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SustainGrowth: sistema de certificação da produção nacional rumo à intensificação sustentável da agricultura (ID: 322 )
Coordenador: INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
Identificação do problema ou oportunidade
A agricultura intensiva, por
via da intensificação e da otimização de fatores de produção , tem um papel
determinante no fornecimento de alimentos diversificados a preços mais acessíveis
e a redução da pressão agrícola sobre espaços de maior valor natural. Contudo,
o aumento da área de regimes culturais mais intensivos, por vezes associado a
novas culturas ou sistemas de produção, pode introduzir maiores pressões nos
recursos naturais locais, e acentua algumas novas questões, como as condições socio
laborais de trabalhadores imigrantes.
A grande maioria agricultores
envolvidos em práticas intensivas, adotam hoje diversas técnicas e tecnologias
de suporte à gestão mais eficiente dos recursos, tanto por razões económicas
como se sensibilidade para as questões ambientais, a sustentabilidade das
explorações agrícilas e as exigências dos consumidores. No entanto, existe
margem de progressão no sentido da melhoria das condições de sustentabilidade
das atividades agrícolas, devendo os resultados obtidos ser divulgados por
forma a melhorar a imagem do setor junto da sociedade e mercados internacionais.
Neste contexto, é também necessário desenvolver um sistema de informação mais atualizado,
centralizado e estruturado, com vista à tomada de decisões que visem a
sustentabilidade ambiental, social e económica das explorações agrícolas assim
como uma escolha mais informada por parte dos consumidores e mercados
internacionais.
Por outro lado, é fundamental
incorporar mais conhecimento e inovação nas explorações agrícolas intensivas,
disponibilizar ferramentas para capacitação das PMEs do setor, através da
divulgação de boas práticas de sustentabilidade e frontrunners no seu setor e região, como forma de incentivo à
melhoria contínua.
Estes objetivos estão em linha
com a “Agenda Terra Futura”, que estabelece que em 2030 se atinja mais de
metade da área agrícola em regimes de produção sustentável reconhecidos, e
pretende cumprir o estabelecido na RCM 97/2021, de 27 de julho, que define as
orientações e recomendações relativas à informação e sustentabilidade da
atividade agrícola intensiva, onde é determinada a execução de um
projeto-piloto para a criação (…) de regimes de certificação de produção
sustentável e abrangendo as vertentes ambiental, económica, laboral e
responsabilidade social (n.º 9). Esta RCM determina ainda que o projeto-piloto
deverá incidir sobre culturas de olival e amendoal, na Zona de Influência de
Alqueva; culturas protegidas no Aproveitamento Hidroagrícola do Mira e cultura
de abacate no Algarve (n.º10).
Atendendo ao exposto, os
promotores apresentam a Iniciativa SustainGrowth que tem por objetivo a criação
de um regime de certificação da produção intensiva sustentável, abrangendo as
vertentes ambiental, económica, social e de governance,
adaptado à realidade do tecido agrícola e às condições edafoclimáticas do
território nacional.
O líder do projeto é o INIAV,
em cumprimento do Despacho nº 4/2021 da Senhora Ministra da Agricultura, que
atribui a esta entidade a responsabilidade pela implementação do projeto-piloto
para a criação, ou adoção, de regimes de certificação de produção sustentável
(…), previsto na RCM 97/2021 (nos 9 e 10).
Ao INIAV associam-se outras
entidades de reconhecido mérito na área da sustentabilidade e transformação
digital da agricultura, bem como diversas PMEs. O trabalho colaborativo entre
empresas e entidades do SCTN, terá como principais resultados esperados:
- Um
sistema de certificação em intensificação sustentável, incluindo um selo para a
sustentabilidade das culturas estratégicas nacionais, com vista à promoção dos
produtos agroalimentares portugueses, a sua visibilidade ao longo da cadeia de
valor e nos mercados internacionais;
- Um
sistema centralizado de informação de indicadores de sustentabilidade, que
permita aos produtores posicionar o seu desempenho face às melhores práticas e
definir metas para melhoria contínua; e à tutela o desenvolvimento de políticas
sustentado em informação mais fidedigna da realidade e das condicionantes das
culturas a nível regional.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto
SustainGrowth tem como principal objetivo a criação de um regime de
certificação da produção intensiva sustentável, abrangendo as vertentes ambiental,
económica, social e de governance,
adaptado à realidade do tecido agrícola e às condições edafoclimáticas do
território nacional. Com este projeto, o consórcio pretende disponibilizar às
empresas do setor um sistema de certificação com indicadores / métricas que
permitam analisar o desempenho atual, estabelecer objetivos e metas para
melhoria contínua e um quadro de benchmarking
com as melhores práticas. Por outro lado, pretende-se criar um sistema
centralizado de informação de indicadores de sustentabilidade, que permita à
tutela o desenvolvimento de políticas e a tomada de decisão baseada em
informação mais fidedigna da realidade e das condicionantes das culturas a
nível regional.
Espera-se, desta
forma, promover a sustentabilidade dos produtos agroalimentares portugueses, a
sua visibilidade ao longo da cadeia de valor e a entrada mais facilitada nos
mercados internacionais.
O projeto irá
incidir nas culturas de olival e amendoal na Zona de Influência do Alqueva, nas
culturas protegidas (frutos vermelhos e hortícolas) no Aproveitamento
Hidroagrícola do Mira e na cultura de Abacate no Algarve.
Por forma a atingir
os objetivos propostos, o consórcio estabeleceu um plano de trabalhos assente
numa abordagem colaborativa entre as várias partes interessadas que se baseia
na auscultação prévia, sobretudo aos produtores, relativamente aos critérios de
base e ou indicadores, para atribuição da certificação.
Por outro lado, o
desenvolvimento do sistema de certificação SustainGrowth irá basear-se em
normativos internacionais já existentes, como por exemplo, o GLOBAL GAP, por
forma a promover a harmonização entre diferentes referenciais bem como
facilitar o reconhecimento internacional dos produtos portugueses.
O consórcio irá
validar um sistema de certificação desenvolvido na fase inicial do projeto,
através da realização de testes piloto em explorações agrícolas pertencentes a
PMEs do consórcio. Os dados a recolher incluirão dados já monitorizados pelos
produtores, assim como dados in situ a recolher por parte do INIAV, bem
como dados disponíveis de anteriores projetos I&DT, nomeadamente o projeto
DigiFarm2all (acabate, olival e frutos vermelhos), entre outros.
Prevê-se que o
projeto tenha uma duração total de 33 meses, estimando-se o arranque em janeiro
de 2023. Em termos de fases de desenvolvimento encontra-se estruturado em seis work
packages, que se descrevem em seguida:
·
Definição do Referencial para a Certificação
(WP1): Auscultação às partes interessadas sobre indicadores mais
relevantes, barreiras e oportunidades; benchmark de sistemas de
certificação atualmente existentes, levantamento de fontes de informação
disponível e definição do referencial de certificação;
·
Desenvolvimento da Plataforma SustainGrowth
(WP2): Definição dos requisitos, especificações e arquitetura da plataforma
de recolha e gestão de dados; desenvolvimento e integração de módulos; criação
da plataforma e respetivos testes em interligação com a WP3;
·
Implementação do sistema de certificação e
análise de performance das culturas (WP3): Teste do sistema e respetiva
plataforma em ambiente real, através de recolha de dados de campo em 14 estudos-pilotos,
análise e tratamento dos dados, geração de indicadores e relatório de
desempenho sustentável;
·
Estratégia de Exploração dos Resultados
(WP4): Definição da estratégia de exploração dos resultados do projeto
(modelo de negócio); definição de oportunidades de desenvolvimento futuro do
sistema/plataforma SustainGrowth, sobretudo na vertente digitalização integral
do sistema;
·
Disseminação e Comunicação do Projeto (WP5):
Desenvolvimento de atividades de networking e cooperação de âmbito nacional e
internacional, criação de um Advisory Group, ações de sensibilização a
PMEs e difusão dos resultados;
·
Gestão de projeto (WP6): Gestão
contratual, administrativa financeira e técnico-científica.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
INIAV: laboratório do
estado que desenvolve atividades de investigação aplicada para a agricultura e
veterinária e responsável por efetuar o apoio técnico e científico para este
setor (público e privado). Com abrangência em todo o território, integra a
maioria das competências deste sector. Principais funções no projeto:
líder do consórcio, responsável pela implementação do sistema de certificação e
análise da performance das culturas estratégicas, promoção de workshops para
auscultação das necessidades para intensificação sustentável da produção e
formação de um grupo de aconselhamento.
Associação SFCOLAB: laboratório
colaborativo para a inovação digital na agricultura, que tem como missão a
transferência do conhecimento e da tecnologia para o sector agrícola. Neste
sentido, visa investigação aplicada (TRL 5-8) e o desenvolvimento de serviços
para a digitalização da Agricultura, abordando as alterações climáticas,
inteligência artificial e economia circular. Principais funções no projeto:
Desenvolvimento do sistema informático para a Plataforma SustainGrowth e
digitalização integral do sistema, análise dos fatores de sustentabilidade nos
sistemas produtivos intensivos e desenvolvimento do quadro normativo de boas
práticas.
ISQ: associação privada,
sem fins lucrativos, reconhecido como Centro de Tecnologia e Inovação. Oferece
diversos serviços e soluções tecnológicas para os setores agrícola e
agroalimentar, nomeadamente: serviços analíticos; controlo de segurança e
qualidade alimentar; ensaios em embalagens e produtos de contacto alimentar;
consultoria em eficiência de recursos, entre outros. Principais funções no
projeto: Definição do
referencial para a certificação; definição dos requisitos, especificações e
arquitetura da plataforma SustainGrowth; participação nas atividades de teste e
demonstração em ambiente real.
COTHN-CC: visa promover o
desenvolvimento da fileira hortofrutícola nacional, através da investigação
aplicada, melhoria do nível de conhecimentos no sector, aprofundamento da
cooperação e das parcerias nas áreas da tecnologia e da organização. Participa
em diversos projetos nacionais e internacionais, com o objetivo de apoiar e
modernizar a produção do setor hortofrutícola, e tem desenvolvido um vasto
conjunto de serviços de apoio no preenchimento dos requisitos dos referenciais
de qualidade de produção, inspeção de pulverizadores e avaliação de sistemas de
rega.
AJAP: é a única
organização que representa a nível nacional, europeu e internacional, os Jovens
Empresários Agrícolas Portugueses. A AJAP está presente no Conselho Europeu de
Jovens Agricultores. Principais funções no projeto: Responsável pela
estratégia de exploração de resultados e desenvolvimento do negócio e pela
cooperação e networking de âmbito nacional e internacional.
EDIA: tem uma orientação
baseada nos eixos prioritários do aproveitamento do Empreendimento da água e no
aumento da produção e rentabilização dos investimentos nas infraestruturas
criadas e, no desenvolvimento econômico e social da sua área de influência. Principais
funções no projeto: apoio na definição do referencial para a certificação,
com destaque no levantamento de fontes de informação disponíveis por parte de
empresas e Administração Pública e no desenvolvimento da Plataforma
SustainGrowth e implementação do sistema de certificação e análise da
performance das culturas.
PMEs: Principais
funções no projeto: disponibilização das explorações para desenvolvimento
da metodologia para certificação das culturas e acompanhamento temporal;
participação no desenvolvimento dos indicadores, na comunicação da informação
do caderno de campo e informação das parcelas.
As competências do consórcio permitirão uma maior
consolidação e validação das orientações para a intensificação sustentável e,
assim, permitir uma transição mais sustentável e a valorização deste sector através
da certificação de produtos relevantes nas exportações nacionais, e ainda a
melhoria de um sistema global de informação associado à atividade agrícola
intensiva.
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