|
PEco_Agri – Pegada Ecológica de Produtos Agrícolas (ID: 274 )
Coordenador: Universidade da Beira Interior
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
Identificação do problema ou oportunidade
Os circuitos curtos de distribuição agrícola são uma resposta ao sistema dominante de produção de alimentos, visando não só a eliminação de intermediários e a obtenção de maiores rendimentos para o produtor, como também a disponibilização de produtos de época ao consumidor e a redução do desperdício alimentar. Nos últimos anos, muitos produtores europeus, incluindo em Portugal, adotaram circuitos curtos como vendas diretas e mercados agrícolas para vender os seus produtos, apesar de nem sempre isso ter influência determinante nos seus rendimentos. Nos circuitos curtos, os produtos frescos como frutos e hortícolas têm um papel preponderante. Segundo dados obtidos pelo Recenseamento Agrícola 2019, a região Centro destaca-se como a principal região produtora de frutos frescos e a segunda região produtora de hortícolas em Portugal. Trata-se sobretudo de pequenas e médias explorações agrícolas que estão muitas vezes dependentes de circuitos longos de distribuição para assegurar a sua sobrevivência. No entanto, a sua sustentabilidade financeira pode ser obtida através da valorização de circuitos curtos, onde diversos produtos de qualidade ligados à Dieta Mediterrânica (DM) são vendidos diretamente ao produtor. A DM representa um modelo alimentar completo e equilibrado com inúmeros benefícios para a saúde, longevidade e qualidade de vida. No entanto, devido à ausência de conhecimento, alguns territórios rurais carecem ainda de mecanismos para a promoção e salvaguarda da DM, como imagem de marca. Pela sua geografia e clima, de norte a sul de Portugal, produz-se ou acede-se aos alimentos que constituem este tipo de alimentação embora cada região tenha as suas especificidades. Assim, é possível preservar os princípios da sazonalidade e tradicionalidade dos alimentos, característicos da DM. Uma das oportunidades neste âmbito está relacionada com o desenho de um sistema de certificação da pegada ecológica e de valor nutricional dos produtos agrícolas. No entanto, verifica-se que quer os produtores quer os consumidores ainda têm pouco conhecimento sobre estes sistemas de certificação, além dos sistemas existentes serem pouco claros. Deste modo, o desenvolvimento de um certificado de pegada ecológica e de valor nutricional claramente reconhecido é necessário, e devem ser tomadas iniciativas para formar os produtores e os consumidores sobre produção e consumo sustentáveis. A tecnologia blockchain pode ser utilizada para implementar este sistema de certificação de pegada ecológica. Blockchain é uma tecnologia, ou tipo de base de dados distribuída, que guarda registos de transações permanentes e seguros. Na agricultura, permite que transações de produtos ocorram com transparência e não requer um intermediário no processo. Desta forma, garante segurança e autenticidade durante todo do processo do produto, assegurando uma maior qualidade de serviço e confiabilidade. De forma a acrescentar valor à produção agrícola e tendo em conta a complexidade da implementação do sistema de certificação de pegada ecológica, este projeto constitui uma oportunidade para atrair recursos humanos qualificados para áreas rurais. Por um lado, a contratação de investigadores pela entidade coordenadora permitirá criar pontes entre o mundo rural e o mundo académico enquanto, por outro lado, a contratação de recursos humanos com educação superior por PME e outras entidades ligadas ao setor permitirá elevar ainda mais a qualidade dos produtos e serviços prestados pelas mesmas.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Este projeto de investigação tem como objetivo valorizar os circuitos curtos de distribuição agrícola, através da implementação de um sistema de certificação de pegada ecológica e valor nutricional que reflita os claros benefícios ambientais e nutricionais dos circuitos curtos para o consumidor, o que poderá ter um impacto no aumento dos rendimentos para os produtores. Estes certificados permitem que os produtores mostrem informações sobre o impacto que a produção de alimentos tem no meio ambiente e também o valor nutricional da Dieta Mediterrânica (DM), apoiando os consumidores a fazer escolhas mais sustentáveis. A DM constitui uma ferramenta de educação alimentar para o público em geral e para a comunidade científica. Neste sentido o projeto pretende intervir na promoção e valorização da DM quer no lado da produção, junto dos produtores locais, identificando oportunidades para a produção e promoção de produtos associados à DM, quer no lado do consumo, junto do público em geral, promovendo e valorizando a DM enquanto sistema alimentar saudável e sustentável. É necessária ainda mais investigação sobre a disponibilidade dos consumidores em pagar por certificados de pegada ecológica juntamente com valores nutricionais numa estratégia farm-to-fork, sendo que a aplicação adicional de tecnologia blockchain pode ajudar a implementar este sistema. Esta tecnologia terá um papel importante na gestão de dados recolhidos nas empresas ligadas à produção e comercialização de produtos agrícolas, que são parceiras neste projeto. Nesse sentido, serão desenvolvidas atividades de capacitação e disseminação dos resultados. Serão promovidas sessões de formação em empreendedorismo e marketing relacionados com as cadeias de valor agrícola sustentáveis, permitindo aos agricultores abordar a segurança alimentar como uma oportunidade de mercado e não apenas como requisitos técnicos. A existência na região de uma instituição de ensino superior, como a UBI, com expertise em empreendedorismo, marketing e tecnologia podem ser essenciais para o sucesso dos projetos. Com formação adequada, os agricultores podem diferenciar os seus produtos e potenciar as relações com os clientes em termos ambientais. A formação ambiental dos agricultores pode não ser suficiente para alcançar níveis de desempenho superiores porque muitos consumidores não conhecem produtos locais nem de época, circuitos curtos de distribuição, certificações ambientais e nutricionais de alimentos. Como muitas empresas não podem suportar os custos com programas educacionais sobre consumo sustentável, as instituições de ensino superior (IES) podem desenvolver esses programas orientados não só para os seus alunos, mas também para a comunidade, promovendo, por exemplo, o consumo de produtos locais nas suas cantinas ou em mercados locais. Educar os consumidores a comprar localmente é essencial para diminuir a pegada ecológica entre a exploração agrícola e a mesa do consumidor. Além disso, iniciativas verdes de IES podem aumentar seus níveis de inovação e reputação, o que pode ter efeitos positivos sobre o número de candidaturas recebidas de potenciais alunos. Serão ainda desenvolvidas sessões de apresentação dos resultados do projeto, orientadas para empresários agrícolas bem como para toda a comunidade. Os resultados também serão divulgados na comunidade científica, através da participação e organização de congressos e seminários, e da elaboração de publicações técnicas e artigos em revistas científicas.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Instituição do ensino superior – UBI A Universidade da Beira Interior (UBI) é uma instituição de ensino superior público da Beira Interior e é a entidade coordenadora do projeto, tendo em conta a sua experiência no desenvolvimento de projetos de empreendedorismo e marketing em vários setores, incluindo o setor agrícola. Como responsável pela coordenação e monitorização do projeto, terá o papel de desenhar o modelo de gestão do projeto, assegurar a monitorização da execução física e financeira do projeto, definir e reportar os indicadores do projeto, e disponibilizar toda a informação pedida pela Autoridade de Gestão. Será responsável pela implementação de ações de formação e sensibilização em empreendedorismo e marketing, orientadas para empresários agrícolas, consumidores e alunos do ensino superior. Também terá o papel de implementar o sistema de certificação de pegada ecológica, baseada na tecnologia blockchain, com base nos dados recolhidos junto dos parceiros do projeto. Terá ainda a seu cargo a investigação ligada à sustentabilidade dos circuitos curtos de distribuição agrícola. PME As PME parceiras do projeto (Biofrade, Cerfundão, Gardunha Agro, Quinta de Vale Prazeres) estão ligadas aos setores frutícola e hortícola da região Centro, já que os circuitos curtos de distribuição incluem sobretudo a produção e o comércio de produtos frescos como frutos e produtos hortícolas. Estas PME têm já uma larga experiência de diversos anos no ramo e em implementação de sistemas de certificação ambiental como produção biológica e produção integrada, reunindo as condições necessárias para testar a eficácia do sistema de certificação através da tecnologia blockchain. Serão responsáveis por fornecer os dados necessários para a certificação da pegada ecológica e valor nutricional, apoiar a implementação deste sistema em circuitos comerciais, e ainda participar em sessões de disseminação dos resultados do projeto de forma a alargar a experiência a outros produtores. Associação do setor – APPIZÊZEREA APPIZÊZERE é a associação de produtores agrícolas parceira do projeto, sendo uma associação com larga experiência no apoio técnico a produtores da região Centro. Será responsável pela recolha e análise dos dados necessários para o sistema de certificação dos produtos agrícolas. Terá ainda o papel de mobilizar os produtores a participarem em ações de formação e divulgação do projeto, bem como a aderirem ao sistema de certificação. Grupo de Ação Local - RUDE – Associação de Desenvolvimento Rural O Grupo de Ação Local RUDE será responsável pela promoção e divulgação do projeto, de forma a informar os produtores, consumidores e o público em geral sobre as atividades do projeto. Terá também o papel de promover ações de sensibilização dos produtores e consumidores para a importância da Dieta Mediterrânica. Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro – Gestora do Pólo de Inovação Agrícola de Lamaçais A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, como gestora do Pólo de Inovação Agrícola da Quinta dos Lamaçais, será responsável pelo apoio técnico à elaboração do sistema de certificação de pegada ecológica e valor nutricional de produtos agrícolas. Terá ainda o papel de apoiar a divulgação de produtos locais junto dos consumidores, incluindo variedades regionais, de forma a preservar o património genético da agricultura da região.
|
|
|