Bolsa de Iniciativas PRR

 

RedFruit4Health - Dieta mediterrânica: promover a valorização e consumo de frutos vermelhos como promotores da saúde (ID: 282 )
Coordenador: Instituto Politécnico da Guarda
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
 
Identificação do problema ou oportunidade

Um dos maiores desafios da atualidade é a desnutrição em todas as suas formas (desnutrição, deficiência de micronutrientes, excesso de peso e obesidade). Os últimos números revelam que 821 milhões de pessoas passam fome, 2 bilhões têm deficiências de micronutrientes; e mais de 2 bilhões têm excesso de peso ou são obesas. Embora as causas subjacentes à desnutrição sejam complexas e multifacetadas, as dietas continuam a ser uma das principais causas.

O problema identificado e ao qual o presente projeto pretende dar resposta é a existência, na região abrangida pela NUT III das Beiras e Serra da Estrela (território de baixa densidade sobre o qual incidirá o presente projeto) de um setor frutícola com expressão económica considerável, com ênfase para os frutos vermelhos, frutos com efeitos benéficos na saúde e que devem ser objeto de estudo ao nível da sua autenticidade, das suas propriedades promotores da saúde, fomentando o seu consumo através de uma maior integração nas dietas territoriais, e em particular, na Dieta Mediterrânica (DM), nos menus escolares e bebidas funcionais, num contexto de economia circular.

Algumas dietas territoriais têm-se mostrado potencialmente capazes de reverter essas tendências de desnutrição de uma forma positiva, contribuindo para que se atinja um equilíbrio entre a saúde, a nutrição e as diferentes dimensões da sustentabilidade (ambiental, económica e cultural). A DM tem sido associada a uma redução global significativa da mortalidade por doenças cardiovasculares e cancro. Estudos recentes confirmaram que a DM tem efeitos benéficos ao nível do risco de síndrome metabólico, obesidade, diabetes tipo 2, cancro e doenças neurodegenerativas.

Apesar da sua crescente popularidade a nível mundial, a adesão à DM tem vindo a diminuir na região Mediterrânica, devido aos efeitos da globalização, alteração dos hábitos alimentares e das estruturas familiares e, consequente rutura da forma tradicional de transmissão dos conhecimentos culinários, entre outros. Assim sendo, temos de ter em consideração que as dietas sustentáveis e saudáveis precisam de ser definidas para zonas/locais específicos, tendo em consideração a sua cultura e o seu contexto económico. A abordagem territorial para as dietas oferece o potencial para responder aos efeitos da desnutrição e aos desafios do meio ambiente, garantindo uma maior aceitação pela população-alvo. Tem ainda o valor agregado de tornar as dietas locais como uma alavanca para o desenvolvimento económico, contribuindo para a economia local, criação de empregos e inclusão de todos os segmentos da população, preservando a biodiversidade, revitalizando práticas tradicionais de produção e contribuindo para a paz social.

O desafio de envolver os centros de conhecimento com as empresas agroalimentares para trabalharem em conjunto, em aspetos relacionados à palatabilidade e potencial gastronómico das dietas precisa de ser tido em consideração, ao abordar a questão da saúde e dietas saudáveis. O desafio para produzir os dados necessários torna-se mais pronunciado em regiões e comunidades onde existem grandes desigualdades e baixas capacidades económicas, como é a região da Beira Interior. A introdução da inovação agroalimentar nesta conjunção permitirá uma valorização territorial que poderá ter impacto positivo no desenvolvimento da agricultura, pela introdução da inovação, no turismo, pela atração gastronómica associada, na sociedade, pela atratividade da qualidade de vida menos urbana.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O objetivo geral do RedFruit4Health é fortalecer a competitividade das PMEs através da transferência de inovação para a valorização dos frutos vermelhos (cereja e mirtilo) e recuperação de produtos típicos e tradicionais, da região da Beira Interior no âmbito das dietas mediterrânicas. A seleção destes produtos tem por base a expressão económica que representa o setor frutícola para a região.

Assim sendo, com este projeto pretendemos atingir os seguintes impactos:

A.  - Promover o consumo de frutos vermelhos da região da Beira Interior, através do desenvolvimento de menus saudáveis, tendo por base a DM e a promoção da saúde.

B.   - Introduzir a inovação no processamento dos produtos de modo a promover a saúde, garantir a preservação da biodiversidade e ambiente, melhorando a competitividade das empresas agroalimentares e do setor da restauração e turismo.

C.   - Valorizar o território pela via das dietas territoriais, e pela utilização dos seus recursos endógenos ligados ao setor agroalimentar, potenciando o turismo e a atratividade territorial nas suas diferentes vertentes.

D.    -  Promoção dos frutos vermelhos como promotores da saúde.

O RedFruit4Health engloba as seguintes atividades:

A1. Avaliar a autenticidade dos frutos vermelhos da região da Beira Interior.

1.1. Avaliação do perfil em compostos fenólicos, voláteis e ácidos orgânicos.

1.2. Avaliação do potencial biológico (antioxidante, antidiabético, citotoxicidade).

A2. Desenvolver uma bebida funcional.

2.1. Desenvolver uma bebida funcionar à base de frutos vermelhos da região da Beira Interior (cereja e mirtilo).

2.2. Avaliar a composição bioativa da bebida funcional.

2.3. Avaliar o potencial biológico da bebida funcional.

A3. Criar menus saudáveis e sustentáveis

3.1. Efetuar um levantamento dos principais produtos agroalimentares da região.

            3.2. Desenvolver vários menus saudáveis com produtos endógenos da região, tendo como    ingrediente principal os frutos vermelhos, e tendo em consideração os pressupostos da             DM.

            3.3. Integração dos menus saudáveis no setor da restauração, cantinas escolares e de             entidades públicas.

A4. Estudo clínico de fase 1.

            4.1. Seleção dos voluntários para o ensaio clínico

            4.2. Controlo e administração da dieta aos voluntários.

            4.3. Avaliação farmacocinética e farmacodinâmica, tendo em vista os efeitos promotores             da saúde

A5. Levantamento epidemiológico da população estudantil da Região da Beira Interior

            5.1. Efetuar um inquérito nutricional à população estudantil da Beira Interior (1º ciclo, 2º         ciclo, ensino secundário e ensino superior), relativamente à diabetes, à obesidade e             hábitos alimentares.

            5.2. Avaliação dos índices de massa corporal, obesidade e diabetes da população             estudantil da Beira Interior

A6. Comunicação e valorização dos produtos alimentares tradicionais nas dietas mediterrânicas

            6.1. Melhorar as ligações entre as PME que produzem produtos alimentares tradicionais       e o turismo, numa perspetiva Farm to fork.

            6.2. Desenvolvimento de estratégias de comunicação e valorização dos frutos vermelhos         e produtos alimentares tradicionais

 

Os resultados esperados:

- Aumento da produção e das vendas (>=15%) no mercado dos frutos vermelhos e dos produtos agroalimentares tradicionais.

 

Os grupos-alvo são as PMEs localizadas na CIM das Beiras e Serra da Estrela que operam no setor da fruticultura, e agroalimentar dos produtos tradicionais, restauração e turismo.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

O projeto RedFruit4Health envolve 5 entidades: o Instituto Politécnico da Guarda (IPG); as empresas Cerfundão; e Restaurante Casa da Esquila; a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP); Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela (ADRUSE).

O IPG, AHRESP e a ADRUSE são organizações que desenvolvem atividades de investigação, consultadoria e apoio técnico na área agroalimentar e centradas na valorização de recursos naturais. Além disso, esta parceria está assente na colaboração anterior consolidada em diferentes projetos de investigação e inovação na área, e considerando a gestão e implementação do projeto (IPG) com o contributo de cada parceiro numa base de colaboração efetiva e produtiva.

A intervenção da parceria no desenvolvimento das atividades está distribuída de acordo com as suas competências e experiência de atuação, ainda que todos possam ter intervenção positiva no desenvolvimento das diferentes ações.

Assim, a atividade 1 será liderada pelo IPG, sendo a única entidade participante, uma vez que possui um grupo de investigadores com provas dadas na área dos compostos bioativos e na avaliação de bioatividades.

A atividade 2 será liderada pela CERFUNDÃO pela experiência que possui no setor das bebidas. O IPG será responsável pela ação 2.2. e 2.3. pela experiência que possui ao nível da avaliação dos produtos naturais e sua valorização na promoção da saúde. A empresa Cerfundão participará nas tarefas 1 e 2 através do fornecimento dos frutos utilizados no projeto, controlando todo o processo deste a sua produção até ao consumidor (num contexto farm to fork).

A atividade 3 será coordenada pelo Restaurante Casa da Esquila e AHRESP, considerando a sua experiência na área da restauração e na promoção de alguns pratos típicos da região, associados a uma dieta territorial saudável e sustentável. O IPG colaborará nesta tarefa com a sua equipa da Escola Superior de Hotelaria e Turismo e será responsável pela ação 3.1 e 3.3.

A atividade 4 será coordenada pelo IPG, sendo também responsável pela ação 4.1. e 4.3. e irá recorrer à prestação de serviços de análises clínicas (sangue e urina) do Hospital da Guarda. A ação 4.2. será da responsabilidade da Casa da Esquila.

A tarefa 5 será da inteira responsabilidade do IPG. Os dados obtidos irão permitir definir algumas estratégias tendo em vista a alimentação saudável da classe estudantil, e promover o consumo de fruta nas escolas e utilização de menus sustentados na DM.

A tarefa 6 será da responsabilidade da ADRUSE pela sua experiência na área da comunicação e valorização dos produtos regionais e da Região da Beira Interior. Nesta tarefa serão envolvidas as PMEs e o IPG, com o intuito de facilitar a ligação entre as empresas, associações locais de desenvolvimento e Instituição de ensino superior e de investigação com preponderância regional, em conjunto, irão trabalhar no sentido de desenvolver uma estratégia de comunicação de valorização do território.
 
Interlocutor: Luís Rodrigues da Silva   Email interlocutor: luissilva@ipg.pt   Email entidade: ipg@ipg.pt