|
Literacia Alimentar: da produção ao consumo, para + sustentabilidade (ID: 279 )
Coordenador: APNUT - Associação Portuguesa de Nutrição
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Área Metropolitana do Porto
Identificação do problema ou oportunidade
A literacia alimentar consiste na capacidade do indivíduo obter, processar e entender informação relevante sobre alimentação para utilizar os seus conhecimentos na tomada de decisão sobre o consumo alimentar, em diferentes contextos. Em Portugal não existem dados sobre os níveis de Literacia Alimentar da população e que considerem os domínios da sua base conceptual - Planeamento e Gestão, Seleção, Preparação e Consumo de alimentos-, assim como, as competências relacionadas, entre as quais, a capacidade de aceder, compreender, avaliar e utilizar/aplicar os conhecimentos relacionados com a alimentação. Além disso, os modelos conceptuais mais recentes de literacia alimentar incluem, também, uma componente significativa associada à avaliação das perceções sobre sustentabilidade alimentar. A Associação Portuguesa de Nutrição encontra-se atualmente a desenvolver e a validar uma escala de avaliação da literacia alimentar de adultos portugueses, que tem por base as recomendações e princípios da Dieta Mediterrânica. Sem o conhecimento da literacia alimentar, o impacto das ações de sensibilização para a promoção de uma alimentação sustentável está condicionado, uma vez que as ações são desenhadas sem saber em que domínio da literacia é mais importante atuar. Esta limitação é ainda mais sensível quando se transpõe este desconhecimento para toda a cadeia de valor: a forma como os produtores, transformadores e retalhistas percepcionam as preferências e prioridades dos consumidores, condiciona a sua atuação. Se os pressupostos que guiam esta avaliação estiverem incompletos ou enviesados, toda a estratégia pode ser ineficaz. Com este projeto propõe-se uma abordagem inovadora à temática da Alimentação Sustentável, que assenta em premissas de consolidação e partilha de conhecimento, envolvimento de toda a cadeia de valor e disponibilização de ferramentas digitais que garantam a escalabilidade do projeto e a sua manutenção e reprodutibilidade a médio e longo prazo. Este projeto tem como destinatários prioritários os produtores, os operadores da restauração e os consumidores, e assenta nos eixos principais: . Realização de projeto de investigação sobre a literacia alimentar dos portugueses adultos; . Desenvolvimento de plataforma de compilação de produtores nacionais, boas práticas e informação útil, para produtores, setor da restauração e consumidor; . Plano de formação para produtores do setor primário e setor da restauração, à luz da vertente da sustentabilidade alimentar; . Plano de sensibilização com ações de grande impacto, como o desenvolvimento de conteúdos televisivos dirigidos a públicos heterogéneos e destinados a promover boas práticas de utilização e consumo dos produtos alimentares.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O consórcio propõe-se a desenvolver um projeto, de âmbito nacional, que inova na abordagem feita a toda a cadeia de valor para criar círculos virtuosos de geração e partilha de conhecimento. Para este efeito, são objetivos do consórcio: . Fazer um estudo, com representatividade nacional, dos níveis de literacia alimentar da população, que utilize como ferramenta de medição uma escala validada para a população adulta portuguesa, nomeadamente, no que respeita às recomendações e princípios preconizados pela Dieta Mediterrânica. . Definir uma estratégia de abordagem que passa pela identificação dos aspetos críticos e oportunidades de melhoria nos vários pontos da cadeia de valor (desde o produtor até ao consumidor). . Criar mecanismos e ferramentas de partilha eficaz do conhecimento, integrando as várias fontes de informação existentes. . Intervir ao nível da procura, através de um maior esclarecimento do consumidor, fomentando competências relacionadas com a capacidade de aceder, compreender, avaliar e utilizar/ aplicar a informação relativamente à sustentabilidade alimentar, concretamente, com base na Dieta Mediterrânica. Com esta intervenção, as decisões de planeamento e gestão, seleção, preparação e consumo dos alimentos poderão ser mais informadas e conscientes. Os consumidores estarão mais esclarecidos sobre os benefícios de uma alimentação nutricionalmente equilibrada, com base em produtos nacionais e da época, que fomentem a biodiversidade, que sejam seguros e que sejam produzidos de forma sustentável, tendo presente a sustentabilidade ambiental, económica e social das escolhas efetuadas. . No lado da oferta, capacitar os produtores desafiando-os a tornarem-se agentes ativos da transformação do setor agrícola, levando-os a adotar práticas produtivas mais sustentáveis, e de gestão e comunicação mais adequadas aos desafios atuais, e que vão ao encontro das expetativas de um consumidor cada vez mais atento e exigente. . Contribuir ativamente para o combate ao desperdício alimentar, nos vários pontos da cadeia de valor: ao nível do consumidor, através da valorização do alimento e da sensibilização para a sua utilização mais consciente; no transformador/ retalhista (concretamente no setor da restauração) promovendo uma incorporação de matéria-prima mais eficiente e que conduza a menos quebras; no produtor, através de formação orientada para um planeamento mais ajustado às tendências e flutuações da procura, bem como à apresentação de alternativas de escoamento da produção, e de modelos de economia circular e aproveitamento de sub-produtos. O projeto está totalmente alinhado com os objetivos da Iniciativa emblemática 1 – Alimentação Sustentável do PRR, já que: Parte de uma investigação sobre o nível de literacia alimentar da população portuguesa, essencial para a identificação das oportunidades de melhoria e dos obstáculos a ultrapassar. Prevê o desenvolvimento de uma plataforma digital, integradora e inclusiva, que tirará partido da informação e conhecimento existentes e que disponibilizará conteúdos relevantes e ajustados às necessidades de cada perfil de agente (produtor, transformador, retalhista, consumidor). Esta plataforma será um meio crítico para a valorização dos produtos alimentares de qualidade e para a promoção das cadeias curtas de abastecimento. Inverte a lógica tradicional da “oferta para a procura”: a investigação do perfil do consumidor servirá, não só para atuar sobre este na vertente de sensibilização, mas também para ajustar a ação do produtor, com vista a uma maior eficácia e assertividade. A sustentabilidade dos sistemas de produção e distribuição será trabalhada de maneira transversal ao preconizar - e disponibilizar as ferramentas necessárias a - uma informação mais clara e transparente. Serão, assim, valorizadas as práticas mais sustentáveis, o que incentivará mais produtores a adotá-las e mais consumidores a dar-lhes preferência. Destaca o papel crítico dos produtores enquanto agentes da mudança para um modelo alimentar mais saudável e sustentável. Assume a Dieta Mediterrânica como modelo de referência de uma alimentação saudável, demonstrando as suas enormes potencialidades e facilidade de adaptação às várias tradições culinárias e diferentes regimes alimentares. Induz todo o ecossistema, que lida com o alimento a jusante – hotéis, restaurantes, chefs de cozinha -, a perceber a importância da produção sustentável e da alimentação saudável na valorização do produto e na melhoria do serviço prestado ao cliente. Aposta na construção do conhecimento e sua disseminação, enquanto ferramentas formativas e educativas essenciais à adoção de práticas alimentares saudáveis e sustentáveis, e ao combate ao desperdício alimentar.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Na génese do consórcio do projeto estão as seguintes entidades: . Associação Portuguesa de Nutrição (APN) – entidade coordenadora . Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) . Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade (AGAVI) . Grupo de Ação Local IN LOCO (GAL IN LOCO) . Pólo de Inovação de Braga - Banco Português de Germoplasma Vegetal . André Lemos . Sociedade Agrícola Quinta de Vilar O objetivo que presidiu à constituição deste consórcio foi agregar um conjunto de entidades capazes de contribuir com as suas competências específicas em fases distintas da cadeia de valor, a fim de garantir a valorização eficaz dos resultados, centrada na produção agrícola tipicamente mediterrânica, fomentando o acesso a alimentos seguros, de proximidade, diversificados, da época e de qualidade. A APN, enquanto líder do consórcio, apresenta uma vasta experiência de estudo e execução de projetos ligados à sustentabilidade alimentar, tendo atualmente em curso um Programa de Informação e Sensibilização sobre sustentabilidade alimentar, implementado de forma ininterrupta desde 2017. “Sustentabilizar o futuro através da alimentação” é um dos projetos de maior dimensão deste Programa. Neste mesmo programa faz-se uma alusão significativa à Dieta Mediterrânica, tendo sido a APN apoiante da candidatura portuguesa a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Por outro lado a APN é uma entidade formadora, certificada pela Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), desde 2018, pelo que integra todas as condições para implementar cursos de formação com procedimentos adequados às exigências do sistema de certificação das entidades formadoras da DGERT. O ISPUP será responsável pelo estudo de investigação à literacia alimentar da população portuguesa. Enquanto entidade dedicada à investigação em Saúde é referência nacional e internacional no desenvolvimento de estudos populacionais, onde se indica, a título de exemplo, a coordenação e execução do último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física efetuado à população portuguesa. A AGAVI, em articulação com empresas produtoras e transformadoras, fará a recolha e sistematização das práticas de comunicação (concretamente conteúdos de marketing e rotulagem dos produtos) do sector e colaborará na implementação dos planos de formação para o setor da restauração. Com base no conhecimento produzido nas fases anteriores do projeto, a APN desenvolverá, em conjunto com a IN LOCO, o modelo de abordagem aos vários stakeholders, procurando valorizar a Dieta Mediterrânica em todas as etapas a desenhar. Estas tarefas contam com o conhecimento e experiência que ambas as instituições têm, em termos de estudo e intervenção dedicadas à Dieta Mediterrânica. O Pólo de Inovação de Braga - Banco Português de Germoplasma Vegetal tem como missão colher, conservar, caracterizar, documentar e valorizar os recursos genéticos, de modo a assegurar a diversidade biológica e a produção agrícola sustentável, pelo que assumirá um papel essencial neste consórcio, no desenho dos planos de formação previstos e na partilha de boas práticas a adotar, nomeadamente pelos produtores. As PMEs a envolver neste consórcio são produtoras de alimentos dos grupos mais representativos do padrão alimentar Mediterrânico, e que tenham uma valorização em termos de boas práticas de produção (neste resumo são apresentadas apenas algumas das PMEs a envolver na candidatura final). A implementação divide-se em três fases sendo a primeira assegurada pela APN e pelo ISPUP, correspondendo à execução do levantamento dos níveis de literacia alimentar da população adulta portuguesa. Os resultados deste estudo serão a base da construção de diversos conteúdos e tarefas das duas partes seguintes. Na segunda fase intervirão a APN, a AGAVI, o GAL IN LOCO, o Pólo de Inovação de Braga - Banco Português de Germoplasma Vegetal e as PMEs. Esta fase estará centrada em ações de formação e de sensibilização. Os cursos de formação destinam-se aos produtores e aos operadores da restauração e os conteúdos específicos serão desenvolvidos incorporando os resultados da investigação feita anteriormente. Os cursos abordarão temáticas adequadas ao público-alvo, incluindo vertentes de comunicação, marketing, gestão, biodiversidade, alimentação saudável, Dieta Mediterrânica, sustentabilidade alimentar, combate ao desperdício alimentar, promoção da economia circular, valorização de sub-produtos, entre outras, e incluirá uma componente de partilha de boas práticas e apresentação de casos de sucesso, nomeadamente ao nível da promoção da sustentabilidade alimentar, desde a produção ao consumo. Nesta fase destaca-se o papel das PMEs envolvidas, que participarão ativamente no desenho e monitorização das ações de sensibilização e formação. Esta participação terá um carácter complementar, com o objetivo de demonstrar que existem várias abordagens possíveis ao tema da sustentabilidade e da valorização da produção. Com uma abordagem semelhante, serão desenhados os planos de formação para os operadores da restauração, considerando exemplos de restaurantes ou outros operadores do setor que traduzam boas práticas de sustentabilidade. Paralelamente, será implementada a terceira fase de implementação, que ficará a cargo da APN e da AGAVI, que desenvolverão a plataforma integradora para utilização dos consumidores finais. Além disso, implementarão uma campanha concertada de sensibilização dos vários públicos-alvo do projeto. Nesta campanha, coordenada pela APN, intervirão os vários elementos do consórcio. O objetivo é potenciar a disseminação do conhecimento produzido e alavancar a utilização dos suportes de comunicação resultantes do projeto. A campanha será desenvolvida em vários níveis de abrangência: desde as sessões locais que juntarão produtores e consumidores, até aos conteúdos distribuídos em canais de televisão de alcance nacional. A APN, como entidade coordenadora, fará a avaliação de impacto do projeto da qual resultarão, além da análise de eficácia, recomendações de melhoria. Além das tarefas de investigação e implementação, assumirá a coordenação geral do projeto e garantirá a articulação das várias fases e subprojetos, bem como dos parceiros do consórcio.
|
|
|