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ALiAR _Centro - Alimentos Locais i Alimentos Regionais do Centro (ID: 289 )
Coordenador: DRAPC - Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
Iniciativa emblemática: 1. Alimentação sustentável
Data de Aprovação: 2022-04-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
A Organização
das Nações Unidas definiu 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável
(ODS), a alcançar até 2030. No âmbito da sustentabilidade alimentar, o ODS nº
12 visa, entre outros aspetos, promover práticas de compras públicas
sustentáveis (1), de acordo com as políticas e prioridades nacionais e desenvolver
e implementar ferramentas para monitorizar os impactos do desenvolvimento
sustentável para o turismo sustentável, que cria emprego, promove a cultura e
os produtos locais. Uma importante componente da produção agroalimentar
provém de pequenos produtores locais e de microempresas, localizados
maioritariamente em territórios rurais e de baixa densidade, que desempenham
um importante papel no seu desenvolvimento socioeconómico, atendendo ao
contributo relevante para a produção de bens alimentares, para a preservação
de espécies e variedades regionais de elevada qualidade e para a proteção da
biodiversidade e dos recursos endógenos. Esta realidade tem efeitos não só ao
nível da produção local de produtos agroalimentares, como condiciona a
adoção de uma alimentação nutricionalmente mais equilibrada (2), baseada
no consumo de produtos de época que têm, geralmente, características
nutricionais e organoléticas (sabor, odor, cor) superiores. Por outro lado,
permitem contribuir para a promoção da economia local e para a melhoria do ambiente
(usam menos embalagens, menos cadeias de frio e menos conservantes). Assim,
os produtos locais representam proximidade, confiança, segurança alimentar e
menos desperdício alimentar que, por sua vez, constitui uma preocupação
crescente a nível mundial e um problema que se coloca não só ao nível do
consumo mas em todas as fases do ciclo de vida dos alimentos (colheita,
produção, distribuição e, até, nas nossas casas) uma vez que são rejeitadas
enormes porções de alimentos.
A Dieta Mediterrânica (DM) pode ser uma
das alternativas mais adequadas para modificar hábitos de consumo, pois constitui
um padrão alimentar e de estilo de vida que promove o bem-estar do planeta e
das pessoas, é promotor da diversidade no consumo de alimentos e incentiva o
uso de alimentos locais e sazonais. O reconhecimento da DM como
património Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2013, veio
reforçar o facto de este padrão alimentar ser visto como o mais saudável e
mais sustentável em todo o mundo, em particular, na região mediterrânica.
Contudo, tem-se assistido a um crescente afastamento dos hábitos alimentares
portugueses do modelo alimentar característico da DM, com especial incidência nos grupos etários
mais jovens e na dificuldade de assegurar dietas saudáveis a nível regional
(3). De acordo com o relatório da Health at a Glance (2019), da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal ocupa o quarto
lugar dos países da OCDE com população mais obesa, indicando que 67,6% da
população portuguesa acima dos 15 anos tem excesso de peso ou é obesa. Nos
últimos anos, a importância política do abastecimento das cantinas
coletivas/públicas com base em produtores locais tem aumentado. Ligar as
cantinas das escolas (e outras) com os produtores locais, ao mesmo tempo que
melhora a qualidade nutritiva e organolética das refeições, gera
oportunidades para os agricultores, pelo que o momento se apresenta oportuno
para a criação desta ligação.
Aumentar
o nível de adesão à DM, em 20%, é uma das metas da Agenda
de Inovação‑Terra Futura; promover hábitos alimentares saudáveis através da
adesão à DM de adolescentes e jovens contribuindo para a formação de uma
sociedade consciente do papel da alimentação na promoção de uma alimentação
sustentável e de uma só saúde constituem, de igual modo, metas a atingir. Restabelecer e reforçar
o valor das cadeias curtas e dos mercados locais, pilares da DM,
nas diferentes regiões do País, revelam-se
questões a resolver na próxima década quer pelo seu contributo para a transição ecológica que o Pacto
Ecológico Europeu pretende alcançar quer pelo papel na transformação do
modo como os alimentos são produzidos e consumidos indo ao encontro da
Estratégia “Do Prado ao Prato”.
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Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A Iniciativa ALiAR visa alcançar
estratégias que possibilitem dar resposta aos pontos 1, 2 e 3 acima
elencados: promover práticas de compras públicas sustentáveis (1); adoção de uma alimentação
nutricionalmente mais equilibrada (2)
e assegurar dietas saudáveis a nível regional (3) através do desenvolvimento de metodologias e diferentes projetos
pilotos na Região Centro que permitam articular os produtores locais com os
estabelecimentos de ensino público (da educação pré-escolar ao secundário) de
forma a promover o abastecimento das cantinas públicas com produtos locais,
assim como fomentar outras modalidades de circuitos curtos como os mercados
locais permitindo por essa via a adoção de hábitos de consumo saudáveis,
nutricionalmente equilibrados, com menos desperdício e, por conseguinte, mais
sustentáveis.
A iniciativa pretende ser inovadora,
quer em termos de modelo organizacional, quer através da associação da
componente ID (controlo qualidade/segurança dos alimentos e tecnologia
alimentar), com vista a obter resultados e referências escaláveis a outros
territórios.
É, também, objetivo desta iniciativa promover
a articulação das atividades, científicas, técnicas e artísticas da região
Centro e envolver a comunidade da região, incluindo os agentes dos vários
setores produtivos, na salvaguarda da DM.
Serão identificados e georreferenciados
produtos locais enquadrados na Dieta Mediterrânica (DM), procedendo-se à identificação
de diferentes parâmetros que possam permitir a sua rastreabilidade e acesso
privilegiado não só às cantinas, mas também à restauração e hotelaria.
Os 5 Polos da Região Centro englobados
na Rede Inovação, com todos os parceiros do consórcio estabelecido, serão
palco de ações que desenvolvam metodologias para uma melhor articulação entre
agricultores e cantinas e de divulgação e sensibilização dos produtos
específicos, de cada NUT III onde os polos se inserem, direcionadas às
escolas com vista ao aumento
do conhecimento sobre produtos locais e regionais por parte das camadas mais
jovens da sociedade. Em simultâneo, promover entre os jovens o
reconhecimento do sentido cultural e valor patrimonial imaterial da DM será
uma abordagem inovadora e estimulante na prossecução deste desígnio.
Pretende-se, de igual modo, contribuir para a revitalização das
zonas rurais através da (re) utilização de variedades endógenas e para o
aumento de adesão à DM, por parte das faixas etárias mais jovens, previsto na Agenda Inovação –
Terra Futura em 20%, tornando-as agentes da promoção da alteração de hábitos
alimentares
conducentes a uma alimentação sustentável.
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Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A Iniciativa ALiAR agrega diferentes áreas de trabalho que, em conjunto, irão contribuir
para o desenvolvimento das linhas de ação (LA 1.1; 1.2; 1.3 e 1.4):
1) Agricultura –
sistemas de produção sustentáveis, preservação de recursos endógenos;
2) Ambiente -
práticas sustentáveis, inovadoras e circulares promotoras da salvaguarda dos
recursos naturais, da diminuição do desperdício e das boas práticas no
aproveitamento dos Produtos Alimentares (PA);
3) Alimentação
humana - novas abordagens à utilização e valorização
dos PA;
4) Saúde
– caracterização
funcional de PA conhecidos e de novos criados a partir de subprodutos;
5) Economia
– restabelecimento
e valorização das cadeias curtas
de comercialização;
6) Desenvolvimento
local / regional - criação de dinâmicas revitalizadoras dos
territórios rurais;
7) Sociologia
–
organização da sociedade e relação com a DM;
8) Educação
– educar
e formar para o futuro sensibilizando os jovens para a relevância de hábitos
alimentares saudáveis com base na DM;
9) Cultura
e Património - sensibilização para a importância do
Património Cultural Imaterial (PCI); coesão inter-geracional e territorial;
10) Turismo
- organização
e dinamização de eventos que permitam melhorar as competências dos agentes
económicos capacitando-os e motivando-os para a valorização e salvaguarda da DM;
11)
Tecnologias de informação – integração das tecnologias
de informação na rastreabilidade dos PA e na georreferenciação dos produtos
da DM.
Responsabilidades
de cada parceiro:
DRAPC - líder
do consórcio, responsável pela gestão técnica e financeira, pela definição
das atividades a desenvolver e pela produção das peças finais de disseminação
e comunicação interna e externa do projeto, envolvendo diferentes agentes /
entidades da Região Centro (RC) num processo co-criativo e multi-ator.
UC – responsável
pelas atividades relacionadas com a valorização de sub‑PA incluindo o
contributo à sua promoção e respetivo PCI; pela recomendação ou aplicação de
novas tecnologias à rastreabilidade dos produtos e pela caracterização
funcional de PA, promovendo o Bem-Estar e a Saúde (humana).
IPV –
responsável pela identificação dos produtos endógenos e dos produtos locais,
identitários do património paisagístico, cultural e da DM da RC e pela
divulgação de boas práticas com vista à redução do desperdício alimentar ao
nível da produção.
IPC –
responsável pelas atividades relacionadas com a criação de conhecimento sobre
a oferta e a procura potenciais de produtos locais na restauração coletiva,
incluindo a definição de uma metodologia de investigação, a recolha,
tratamento e análise de dados, bem como a proposta de modelos de governança
adequados à implementação do abastecimento de cantinas coletivas a partir
de produtos locais.
CNA -
responsável pelo estabelecimento de parcerias com diversas entidades da RC
para a promoção de ações de sensibilização, capacitação e informação de
públicos diversificados (agricultores, restauração, jovens, população em
geral) para os produtos da DM.
CoimbraMaisFuturo - responsável
por uma intervenção centrada nos mercados e feiras locais e nos circuitos
curtos, assumindo a tarefa do seu levantamento e da realização de iniciativas
de dinamização e divulgação associadas à DM e à adoção de uma alimentação
nutricionalmente mais equilibrada e a dietas mais saudáveis.
DRCC
–
responsável pela realização de ações de sensibilização para a gestão do PCI
especificamente da sua relação com produtos e atividades do âmbito da DM
visando a divulgação de boas práticas de sucesso e atividades que contribuam
para a salvaguarda da DM.
Turismo
do Centro – Escola
de Hotelaria – responsável pelas atividades relacionadas com a inclusão dos
PA locais e da DM na restauração e na hotelaria e divulgação de boas práticas
na gastronomia reduzindo o desperdício alimentar.
Alendão
- Floricultura e Apicultura, Lda (PME) – responsável pela
articulação com as restantes PME´S e pelo fornecimento de PA locais a
utilizar nas diferentes atividades / ações a realizar que envolvam estes
produtos.
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