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InovMediterraneum | Alimentos inovadores, seguros, saudáveis e sustentáveis para a valorização da Dieta Mediterrânica (ID: 287 )
Coordenador: Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, CRL
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Leiria
Identificação do problema ou oportunidade
Os alimentos que consumimos e a forma como são produzidos determinarão o futuro da humanidade, bem como do nosso Planeta. A pressão que os sistemas alimentares exercem sobre o meio ambiente tem aumentado nas últimas décadas, acompanhando o crescimento da população humana, as mudanças nos padrões de consumo alimentar e a intensificação dos sistemas de produção. Até 2050, espera-se um crescimento de mais de 30% da população global atual, o que será acompanhado de um aumento da procura de alimentos. Sem mudanças nos sistemas alimentares, uma sobrepressão sobre a agricultura e a produção de alimentos será inevitável, com consequências indeclináveis para o meio ambiente e para a saúde humana. Em particular, a produção de proteínas derivadas de animais, como carne e leite, está entre os fatores que apresentam maior impacto neste contexto. Assim, as dietas sustentáveis são consideradas uma alternativa válida e adequada, caracterizando-se por um menor impacto no meio ambiente, contribuindo para um acesso adequado a alimentos e a promoção da saúde das gerações, presentes e futuras. A dieta mediterrânica, reconhecida pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, é um dos padrões alimentares mais estudados e conhecidos em todo o mundo. Tradicionalmente, a dieta mediterrânica está ligada a áreas de olival da região do Mediterrâneo e tem sido associada a baixas taxas de doenças crónicas e elevada esperança de vida adulta. A dieta mediterrânica caracteriza-se por uma elevada ingestão de alimentos vegetais (por exemplo, pães e outros cereais, frutos oleaginosos e sementes); alimentos minimamente processados, frescos, sazonais e cultivados localmente; frutas frescas; elevado consumo de azeite utilizado como principal fonte de gordura; uma ingestão moderada a baixa de produtos lácteos, peixes e aves; carne vermelha consumida em pequenas quantidades; e vinho consumido com moderação, às refeições. Além disso, a dieta mediterrânica apresenta impactos ambientais relativamente baixos, e tem sido proposta como uma dieta de referência não apenas pelos benefícios para a saúde, mas também pelo menor impacto ambiental e na biodiversidade, elevado valor sociocultural e retorno económico local. Os consumidores estão cada vez mais interessados em fontes proteicas sustentáveis, que possam atender às suas necessidades nutricionais e sensoriais. Os insetos comestíveis são uma alternativa às fontes tradicionais de proteína animal, mas a sua industrialização é relativamente recente. Os insetos comestíveis apresentam elevadas taxas de conversão alimentar; menor impacto na desflorestação e fertilidade do solo, menor consumo de água, menores emissões de gases com efeito de estufa e amónio; ciclos de vida curtos e taxas de reprodução mais elevadas do que outras fontes de proteína de origem animal. Outras fontes alternativas de proteína, por exemplo, as microalgas, também apresentam características interessantes quando consideradas para a substituição de proteínas de origem animal. As microalgas são organismos unicelulares que podem ser cultivadas em diferentes condições ambientais. Estes alimentos são também reconhecidos pelas suas interessantes características nutricionais, como sendo os seus teores em proteína e também ácidos gordos, vitaminas, minerais e outros fitoquímicos de alto valor, não comprometendo as questões de sustentabilidade, apresentando uma reduzida pegada de carbono. Num mundo pós-pandémico, em que ficou claro o papel da autonomia nutricional dos países, e em que a presente guerra na Ucrânia veio expor ainda mais a fragilidade da cadeia de valor agroalimentar nacional, torna-se altamente necessário que sejam criadas estratégias de suplementação das fontes nutricionais tracionais, fazendo a transição através de escolhas informadas e ganhos de eficiência, fornecendo alimentos saudáveis e sustentáveis suficientes, na medida do possível, apoiados pelos princípios da dieta mediterrânica, criando cadeias curtas de produção e reduzindo a dependência dos mercados internacionais.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Com o objetivo de promover o consumo de alimentos sustentáveis, o projeto InovMediterraneum é uma iniciativa que visa estimular o desenvolvimento económico, ambiental e social das diferentes regiões portuguesas, promovendo a Dieta Mediterrânica através da reformulação de alimentos tradicionalmente considerados na dieta mediterrânica, mas utilizando fontes inovadoras de proteína como ingredientes, nomeadamente insetos e algas comestíveis. O InovMediterraneum será desenvolvido e implementado através de quatro eixos de ação principais: a) Promover hábitos de consumo alimentar saudáveis e sustentáveis por parte da população portuguesa, inspirados nos princípios da dieta mediterrânea; b) Reformular alimentos característicos da dieta mediterrânica, integrando ingredientes inovadores, ou seja, insetos e algas comestíveis, contribuindo para aumentar a sustentabilidade dos sistemas alimentares em Portugal; c) Desenvolver estratégias digitais através da criação de uma app, que facilite a educação e capacitação dos consumidores portugueses, aumentando o seu conhecimento relativamente à dieta mediterrânica, a importância da transição para sistemas alimentares sustentáveis, reduzindo o desperdício alimentar e promovendo os alimentos desenvolvidos no âmbito do InovMediterraneum; d) Apoiar todas as decisões e ações no âmbito do InovMediterraneum com base em evidência científica robusta, nomeadamente através da implementação de avaliação do risco-benefício e avaliação do ciclo de vida dos alimentos considerados, por forma a determinar o impacto dos alimentos reformulados na saúde e na sustentabilidade, respetivamente.
Esses objetivos serão desenvolvidos através de diferentes tarefas, conforme detalhado abaixo: 1. Identificar os princípios que caracterizam a dieta mediterrânica e que irão apoiar a implementação do projeto. 2. Identificação e caracterização das novas fontes de proteína, o seu impacto na saúde, através da identificação e caracterização de riscos e benefícios, e o seu impacto na sustentabilidade, através da avaliação do ciclo de vida. 3. Definição das necessidades nutricionais, funcionais e económicas dos alimentos considerados (a reformular, integrando as novas fontes de proteína). 4. Formulação dos novos produtos, considerando os novos ingredientes (ou seja, insetos e algas comestíveis). 5. Desenvolvimento e produção de protótipos de alimentos reformulados. 6. Avaliação nutricional e de segurança alimentar dos alimentos reformulados. 7. Avaliação organolética dos alimentos reformulados. 8. Testes de validade para os alimentos reformulados. 9. Desenvolvimento de soluções de embalagens de alimentos que minimizem o impacto ambiental, garantindo a segurança alimentar, e que se adequem aos alimentos desenvolvidos. 10. Avaliação da exequibilidade dos alimentos desenvolvidos, em ambiente industrial. 11. Desenvolvimento da estratégia de comunicação e divulgação dos resultados. Criação de protocolos com associações e entidades tipo/representativas, em que os valores da alimentação, saúde e desporto, sejam centrais nas atividades e objetivos inerentes. 12. Plano de educação para a dieta mediterrânica e para os alimentos reformulados. Memorando de boas práticas alimentares associado às dietas propostas (e similares, que venham a ser desenvolvidas no pós-Projeto (i.e., em ambiente empresarial)). 13. Estabelecimento dos conteúdos a serem considerados no aplicativo (app). Definição de matriz relacionada, considerando como entradas, os valores nutritivos das dietas propostas, seus efeitos potenciais em itens de saúde individuais/próprios, ganhos de sustentabilidade indiretos, e monitorização de práticas. 14. Desenvolvimento do aplicativo (app). Programação e interfaces. Sistema de atualização.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
InovMediterraneum é composto por um Consórcio multidisciplinar que abrange diversos setores de atividade: Egas Moniz – Cooperativa de Ensino Superior: Coordenação científica e gestão do projeto. Aspetos científicos relacionados com a dieta mediterrânica, impacto na saúde (através da avaliação risco-benefício) e impacto na sustentabilidade. Educação dos consumidores para os princípios da dieta mediterrânica e para os novos alimentos reformulados. Estabelecimento dos conteúdos a serem considerados no aplicativo. Comunicação e divulgação de resultados. Instituto Politécnico de Leiria (MARE): contribuirá com a conceção, desenvolvimento e caracterização de novos alimentos: formulação, validação nutricional, biológica e sensorial, obtenção e caracterização da bioatividade de ingredientes funcionais. Contribuirá ainda na avaliação do risco-benefício e nos ensaios de estabilidade dos protótipos desenvolvidos. Universidade de Aveiro: será responsável pela avaliação do ciclo de vida dos alimentos que serão desenvolvidos no âmbito deste projeto, e desta forma avaliar o impacto na sustentabilidade. The Cricket Farming Co: Contribuirá para o levantamento e caraterização dos ingredientes obtidos a partir de grilos da espécie Acheta domestica. Colaborará na definição dos requisitos nutricionais, funcionais e económicos dos produtos a desenvolver, bem como nos testes em ambiente industrial (avaliação da exequibilidade). Thunder Foods: Contribuirá para o levantamento e caraterização dos ingredientes obtidos a partir de larvas de Tenebrio molitor. Colaborará na definição dos requisitos nutricionais, funcionais e económicos dos produtos a desenvolver, na criação das respetivas embalagens (requisitos técnicos) e nos testes em ambiente laboratorial e industrial (avaliação da exequibilidade). Participará na comunicação / divulgação dos resultados. Allmicroalgae: Contribuirá para o levantamento e caraterização dos ingredientes obtidos a partir de microalgas. Colaborará na definição dos requisitos nutricionais, funcionais e económicos dos produtos a desenvolver, bem como nos testes em ambiente industrial (avaliação da exequibilidade). Museu do Pão, Bolacharia Dom Biscoito, Rissolaria Tradicional, Purenut: Colaborarão na definição dos requisitos nutricionais, funcionais e económicos dos produtos a desenvolver, bem como na criação das respetivas embalagens (requisitos técnicos). Assegurarão a execução dos testes em ambiente industrial (avaliação da exequibilidade), dos produtos desenvolvidos na gama dos produtos de panificação, na gama das bolachas e biscoitos, na gama dos snacks salgados, e com base em frutos secos, respetivamente. Trigénius: Ficará responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, considerando a interação/caracterização dos valores nutritivos das dietas propostas, os seus efeitos potenciais em itens de saúde individuais/próprios, ganhos de sustentabilidade indiretos, e monitorização de práticas. Programação e interfaces. Sistema de atualização. Medronho & Canela: Fará o desenvolvimento gastronómico de receitas da dieta mediterrânica, enriquecendo-as com os ingredientes-chave do projeto: microalgas e insetos comestíveis. Contribuirá neste domínio, para a criação dos conteúdos da app. Associação Portuguesa de Nutrição: Participação na definição dos requisitos nutricionais, funcionais e económicos dos produtos a desenvolver e na sua formulação. Colaboração na comunicação / disseminação dos resultados, incluindo a criação de conteúdos da app. Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV): através do seu Polo de Vairão, será responsável pela determinação de contaminantes alimentares presentes nos alimentos desenvolvidos no âmbito deste projeto. Terras de Sicó – Associação de Desenvolvimento: Enquanto Grupo de Ação Local, a Terras de Sicó irá contribuir para a disseminação dos resultados alcançados pelo consórcio.
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