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Agri-Plast – Organização da Produção e Inovação para a Redução de Plásticos Agrícolas (ID: 294 )
Coordenador: Universidade Nova de Lisboa
Iniciativa emblemática: 10. Excelência da organização da produção
Data de Aprovação: 2022-04-27 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Alentejo NUTS III: Alentejo Litoral
Identificação do problema ou oportunidade
O novo Regulamento Geral dos Resíduos
(RGGR) coloca a responsabilidade da gestão dos resíduos de plástico com origem
na agricultura (RPA) ao nível do produtor agrícola e o Plano Estratégico para
os Resíduos Não Urbanos (PERNU 2030) identifica a necessidade de soluções com
abordagens mais próximas do mercado (investigação industrial, experimental e
inovação). O problema abordado pelo projeto (gestão não adequada destes
resíduos) tem prioridade de atuação de política no contexto da economia
circular e encontrar uma solução sustentável e viável para os produtores
agrícolas não se tem revelado fácil.
Portugal não
tem uma solução integrada para os RPA, nem um conhecimento da real dimensão da
cadeia de valor dos plásticos agrícolas, seus impactes e possíveis soluções
para a sua redução e melhor gestão. A utilização de filmes de
plástico na agricultura é uma prática crescente que, por falta de soluções inovadoras, tem
originado a produção crescente de RPA cujo encaminhamento nem sempre é o mais
adequado.
Sendo as empresas agrícolas responsáveis
pela gestão dos RPA que produzem compete-lhes organizar um sistema que permita reduzir,
recolher e encaminhar os seus RPA para um destino adequado de valorização.
Contudo, as empresas agrícolas têm tido muita dificuldade em encaminhar os seus
RPA para reciclagem e suportar os custos da sua gestão. Em consequência, a
gestão adequada dos RPA é fundamental para garantir uma organização da produção
de excelência, utilizando soluções inovadoras, de qualidade e sustentáveis em
termos ambientais, o que apenas pode ser alcançado com o envolvimento direto
das OP e das cooperativas agrícolas.
Falta pois uma solução concertada de um
modelo organizacional e económico de cadeia de valor (agricultores,
transportadores, transformadores, gestores de resíduos) que promova a redução e
a recuperação de todos os RPA gerados no sector agrícola.
O atual contexto europeu e nacional é
bastante favorável e oportuno para o desenvolvimento de investigação nesta
área. A Agenda 2030, o Pacto Ecológico Europeu, o Plano de Ação para a Economia
Circular, a Estratégia
para uma Bioeconomia Sustentável, a Diretiva Quadro dos Resíduos e, a nível nacional, o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, o Plano Nacional de Energia e Clima 2030, o Plano de Ação para
a Economia Circular, o PERNU
2030, a Agenda de Inovação para a Agricultura 2030 e o novo RGGR vêm
criar novas oportunidades para mercados que promovam a redução e uma maior
circularidade dos filmes de plásticos de uso agrícola. Em especial a Estratégia
Europeia para o Plásticos (2018) preconiza a necessidade do desenvolvimento de
esforços coletivos para evitar que os microplásticos cheguem ao mar, ao ar, à
água potável e aos alimentos, através da aposta no conhecimento e no
desenvolvimento de soluções inovadores que resolvam as ocorrências
identificadas, potenciando o investimento associado a estas soluções em
articulação com os stakeholders envolvidos.
A redução de plásticos de origem fóssil,
através da sua substituição por produtos mais sustentáveis, bem como a sua
reciclagem e transformação em produtos de valor acrescentado, para além de
contribuem para as estratégias da neutralidade carbónica e da economia circular
proporcionarão uma produção mais sustentável e a criação de novos negócios e de
empregos.
Com a iniciativa proposta pretende-se
encontrar soluções organizacionais para os RPA. Já existem modelos económicos
baseados no princípio da responsabilidade alargada para os resíduos de
embalagens das explorações agrícolas (embalagens genéricas, embalagens de
medicamentos de uso veterinário, embalagens de produtos
fitofarmacêuticos e de sementes), mas não existe nenhum modelo
organizacional para os RPA.
Para resolver o problema dos RPA que os
produtores têm em mãos é imprescindível o envolvimento de todos os
intervenientes nesta cadeia de valor, para além da comunidade científica a
iniciativa conta com empresas dos setores da produção de plástico (fóssil e
bio), recicladores, PME, OP e autoridades regionais e nacionais da agricultura
e ambiente.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Agri-Plast é um
projeto de I&D que tem por objetivo encontrar soluções (organizacionais e
económicas), adaptadas e construídas com os produtores que utilizam plásticos
agrícolas, e uma gestão sustentável para os resíduos de plásticos agrícolas
(RPA), e contribuindo para a organização da produção e para a sua capacitação
no que respeita às políticas de sustentabilidade.
Desenvolver modelos organizacionais de
transição das unidades agrícolas, em particular das organizações de produtores
(OP) reconhecidas ao abrigo da legislação nacional e europeia, para modos
sustentáveis de produção, através da adoção de práticas inovadoras no uso do
plástico fóssil e da sua substituição por biofilme (em fim de vida, produz zero
resíduos e aumenta a matéria orgânica no solo), cuja implementação requererá:
1) a identificação das melhores soluções já disponíveis no mercado e, para
cobrir lacunas, a experimentação de novos produtos seguros e funcionais; 2) a
capacitação dos produtores agrícolas para adoção das boas práticas; 3) medidas
de política que criem condições favoráveis à transição e assegurem o seu
enquadramento legal e funcional na economia.
A capacitação ao longo do projeto é
direcionada quer às entidades parceiras (na fase de validação do diagnóstico e na
fase de experimentação, com atividades de transferência de tecnologia e de
demonstração) quer a outras PMEs do setor agrícola. É privilegiada uma
aquisição do conhecimento por partilha progressiva em 3 workshops participativos, destinados à consolidação das análises
SWOT dos produtos “diagnóstico”, “soluções alternativas” e “políticas”, e em 3
subsequentes ações de formação sobre
boas práticas de gestão de resíduos, práticas inovadoras e oportunidades de
mercado”, e 2 dias abertos nos locais de experimentação para transferência do
conhecimento aos produtores agrícolas.
Em síntese, no âmbito da Iniciativa
Emblemática “Excelência da Organização da Produção” da Agenda Terra Futura, o
projeto visa dar resposta aos Objetivos
Operacionais “fomentar a inovação organizacional” e, por esta via,
“melhorar a capacidade negocial dos produtores”.
A sustentabilidade e a excelência na
organização da produção só poderá ser alcançada com inovação nas unidades
produtivas através da adoção de soluções de abordagens mais próximas do
mercado, que o projeto se propõe desenvolver: investigação industrial - desenvolvimento
de alternativas para valorização dos RPA e alternativas biodegradáveis; investigação
experimental e demonstração - ensaios in
situ do uso de plástico mulch
convencional vs novos polímeros biodegradáveis, e respetivos impactes no solo,
água de rega e segurança alimentar dos frutos; inovação - criação de um
repositório funcional de soluções alternativas e desenvolvimento de modelos organizacionais
e económicos para a gestão dos RPA. Como preconizado pela Linha de Ação 10.2, o projeto aposta num modelo de capacitação
técnica working progress das PMEs do
setor e das entidades diretamente envolvidas, para o qual a FNOP é um ator-chave
para a disseminação do conhecimento junto dos seus associados.
Ou seja, modelos inovadores de organização
da produção são cruciais para o sucesso da implementação das soluções output do projeto, de contributo
intrínseco para economia circular, e a suportar com instrumentos de política até
que ganhem robustez de mercado. A organização da produção das OP permite suportar
os produtores agrícolas na transferência de conhecimento e autonomia, pela adequada
seleção das práticas inovadoras mais sustentáveis e de modelos colaborativos
que aumentem a sua capacidade negocial, na resposta ao desafio de se tornarem
em verdadeiros atores da cadeia de valor dos plásticos (participação no
mercado). Nesta medida, o projeto também responde à Linha de Ação 10.5, uma vez que qualquer “modelo organizacional
para a gestão dos plásticos agrícolas” que vier a ser recomendado para inovação
depende necessariamente do “reconhecimento de modelos inovadores de
organizações de produtores ou cooperativas” como parte da solução.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A
iniciativa envolve um consórcio de 15 entidades, com as seguintes áreas de
trabalho e responsabilidade: - A Universidade NOVA de Lisboa (NOVA), através da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), enquanto entidade promotora do projeto assume a coordenação das tarefas T5 (comunicação e disseminação dos resultados do projeto) e T6 (coordenação geral do projeto). Assume ainda a coordenação global da tarefa T1 (diagnosticar o problema dos plásticos de uso agrícola) e, através de investigadores integrados nos centros de investigação MARE NOVA e LQV/NOVA da FCT e no centro GREEN-IT do ITQB, assegura as subtarefas T1.3 e T1.4 (diagnóstico), T2.1, T2.2, T2.3, T2.6 e T2.7 (inovação) e T3.2 (capacitação) e participa nas T2.4 (inovação), T3.1 (capacitação) e T4.1 (políticas).
- O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P. (INIAV,I.P.) assume a coordenação global da tarefa T2 (experimentação para a inovação), assegura as subtarefas T2.4 e T2.5 (inovação) e participa nas T3.1 e T3.2 (capacitação) e T4.1 (políticas).
- A Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) assume a coordenação global da tarefa T3 (capacitação, sensibilização e envolvimento dos stakeholders) e participa nas subtarefas T1.2 (diagnóstico), T3.1 e T3.2 (capacitação) e T4.1 (políticas).
- O Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) assume a coordenação global da tarefa T4 (governança e políticas pós-projeto), assegura as subtarefas T1.1 e T1.2 (diagnóstico) e T4.1 e T4.2 (políticas) e participa nas T3.1 e T3.2 (capacitação).
- O Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN) assegura a subtarefas T3.1 (capacitação) e participa nas T1.2 (diagnóstico), T3.2 (capacitação) e T4.1 (políticas).
A Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT) participa nas subtarefas T1.1 e T1.2 (diagnóstico), T3.1 e T3.2 (capacitação) e T4.1 e T4.2 (políticas). - A Universidade de Évora (UE) participa na subtarefa T2.5 (inovação).
Para
além destas entidades a parceria incluiu ainda 8 PME do setor agrícola,
envolvidas desde a fase de diagnóstico, sendo relevante o seu contributo para a
identificação e quantificação dos plásticos que usam nas suas explorações e os
problemas que têm com a sua gestão, até à fase das soluções, onde naturalmente é
fundamental o seu contributo, tendo presente o objetivo de organizar a produção
para soluções inovadoras e de sustentabilidade da agricultura.
Encontra-se
também prevista a criação de uma Comissão de Acompanhamento que integra
entidades públicas, empresas ligadas ao sector da produção de plásticos (fóssil
e bio) e da reciclagem, organizações de agricultores e individualidades de
reconhecido mérito na área. A função desta CA é acompanhar o desenvolvimento do
projeto, participar nos workshops e
emitir pareceres e sugestões que possam contribuir para soluções mais eficazes.
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