sangue e saliva (biomarcadores), envelhecimento celular e consequente manutenção da qualidade de vida.

10.                   Análise estatística e interpretação dos resultados

11.                   Avaliação da viabilidade económica da produção das sopas mediterrânicas

12.                   Divulgação e promoção dos resultados obtidos e ações de sensibilização para o consumo da sopa e da pera Rocha.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Tarefa I: Levantamento, identificação e análise bromatológica dos produtos alimentares mais determinantes na DM

I.1 Levantamento e identificação (inquéritos) de leguminosas, vegetais/hortícolas, ervas aromáticas a realizar por CCDRA, ADER-AL, ADRAL e da responsabilidade da ADRAL, IPP/ESAE e INIAV

I.2 Avaliação bromatológica de cada produto vegetal identificado a realizar por IPP/ESAE, INIAV e da responsabilidade do INIAV

I.3 Seleção dos produtos mais nutritivos e sensorialmente mais apelativos a integrar na sopa a realizar por IPP/ESAE e INIAV e da responsabilidade do IPP/ESAE

I.4 Seleção dos participantes (16Homens + 16 Mulheres) em função de 4 faixas etárias (41-50; 51-60; 61-70; 71-80) a realizar por IPP/ESAE e INIAV e da responsabilidade do IPP/ESAE

Tarefa IIConfeção de sopas, análise sensorial e distribuição de sopas e fruta (pera)

II.1 Confeção de sopas base e de  sopas com valor nutricional acrescido a realizar pelos parceiros Vasco, Nuno & Cláudio Vieira, Lda, Ingrediente d'Arromba, Courela do Zambujeiro, Agroinovação e da responsabilidade de Vasco, Nuno & Cláudio Vieira, Lda

II.2 Análise sensorial das sopas; seleção dos quatro tipos de cada sopa mais pontuados. Análise sensorial da pera Rocha a realizar pelos parceiros INIAV e da responsabilidade do INIAV

II.3 Distribuição das sopas e peras na alimentação dos participantes previamente selecionados, a realizar pelos parceiros Vasco, Nuno & Cláudio Vieira, Lda., ANP, INIAV e IPP/ESAE e da responsabilidade do IPP/ESAE

Tarefa IIIRecolha e processamento de amostras de sangue e saliva

III.1 Recolha de amostras de sangue e saliva dos participantes (com consentimento informado, esclarecido e livre), em 4 momentos: antes da administração das sopas; 6 meses após a administração das sopas; um mês de período wash-out (sem consumo de sopa); ao 8º mês e ao 13 mês (final) após a administração das sopas a realizar pelos parceiros IPP/ESAE e INIAV e da responsabilidade do IPP/ESAE

III.2 Processamento amostras de sangue para obtenção do plasma; Armazenamento plasma e não plasma para usos posteriores no projeto; Análise do proteoma do plasma por metodologias LC-MS (untargeted); Análise quantitativa de alterações potencialmente associadas com a sopa) a realizar pela FCT-NOVA e da responsabilidade da FCT-NOVA

III.3 Avaliação do efeito do consumo de sopas em biomarcadores salivares de inflamação e alterações no proteoma salivar a realizar pela UE e da responsabilidade da UE

III.4 Análise bioinformática do proteoma composto por enriquecimento funcional em vias metabólicas e moleculares para extrapolação de benefícios associados à sopa, a realizar pelo IPPorto e da responsabilidade do IPPorto 

Tarefa IVAvaliação e Interpretação dos resultados analíticos

IVI.1 Análise estatística dos resultados. Avaliação do efeito da intervenção nos biomarcadores avaliados a realizar pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e pelo IPPorto da responsabilidade das duas entidades

IV.2 Análise e interpretação do estudo realizado no plasma sanguíneo Proteómica a realizar pela FCT e da mesma responsabilidade

IV.3 Análise e interpretação do estudo realizado na saliva - Proteómica a realizar pela UE e da mesma responsabilidade

IV.4 Avaliação da viabilidade económica da produção das sopas mediterrânicas da responsabilidade do IPP/ESAE

Tarefa VDivulgação dos resultados a realizar e da responsabilidade de todos os parceiros

Tarefa VICoordenação a realizar e da responsabilidade do IPP/ESAE

 
Interlocutor: Maria da Graça Teles de Sousa Pacheco de Carvalho   Email interlocutor: gpcarvalho@ipportalegre.pt   Email entidade: gii@ipportalegre.pt