Bolsa de Iniciativas PRR

 

PROMODOP – Produção, Promoção e Comercialização de Produtos Cárneos com DOP no Norte de Portugal (ID: 272 )
Coordenador: IPB - Instituto Politécnico de Bragança
Iniciativa emblemática: 10. Excelência da organização da produção
Data de Aprovação: 2022-04-12 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Norte NUTS III: Terras de Trás-os-Montes
 
Identificação do problema ou oportunidade

Dificuldades:

O Norte de Portugal possui uma grande diversidade de raças animais autóctones, muitas delas associadas a DOP ou IGP. A maioria destas entidades detentoras das marcas não têm dimensão para, por si só, conseguirem chegar aos mercados e valorizarem efectivamente as suas DOP. Perde-se assim a mais-valia potencial e os efectivos animais continuam a decrescer, com efeito negativo na biodiversidade e na rendibilidade dos criadores, resultando o abandono dramático do mundo rural e desertificação do interior.

É conhecida a dificuldade resultante do minifúndio, rebanhos de pequena dimensão, pastoreando encostas e baldios, mas quase sempre com os pastores obrigados a acompanhar o pastoreio dos animais todos os dias do ano. É uma vida de algum sacrifício que não é mal recompensado, resultando o abandono.

A distância dos grandes centros de consumo é também problemática. Nestes reside a esperança de conseguir fazer valer a qualidade a um preço compatível com a dignidade do produtor. A produção local excede muito largamente o consumo, pelo que os circuitos de comercialização locais são insuficientes.

No momento o comércio animal é, em geral, de animais vivos. Os comerciantes adquirem os animais, transportam-nos para serem sacrificados em matadouros do litoral, perdendo-se assim a mais valia da 1ª transformação e, pior, a rastreabilidade dos animais de raças autóctones, potenciais DOP. Os elos seguintes consistem na distribuição de carcaças por um grossista, para talhos e restaurantes, que executam a segunda transformação, ficando as mais valias destas operações, mais uma vez, fora da região e dos bolsos dos criadores. Desde a saída da exploração até à mesa do consumidor há, pelo menos, três transacções com as mais valias associadas, consignadas às etapas comerciais. Com frequência alguns hipermercados, cujo contrato social é com os seus clientes, pressionam exageradamente as margens comerciais, que recaem sistematicamente sobre os produtores primários, pulverizados e sem poder negocial. As associações têm-se debruçado sobretudo nos aspectos de controlo, rastreio e apoio à produção, tendo grande dificuldade em entrar na área comercial.

Por outro lado, o consumidor em geral tem pouca informação sobre o significado das DOP e IGP, desconhecendo também as propriedades organolépticas, funcionais e ambientais destas produções.

O produtor nortenho é tradicionalmente avesso aos compromissos associativos. É um facto cultural, que é necessário ultrapassar.

 

Oportunidades:

1 A produção de ruminantes e suínos de raças autóctones, ambientados que estão no seu solar, aproveitam grandes extensões de encostas e baldios que mais nenhuma produção poderá rentabilizar, para além da floresta. O seu apoio contribui em boa medida para a fixação de populações.

2 O ambiente é beneficiado com utilização de ruminantes em regime extensivo.

3 Desde há uma década que a sociedade portuguesa tem dado relevância às artes culinárias, corporizadas na visibilidade de Chefs e restaurantes gourmet, interesse transversal a toda a sociedade. Esta realidade permite ponderar o apelo a estes interesses do consumidor.

4 Por outro lado, desde o início da pandemia que se nota, paralelamente ao decréscimo do turismo internacional, com os seus altos e baixos, uma procura crescente pelo turismo no espaço rural, por parte de cidadãos nacionais e também estrangeiros, que procuram as paisagens do interior, a rica cultura gastronómica e ambiente não degradado. Procura-se ainda assistir às actividades agrícolas mais conhecidas, vindimas, pastoreio, produções várias. As lojas de produtos alimentares, turismos rurais, alojamentos locais e restaurantes têm prosperado com esta realidade. Algumas empresas privadas têm tirado partido desta realidade, organizando actividades diversificadas.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Faremos a ligação entre entidades de I&D, pólos de inovação, centros de competências e um conjunto de cerca de 3000 criadores de gado de raças autóctones, integrados numa cooperativa, agregando bovinos, ovinos, caprinos e suínos, criadores esses receptores do conhecimento, técnicas e tecnologias a transferir ou desenvolver.

Podemos resumir em quatro aspectos as iniciativas previstas:

1 Actividades dirigidas à comercialização (centro de preparação de encomendas e entreposto num centro urbano)

2 Actividades relacionadas com marketing e plano de comunicação.

3 Estratégia do Prado ao Prato.

4 Apelo a uma ligação “emocional” entre os mundos rural e urbano.

A forma de corrigir estas ameaças e aprofundar as oportunidades coincide na valorização, de facto, das DOP/IGP, transmitindo aos criadores o resultado desta valorização. Para isso 13 entidades associaram-se numa cooperativa, a NATURALCOOP, Cooperativa de Carnes de Montanha CRL, que pretende ganhar escala e promover a concentração da oferta, comercializando os produtos dos seus associados, nos segmentos carnes, enchidos e queijos. Não se renega a eventual comercialização de outras DOP/IGP (mel, azeite).

Consideramos ainda que ou se envia a produção para fora da região ou se atraem consumidores até nós, preferencialmente ambas.

O projecto visa:

A)   Logística de venda:

·        Criação de um centro de preparação de encomendas, na região, e de um entreposto, num centro urbano. No primeiro serão preparadas todas as peças e no segundo serão armazenadas para distribuição. Procura-se que a mais valia fique na região.

·        Criação de um site de vendas. Vendas por internet para o consumidor final e para os restaurantes. Procura-se absorver todos os elos da cadeia comercial, fixando as mais valias no grupo.

·        Ir ao encontro da necessidade dos consumidores modernos: Disponibilização de peças cortadas, de receituário estudado e adaptado, incluindo todos os temperos, e com indicações de preparação. Entrega à porta de casa.

B)   Visibilidade dos produtos:

·      Utilizar técnicas de marketing e comunicação e aposta no consumidor dos centros urbanos.

·      Não esquecer o consumo local: atrair consumidores à região

·      Demonstração in loco do mundo rural

·      Disponibilização de actividades lúdicas associadas à actividade rural.

·      Criação de roteiros, disponíveis gratuitamente na página.

·      Embalagens visual e tecnicamente adequadas

·      Dar valor à Dieta Mediterrânica, com esta fonte privilegiada de proteínas

·      Sessões de food street.

·      Investimento, a médio prazo, na EPD, Environmental Product Declaration ou Declaração da Pegada Ecológica do produto. Trata-se de uma avaliação da sustentabilidade do produto, certificada por empresa idónea. Incipiente em Portugal

C)  Associar ao projecto os stakeholders regionais relevantes:

·        Associar o turismo rural à visibilidade dos produtos

·        Preparar roteiros (restaurantes, turismos rurais, alojamentos locais, outros) que valorizem produtos DOP/IGP

·        Agregar empresas privadas, já instaladas na área do turismo rural.

·        Preparar actividades de índole rural com criadores.

D)  Desenvolvimento da interacção das associações e do apoio aos produtores:

·        Produção de um Guia de Boas Práticas (GBP), acção de carácter técnico, social e ambiental - informação de toda a legislação, simplificada, noções de cuidados ambientais, higiene da exploração,  sanidade animal, entre outros.

·        Criação de explorações de demonstração (ED) para transferência e difusão de tecnologia pelos criadores. Melhoria da produtividade das explorações extensivas e da pastorícia, com apoio aos criadores pelas instituições de investigação, apoiadas e mediadas pelas associações representativas

·        Criação de uma rede de informação (RI) entre as associações e NATURALCOOP: troca de informações: animais disponíveis para o mercado, resultados das acções anteriores (GBP, ED, RI, outras)

·        Actualização na área económica dos técnicos das associações, com a realização de dois seminários, um de avaliação e um outro de formação.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

1 Entidade Coordenadora – Instituto Politécnico de Bragança

O IPB será o coordenador da parceria e terá equipas diversas de acordo com as actividades a desenvolver:

·        Comunicação e marketing em articulação com a UC, UP/FCNA, NC e Associações. Incluirão as áreas da imagem, informática e gestão

·        Coordenação do Guia de Boas Práticas e Explorações de Demonstração. Investigadores das áreas de Agricultura, Zootecnia, Florestal e Economia.

2 NC, NATURALCOOP

A NATURALCOOP concentrará a gestão do tempo de trabalho dos colaboradores das associações, na prossecução das diversas actividades. As associações pretendem delegar na NATURALCOOP as actividades comerciais.

Associa as entidades abaixo (3 a 14):

3 ANCRAS - Associação Nacional de Caprinicultores da Raça Serrana

4 CAPRISSERRA Cooperativa de Produtores de Cabrito de Raça Serrana, CRL

5 ANCOTEQ - Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra da Terra Quente

6 OVITEQ - Cooperativa de Produtores de Carne de Ovinos da Terra Quente Crl

7 ACOM Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa

8 CHURRACOOP - Cooperativa de Ovinos Mirandeses CRL

9 AGROMINHOTA- Agrupamento de Produtores de Carne, Leite e Queijo de Raça Minhota CRL

10 ACM - associação de criadores de maronês

11 CAVR - Cooperativa Agrícola de Vila Real

12 ACOB - Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Bragançana

13 ANCABRA - Associação Nacional de Criadores de Cabra Bravia

14 ANCSUB - Associação Nacional de Criadores de Suínos de raça Bísara

15 DRAPN Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte - Polo de Inovação de Mirandela

16 Universidade do Porto - FCNAUP Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação

17 UC Universidade Católica (Porto)

18 EHTL - Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego - integra o Turismo de Portugal e mais as Escolas do Porto e de Ponte de Lima.

19 CCPE - Centro de Competências do Pastoreio Extensivo, pela sua representante Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens.

A entidades 3 a 14 são responsáveis pelos Livros Genealógicos e pela comercialização dos produtos DOP/IGP. Cada uma nomeará um a dois funcionários, a tempo parcial, que darão apoio às diferentes actividades. São fundamentais por conhecerem todos os criadores, individualmente. Farão a ligação ao terreno e a divulgação dos resultados.

A entidade nº 15 detém o Polo de Inovação dos Pequenos Ruminantes. Definiu com o IPB e as Associações as actividades a desenvolver no âmbito das suas atribuições e objectivos do polo, em especial o Guia de Boas Práticas e as Explorações de Demonstração.

A entidade nº 16 colabora na selecção de receitas tradicionais e na proposta de ementas saudáveis, na linha da Dieta Mediterrânica. Será ainda responsável pela comunicação ao cliente da Organização

A entidade nº 17 será responsável pela área da apresentação dos diferentes produtos finais e da embalagem tecnicamente adequada. Deverá trabalhar em articulação com as equipas de marketing e de caracterização das peças, do IPB

A entidade nº 18 representa o Turismo de Portugal e 3 escolas de Hotelaria e Turismo (Porto, Lamego e Ponte de Lima). Fará a apresentação de receituário que será apreciado pela FCNAUP e pela NATURALCOOP, para decisão final

A entidade nº 19 será a Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens, representando o Centro de Competências do Pastoreio Extensivo. Terá como funções a definição, em colaboração com o Polo de Inovação, IPB e Associações, das melhorias a introduzir nas explorações de demonstração.

Este grupo de entidades (IPB, Polo de Inovação da DRAPN, SPPF/CCPE, NC e Associações) procurará desenvolver as potencialidades do pastoreio extensivo nos seus aspectos de maneio reprodutivo, alimentar e organizacional, buscando a rendibilidade e sustentabilidade da exploração. Os resultados serão para replicar pelas explorações vizinhas das ED, dinamizados pelas associações.

As diversas entidades e equipas serão coordenadas pela NATURALCOOP, que representa as diversas entidades (cooperativas e associações) que representam os cerca de 3000 agricultores de base beneficiários das acções de transferência de tecnologia.

 
Interlocutor: Álvaro Luís Pegado Lemos de Mendonça   Email interlocutor: alme@ipb.pt   Email entidade: ipb@ipb.pt