Bolsa de Iniciativas PRR

 

BCheeSE – Gestão integrada da organização de produção para garantia da rastreabilidade, autenticidade e valorização da fileira do queijo Serra da Estrela (ID: 300 )
Coordenador: IPV - Instituto Politécnico de Viseu
Iniciativa emblemática: 10. Excelência da organização da produção
Data de Aprovação: 2022-04-27 Duração da iniciativa: 2025-10-31
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
 
Identificação do problema ou oportunidade

Considerando os problemas a seguir identificados, este projeto propõe-se explorar oportunidades e desafios considerando, de forma integrada, a organização da cadeia de produção.


 

Problema: Existência de apenas duas raças autóctones (Serra da Estrela e Mondegueira) para produção de leite usado no fabrico do QSE DOP, nas quais se regista uma redução no efetivo animal.

Oportunidade: Reequacionar o modelo de melhoramento animal no reconhecimento de características de qualidade para a valorização do QSE, com recurso à genómica, e promoção de práticas de maneio e ordenha para melhorar a qualidade do leite para a produção do QSE.

 

Problema: Valorização do produtor de leite, agregando valor ao preço do leite pela qualidade, como justa retribuição em prol da sustentabilidade da fileira.

Oportunidade: Criar um modelo de gestão que permita monitorizar, de forma sistemática e em tempo real, a qualidade do leite em relação aos teores de proteína, gordura, células somáticas e outras características higiossanitárias.

 

Problema: Apenas cerca de 10% do potencial produtivo de leite está a ser certificado sob a marca QSE DOP.

Oportunidade: O potencial estimado de produção do QSE baseia-se, atualmente, num efetivo de 40 000 ovelhas das raças Serra da Estrela e Mondegueira, distribuídas por 210 rebanhos com uma produção estimada em 5,6 milhões de litros de leite, que se transformam em 1 000 toneladas de queijo e 2 milhões de unidades de requeijão.

 

Problema: Estes setores caracterizam-se pela grande maioria dos produtores de leite e queijo estarem ligados a unidades produtivas de agricultura familiar, envolvendo cerca de 3000 famílias dispersas pelos 3200 km2 do território de DOP.

Oportunidade: Manter e promover estas empresas, como uma oportunidade para o combate à desertificação deste território de baixa densidade, com a criação de uma estrutura de organização produtiva que permita a capacitação técnica, tecnológica e organizacional.

 

Problema: Todos os processos relacionados com as produções de borrego, leite e queijo devem ser rigorosamente monitorizados para uma diferenciação positiva, compensando os produtores por práticas mais capazes e efetivas desde o maneio das pastagens e alimentação animal à queijaria.

Oportunidade: Criação de uma estrutura digital disruptiva (blockchain) para tornar as empresas mais seguras, produtivas e organizadas, dando suporte à recolha de informação e tomada de decisão. Esta estrutura digital, mais que um fim em si, é um meio para aglutinar e estabelecer confiança nos diferentes players da fileira, permitindo a sistematização dos diversos processos da cadeia produtiva, facilitando a gestão e o controlo da qualidade higiossanitária e organolética dos produtos, criando mais valias para os produtores e garantia de qualidade aos consumidores.

 

Problema: De acordo com o caderno de especificações, os ingredientes do QSE devem ser colhidos no próprio território de DOP.

Oportunidade: Promover na região a autonomia na produção de flor de cardo, com a instalação de campos de cardo no território da DOP cumprindo o Regulamento. Devemos procurar assumir uma lógica de marketing territorial, no qual todos os ingredientes do QSE (leite, flor de cardo e sal) provenham da Região Centro e que sejam absolutamente exclusivos, proporcionando uma maior identidade dos produtos.

 

Problema: O preço de venda do QSE praticamente não subiu ao longo dos últimos 20 anos.

Oportunidade: Criar uma relação mais próxima e fiel com o consumidor (último interveniente da cadeia), proporcionando maior visibilidade dos produtos, a sua história, qualidade e origem numa filosofia de storytelling, que ligue a realidade ao imaginário (marketing emocional).

 

Problema: Assistimos a outras marcas quererem retirar dividendos com o uso da marca QSE DOP, sob as designações “Queijo Serra” ou “Queijo tipo Serra”.

Oportunidade: A marca “Queijo Serra da Serra da Estrela” é uma das marcas nacionais com maior notoriedade, que se associa a momentos de família ao longo da vida com um enorme cariz emocional.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Este é um projeto de capacitação, inovação e valorização da fileira do queijo Serra da Estrela DOP (QSE), através da gestão integrada da organização de produtores para a majoração da valia económica e garantia da qualidade e identidade dos produtos (leite, queijo, requeijão e borrego).

Numa primeira fase pretendemos sistematizar a informação relativa aos processos da fileira, aos ingredientes e aos produtos para definir estratégias sólidas e consistentes na cadeia produtiva.

Procuramos regular e otimizar os setores de produção, baseados em estruturas atuais de reduzida escala, maioritariamente familiares e com dispersão no território, que devem ser preservados e valorizados. Pretendemos incentivar o aumento da produção e qualidade do leite e do queijo, promovendo maior interesse na fixação de produtores na região, pelo maior retorno económico e a monitorização da qualidade, através de apoio técnico-científico aos vários elementos da fileira.

Este projeto segue a apologia do prado ao prato com recurso a um sistema Blockchain, como integração tecnológica e de conexão entre as diversas fases da cadeia, responsabilizando todos os atores da fileira, desde o produtor de leite (e borregos) ao produtor de queijo (e requeijão), com o reconhecimento de valor nas cadeias comerciais e consumidores. Procuramos uma maior capacitação na gestão organizacional das unidades produtivas, obrigando a maior profissionalização e inovação, promovendo maior sustentabilidade.

O sistema vai permitir a monitorização, rastreabilidade, transparência e qualidade dos produtos nas várias etapas da produção, processamento e comercialização.

Serão também criadas condições para geração de dinâmicas de marketing de marca (brand), territorial e emocional, numa visão de fileira, criando uma expectativa e experiência do consumidor de todo o ciclo de vida dos produtos.

Neste projeto pretendemos promover a criação, como objetivo último, do “Observatório do Queijo Serra da Estrela” como suporte para a sustentação futura e evolução da estrutura organizacional e consolidação desta estratégia integrada de fileira. Integrarão esta estrutura diversos stakeholders: Estrelacoop, Ancose, Apromeda, Estrela Geopark, Municípios da região DOP Serra da Estrela, produtores de leite e borrego, queijarias, entidades de Ensino Superior e Investigação e outras entidades e empresas indiretamente ligadas à fileira.

 

Objetivos estratégicos:

1. Concentrar a produção e comercialização através da evolução da gestão organizacional da Estrelacoop como entidade aglutinadora dos produtos;

2. Conseguir a inovação organizacional e gestão da fileira produtiva (prado ao prato) com a criação de uma plataforma de blockchain para o controlo logístico, da qualidade e valorização económica;

3. Valorizar economicamente os produtos (e produtores) da fileira (leite, queijo e borrego) através de intervenções e melhoramentos dos processos produtivos e dos ingredientes (cardo, leite);

4. Apoiar os produtores de leite e queijo (extensão rural) com medidas estruturais, de maneio e gestão para otimizar (valorizar, potenciar) os processos produtivos e organizacionais, incluindo o enquadramento da digitalização (e controlo) de processos;

5. Promover os produtos através de estratégias de marketing (brand, territorial e emocional) e formas de comercialização por diferentes canais, incluindo a exportação;

6. Criar o “Observatório do Queijo Serra da Estrela” como estrutura que visa a manutenção, evolução temporal e consolidação da inovação organizacional obtida neste projeto.

 

Todos os objetivos estratégicos definidos estão enquadrados na linha de ação L.A. 10.2. Capacitação… e no Objetivo Operacional Concentrar a produção para melhorar a capacidade negocial dos produtores. Os objetivos estratégicos 2, 3, 4 e 6, estão enquadrados na linha de ação L.A. 10.5. Inovação organizacional… e no Objetivo Operacional Fomentar a inovação organizacional da Iniciativa Emblemática Excelência da Organização da Produção.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

PARCEIROS:

1. IPV - Instituto Politécnico de Viseu (Entidade coordenadora do projeto)

2. INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.

3. BIOCANT - Associação de Transferência de Tecnologia

4. SENSEFINITY

5. ESTRELACOOP - Cooperativa dos Produtores de Queijo Serra da Estrela, CRL

6. ANCOSE - Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela

7. APROMEDA CRL - Agrupamento de Produtores da Raça Ovina Churra Mondegueira

8. Quinta de São Cosme, Soc. Agroindustrial Unipessoal, Lda

9. Sociedade Agro-Industrial Terras de Azurara, Unipessoal, Lda (Queijaria Vale da Estrela)

10. Casa Agrícola dos Arais, Lda

11. Natural da Quinta, Unipessoal Lda

12. Américo Manuel Coito

13. Jorge Manuel Abrantes Ribeiro

14. Ricardo Sequeira Pimenta 


TAREFAS/ÁREAS DE TRABALHO


T1: Gestão do projeto

Será coordenada pelo IPV (1), com a participação de todos os parceiros.

 

T2: Avaliação da situação atual (produtores de leite, queijarias, canais comerciais)

Será coordenada pelo IPV (1), com a participação, sob sua representação, do Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecologia e dos parceiros 5 a 7 e apoio dos parceiros 8 a 14.

 

T3: Identificação e sistematização de problemas e soluções (checklists e boas práticas)

Será coordenada pela Estrelacoop (5), com a participação dos parceiros 1, 2 e 6 a 14.

 

T4: Implementação de dinâmicas de experimentação e de processos de validação no contexto produtivo e industrial

Será co-coordenada pelo IPV (1), Estrelacoop (5) e Ancose (6), com a participação dos parceiros 2 (no âmbito de trabalhos a desenvolver nos Polos de Inovação de Oeiras e Fonte Boa), 3 e 7 a 14.

 

T5: Co-construção de referenciais para a gestão integrada da cadeia produtiva e comercial dos produtos

Será co-coordenada pela Estrelacoop (5) e Ancose (6), com a participação dos parceiros 1 a 4 e apoio dos parceiros 7 a 14.

 

T6: Criação e implementação de plataforma de blockchain

Será coordenada pela Sensefinity (4), com a participação dos parceiros 1, 2 e 5 a 7 e implementação nos parceiros 8 a 14.

 

T7: Definição de estratégias de marketing (brand, emocional, territorial) e formas e canais de comercialização dos produtos

Será coordenada pela Estrelacoop (5), com a participação dos parceiros 1, 2, 6 e 7.

 

T8: Criação do “Observatório do Queijo Serra da Estrela”

Será co-coordenada pela Estrelacoop (5) e Ancose (6), com a participação dos parceiros 1 a 3, 7, produtores de leite de ovelhas Serra da Estrela e Mondegueira (nomeadamente os parceiros 10 e 12 a 14), produtores de queijo Serra da estrela DOP (nomeadamente os parceiros 8 a 12) e outras entidades a convidar.

 

T9: Comunicação e disseminação

Será coordenada pela Estrelacoop (5), com a participação dos parceiros 1, 6 e 7.

 
Interlocutor: Jorge Oliveira   Email interlocutor: joliveira@esav.ipv.pt   Email entidade: joliveira@esav.ipv.pt