O sector agroalimentar é hoje um sector mais organizado, profissional, inovador e mais orientado para o mercado. Não obstante, a par da necessidade de se adaptar a constrangimentos como as alterações climáticas e sucessivas crises socioeconómicas que colocam em causa a segurança alimentar, é ainda necessário que se adapte aos novos padrões de consumo, ganhe escala e chegue rapidamente a um consumidor mais exigente, preocupado com uma alimentação saudável, com o bem-estar animal e com o ambiente. A exploração de novos sistemas de produção, com o incremento de produtos autóctones de qualidade (cadeias curtas de produção com menor impacte ambiental), diferenciadores e provenientes muitas vezes de uma agricultura familiar, com baixa utilização de substâncias de síntese e de energia, com práticas agroecológicas que promovem a proteção e conservação do solo e da biodiversidade e valorizam os serviços do ecossistema, é ainda um caminho a percorrer e essencial para a sua sustentabilidade.

O Bio4ALL visa a criação de uma estratégia de âmbito territorial, para a promoção do desenvolvimento integrado dos territórios de baixa densidade, baseada no modelo das Bio-regiões, por forma a desenvolver, promover e acrescentar valor aos produtos agroalimentares portugueses. O modelo escolhido das Bio-regiões permite o estabelecimento de parcerias entre agricultores, associações, poder local, regional e nacional cruciais ao desenvolvimento integrado e sustentável dos recursos.

Partindo da Bio-região do Alto Tâmega e produtos agrícolas endógenos de reconhecida qualidade, designadamente em modo de produção biológico, com nítido impacte económico no território, procura-se que as atividades preconizadas no Bio4ALL sejam replicadas em outros territórios através da partilha de conhecimento e ações já em prática em outras Bio-regiões, e.g. Idanha-a-Nova.

O objetivo geral estratégico desta iniciativa é caracterizar, avaliar e valorizar, as particularidades e potencialidades dos produtos hortofrutícolas autóctones, mas também a criação e/ou utilização de novos produtos, em fresco ou transformados, e o seu contributo para a sustentabilidade dos territórios de baixa densidade. O Bio4ALL conta com 14 parceiros experts na temática abordada consolidando a rede de instituições de interface entre o sistema académico, científico e tecnológico, o território e o tecido empresarial. Desta forma, o aumento da rentabilidade e resiliência destes sistemas é gerador de economia, promove emprego, fixa e atrai novos residentes. Como objetivos mais específicos pretende-se: 1 Incentivar circuitos curtos de comercialização, promovendo e escoando a produção local, a diminuição do desperdício e a melhoria da dieta alimentar; 2 Incentivar o recurso a práticas culturais menos intensivas, que assegurem a conservação da fertilidade do solo, a economia de água e preservação dos recursos naturais e da biodiversidade permitindo estimular o desenvolvimento de um ecossistema suportado em inovação resultante da incorporação de conhecimento e tecnologia.

3 Capacitar agentes da fileira, particularmente agentes mais jovens (homens e mulheres), de forma a inovar a atividade, contribuindo para uma agricultura mais inclusiva e igualitária; 4 Sensibilizar e disponibilizar aos produtores material vegetal de espécies autóctones de qualidade e diferenciadoras que concorrem para uma agricultura mais resiliente, para o uso sustentável dos recursos, contribua para a mitigação das alterações climáticas e aumento do sequestro de carbono. 5 Contribuir para uma população mais saudável pela integração na dieta alimentar de produtos de qualidade provenientes de uma produção biológica. Pretende-se contibuir para um aumento da oferta de produtos bio no mercado, com implicação na redução de preços destes produtos no consumidor.

O conjunto de atividades propostas no Bio4ALL permitirão aumentar o rendimento dos produtores, tornando a atividade agrícola mais rentável, atrativa e competitiva.

A agricultura de pequena e média dimensão, caracterizada por uma utilização da mão-de-obra mais familiar, pelo cultivo de terras de pequena dimensão e adoção de práticas ambientalmente mais sustentáveis, é crucial para fixar populações, gerar trabalho e criar rendimento económico nos territórios mais desfavorecidos. A multiplicidade e a qualidade de alimentos produzidos são um contributo importante para a diversificação das dietas alimentares, valorização de produtos endógenos e preservação do património genético.

Contudo, este sistema de agricultura necessita de inovação quer ao nível produtivo quer ao nível da comercialização, acrescentando valor ao longo de toda a cadeia. Através do desenvolvimento de 9 atividades o Bio4ALL pretende trabalhar e promover as potencialidades destes produtos e territórios de uma forma diferenciadora, mais sustentável, tendo como meta mais saúde (produtos locais e em modo de produção biológico), com menor pegada de carbono, mais resilientes às alterações climáticas, mais inclusivos capazes de atrair jovens famílias através de maiores rendimentos.

A existência de instalações físicas da DRAPNorte, integradas na Bio-região do Alto Tâmega, constituem uma oportunidade por disporem de caraterísticas físicas e biológicas para servirem de base ao desenvolvimento deste projeto.

As atividades a desenvolver pelo Bio4ALL são:

1 – Caracterização e seleção de material vegetal com o levantamento dos produtos hortícolas e frutícolas autóctones das Bio-regiões envolvidas na candidatura.

2 – Produção de material vegetal e instalação de campos de demonstração para partilha de experiências, conhecimento e promoção de produtos e de boas práticas que incentivem sistemas de produção inovadores e mais sustentáveis provenientes de uma agricultura em modo biológico.

3 – Desenvolvimento de uma ferramenta de apoio ao agricultor que lhe permita adquirir as sementes/plantas das espécies/variedades previamente selecionadas e caracterizadas que melhor se adaptam às características da sua exploração, bem como informação útil capaz de o ajudar na tomada de decisão.

4 - Estabelecimento de parcerias entre agricultores, empresas, operadores turísticos, associações e o poder local e regional, para a gestão sustentável dos recursos locais, partindo do modelo biológico e agroecológico de produção e consumo.

5 – Desenvolvimento de estratégias de comunicação com recurso a plataformas de comércio digital, que facilitem o escoamento dos produtos agrícolas, garantindo e amplificando a relação entre o produtor e o consumidor final. Evidenciar o potencial dos produtos bio nacionais, através de uma nova abordagem promocional da qualidade e unicidade do que é português.

6 – Identificação de novos mercados nacionais e internacionais, particularmente na Galiza, para promoção e escoamento de legumes e frutas da região com especificidades próprias, criando circuitos curtos de comercialização. Promover estes produtos, na restauração, hotelaria local e público em geral utilizando os mercados de frescos e as redes sociais e influenciadores digitais numa perspetiva de prescritores de uma alimentação saudável.

7 – Transferência de conhecimento na área do digital, em agricultura biológica e práticas agrícolas inovadoras, entre outras, para os vários agentes das fileiras nomeadamente técnicos, dirigentes associativos e produtores. Produção de manuais de práticas inovadoras e sustentáveis.

8 – Comunicação do projeto e disseminação dos resultados pelos parceiros e diferentes agentes da fileira, nomeadamente agricultores, agroindústria, associações sectoriais e pelos técnicos superiores das entidades com poder executivo e legislativo, pela comunidade científica e pela sociedade em geral.

9 – Gestão do projeto. Coordenação das atividades do projeto bem como a gestão técnica financeira, acompanhamento das tarefas e atividades, planeamento e execução das reuniões de progresso, controlo e execução dos relatórios de acompanhamento.

Bio4ALL é composto por um Consórcio multidisciplinar que abrange diversos setores de atividade:

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Líder da iniciativa; coordenação científica e gestão do projeto. Caracterização nutricional e funcional dos produtos. Estabelecimento dos conteúdos para a plataforma digital e ferramenta de apoio ao agricultor. Transferência de conhecimento para os vários agentes das fileiras. Comunicação e divulgação de resultados.

Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte– Levantamento dos produtos hortícolas e frutícolas autóctones das Bio-regiões. Instalação de campos de demonstração. Ações de sensibilização e realização de cursos de curta duração na área agrícola. Estabelecimento de parcerias entre agricultores, empresas, operadores turísticos, associações e o poder local.

Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega– Desenvolver estratégias de comunicação sobre o potencial dos recursos locais através de uma nova abordagem promocional da qualidade. Potenciar estrategicamente a Bio Região. Continuar a desenvolver a iniciativa “Canto do BIO” a instanciar em Mercados Municipais. Estabelecimento de parcerias entre agricultores, empresas, operadores turísticos, associações e o poder local. Identificação de novos mercados nacionais e internacionais. Comunicação e divulgação de resultados.

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – Identificação e caracterização de material vegetal. Desenvolvimento de estratégias de valorização dos produtos endógenos, através de processos de qualificação (IGP e DOP) e sua comercialização com recurso a circuitos inovadores (plataformas, vendas diretas, ...). Estudo da possibilidade de se inovar na criação de uma certificação própria (como resultado da ação participativa dos consumidores) para estes produtos que são específicos das bio-regiões. Educação dos consumidores para os conceitos de origem dos recursos, da dieta saudável e sustentável. Comunicação e divulgação de resultados.

Bio-Região-CMCD – Através de estratégias de comunicação evidenciar e valorizar o potencial dos recursos locais através de novas abordagens promocionais. Estabelecimento de parcerias. Comunicação e divulgação de resultados

Associação de desenvolvimento da Região do Alto Tâmega – Estratégias de comunicação do potencial dos recursos locais através de novas abordagens promocionais. Estabelecimento de parcerias. Identificação de novos mercados. Comunicação e divulgação de resultados.

Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Desenvolvimento de estratégias de comunicação com recurso a plataformas digitais e o desenvolvimento dos respetivos conteúdos. Estabelecimento de parcerias. Fornecimento dos conteúdos a serem considerados na plataforma digital e ferramenta de apoio ao agricultor.

Associação para o Desenvolvimento Agrário Transmontano – Transferência de conhecimento. Identificação de novos mercados. Estabelecimento de parcerias entre agricultores, empresas, operadores turísticos, associações e o poder local.

Associação portuguesa de agricultura biológica, AgroBio –. Educação dos consumidores para os conceitos da dieta saudável e sustentável. Comunicação e divulgação de resultados.

Sementes Vivas – Caracterização e propagação de material vegetal. Disponibilidade de sementes a produtores. Comunicação e divulgação de resultados.

Biobrássica – Identificação de novos mercados nacionais e internacionais para promoção de hortícolas e fruta da região com especificidades próprias. Evidenciar o seu potencial através de uma nova abordagem promocional da qualidade e unicidade do que é português.

Cooperativa Agrícola de Boticas – Transferência de conhecimento para os vários agentes das fileiras. Estabelecimento de parcerias entre agricultores, empresas, operadores turísticos, associações e o poder local.

HortiJales (Norberto Pires) – Propagação das espécies/variedades resultantes do levantamento efetuado e com elevado interesse comercial.

Kiwa Sativa – Certificação da produção em modo biológico. Estabelecimento de parcerias entre agricultores e outros agentes da fileira.