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SafeCheese (ID: 327 )
Coordenador: Universidade da Beira Interior
Iniciativa emblemática: 2. Uma Só Saúde
Data de Aprovação: 2022-09-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
Identificação do problema ou oportunidade
Na região
da Beira Interior, a produção de leite e queijo de ovelha e cabra tem tido um
papel importante na sustentabilidade da região, nomeadamente em áreas mais
rurais e de baixo potencial produtivo noutros sectores. Assim, o leite de
ovelha e de cabra é muito usado na produção de queijos tradicionais,
nomeadamente queijos com denominação de origem protegida (DOP), ao nível da
produção tradicional em pequenas queijarias e/ou em indústrias queijeiras. Os
queijos DOP, nomeadamente da região das Beiras e Serra da Estrela e da Beira
Baixa como o queijo da Serra da Estrela, da Beira Baixa, o queijo picante da
Beira Baixa, Amarelo da Beira Baixa e queijo de Castelo Branco, são produtos de
elevado interesse comercial a nível nacional e também internacional.
Estes queijos
são produzidos com leite cru, o que contribui para o desenvolvimento das suas
propriedades organoléticas características. No entanto, patógenos transmitidos
por alimentos são uma das causas mais comuns e preocupantes de doenças em todo
o mundo, estando também associados ao consumo de queijo de leite cru, o que tem
levantado preocupações sobre a segurança microbiológica deste produto.
Embora o
uso de antibióticos nestes pequenos ruminantes seja baixo comparado com a
criação de outros animais para consumo humano, havendo, por isso, um menor potencial
papel no desenvolvimento de resistência a antibióticos, o leite cru pode conter
bactérias (multi)resistentes. Assim, o leite cru e produtos derivados como o
caso dos queijos, podem ser apontados como uma fonte de bactérias patogénicas
portadoras de resistência a diferentes grupos de antimicrobianos, constituindo
assim um risco para a saúde do consumidor. Este facto, para além de se
apresentar como um perigo para a saúde pública pode levar a uma desconfiança no
produto por parte do consumidor, desvalorizando o seu interesse económico para
a região.
Diversos
fatores influenciam o nível de contaminação do leite e dos produtos lácteos com
ele produzidos, incluindo fatores associados à saúde dos animais, tipo de
produção, tamanho do rebanho, mas também fatores relacionados com o ambiente,
como condições da exploração, fezes, solo, água e/ou alimentação, e condições
de manuseio dos animais e equipamentos. Outro fator a ter em consideração é que
nesta região do país os sistemas de produção destes pequenos ruminantes
associados à produção de leite e também de carne, são caracterizados
maioritariamente pelo pastoreio extensivo do qual decorrem diversos benefícios
ambientais, e contribuem largamente para as características finais do produto,
nomeadamente do queijo. No entanto, o ambiente envolvente pode ser uma fonte de
contaminação animal e vice-versa, e em que alterações climáticas e fogos influenciam
claramente o processo e podem levar a alterações no maneio e condições dos
animais. Além disso, os passos subsequentes de ordenha, armazenamento e
transporte do leite, produção do queijo e sua maturação, e especificidades da
produção de cada tipo de queijo, podem ter um papel relevante na salubridade do
produto final e potencial fonte de patógenos e resistência a antimicrobianos
(RAM). Consequentemente é necessária uma monitorização eficiente de patógenos
que possam estar associados a estes produtos, passando pelos ambientes
associados à produção de leite, fabrico do queijo e estágios pós-fabrico. O
SafeCheese pretende desenvolver um sistema de intervenção educativa, que
associado a um sistema de vigilância epidemiológica e biológica, levando à
criação de um sistema de apoio à decisão integrado que permita o controlo de
infeções envolvendo os rebanhos, mas também pelo uso prudente de antibióticos. Com esta proposta,
pretendemos contribuir para uma utilização mais racional de agentes
antimicrobianos nestas explorações, mantendo a saúde do animal e o lucro do
produtor, enquanto compreendemos a emergência da RAM e a potencial dinâmica de
transmissão de patógenos multirresistentes ao longo de toda a cadeia de
produção de queijos DOP da Beira Interior, através da colaboração de
profissionais do sector agropecuário e alimentar, veterinários e cientistas.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto SafeCheese liderado pela UBI – Universidade da Beira Interior, apresenta, para além de claras competências de investigação, desenvolvimento e inovação,
um consórcio composto por parceiros de valor acrescentado, como o centro de
competência de pastoreio extensivo (ADPM), a associação de produtores Ovibeira,
Município do Fundão e 11 parceiros PMEs ligados ao setor. No que respeita à
área geográfica de aplicação o projeto será desenvolvido em duas NUT II Centro
e Alentejo. Objetivo 1: Pretende-se desenvolver um Consórcio
de Inteligência Epidemiológica gerido como quadruple hélix (de acordo,
com a LA 2.1). As entidades, lideradas pela UBI, vão criar e
operacionalizar um consórcio de Inteligência Epidemiológica com vista a
melhorar a resposta a potenciais zoonoses e outras ameaças, nomeadamente, resistência
a antimicrobianos (RAM) na cadeia de produção de queijo a partir de leite cru, irá envolver 8 PMEs no consórcio numa fase
inicial do projeto com capacidade de escalar a disseminação para um universo
bem mais alargado de entidades. Objetivo 2: Com as PMEs com
perfil de exploração agro-pecuárias e queijarias pretende-se investigar e
implementar as Metodologias de vigilância (de acordo com LA2.2.) epidemiológica
e biológica focando a monitorização de zoonoses, doenças da via alimentar e RAM
com base em leite cru usado para queijo nas queijarias locais. Este trabalho
irá permitir a harmonização de abordagens metodológicas, procedimentos
operacionais e indicadores. Objetivo 3: O projeto engloba
igualmente o desenho e implementação de um conjunto de intervenções de
reforço do uso responsável de antimicrobianos em agropecuária (de acordo com LA2.3),
que de forma integrada com as diversas atividades, dará origem ao desenvolvimento
de uma aplicação informática de avaliação de indicadores de saúde animal e
utilização de antibióticos, permitindo reforçar sistemas epidemiológicos de
vigilância e controlo, para melhorar a resposta a potenciais zoonoses e outras
ameaças. Objetivo
4: O
projeto envolve desta forma uma componente de integração de sistemas (de
acordo com a L.A. 2.4), com foco na interoperabilidade e na gestão de
sistemas epidemiológicos de vigilância e controlo e potencial para
melhorar a resposta dos organismos da Administração Pública ao impacto de
potenciais zoonoses e outras ameaças. Objetivo 5: O projeto
permite melhorias na rastreabilidade e nos indicadores direcionados para a
segurança alimentar (de acordo com a L.A. 2.5 – Avaliação de Indicadores) ao
desenvolver aplicações para a avaliação remota de indicadores de saúde humana,
saúde animal, fitossanidade e higiene ambiental.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A
parceria será liderada pela UBI – Universidade da Beira Interior, cujas principais
responsabilidades serão: investigar, gerir o projeto e parceiros, aferir o
cumprimento dos objetivos, apoiar na transposição da investigação para o
terreno/PMEs. O Centro de competências ADPM, será responsável por aferir
a adequação, apoio à investigação e respetiva consistência na aplicação no
terreno, apoiar a comunicação e transpor know-how transversal a outros
elementos da sociedade civil (quadruple hélix). Município do Fundão/Câmara
Municipal Fundão, visto que esta iniciativa tem por base o polo de inovação
Quinta dos Lamaçais, este parceiro chave terá a responsabilidade de dar visibilidade
e dinamizar o projeto nas feiras de agricultura e junto de outros stakeholders,
implementar o seu projeto em polo de inovação, integrar com projetos de I+D+I
em curso em polo de inovação, criar e dinamizar a rede das queijarias e apoiar a
adoção de tecnologia no tecido empresarial. Do sistema cooperativo e
associativo, Ovibeira - Associação de Produtores Agropecuários terá a
responsabilidade de transpor o produto da investigação, o know-how e inovação,
para os produtores. Do tecido empresarial, o consórcio conta com 11 PMEs
assegurando a adoção da tecnologia e a investigação aplicada no setor(es) nas
quais fazem parte diversos produtores agropecuários (Joaquim Manuel Matos
Quelhas, Nature Fields, Teresa Faísca, Fernando Vaz Antunes e Montes das Cabras
Lda, diversos produtores de queijo: Soalheiralves (empresa Joaquim António
Duarte Alves e Filhos, Lda), Beiralacte e Damar (Quejos Tavares S.A.) assim
como entidades do setor que trabalham tecnologia, disseminação e comunicação
ajudando a programação tecnologia e a disseminação: AYA Solutions (programação
e integração de sistemas de saúde animal), DEEPEYE, C4G a nível de capacitação
e Conceptwin. A
Metodologia contempla uma abordagem integrada estruturada em 3 grandes eixos
estratégicos, nomeadamente: Eixo 1 de
investigação e desenvolvimento Líder: UBI Parceiros: ADPM, Ovibeira e o
Município/Câmara do Fundão Áreas de trabalho · Criação do consórcio de inteligência epidemiológica (LA2.1). Determinar a ocorrência de antimicrobianos de uso humano e animal
em amostras ambientais de acesso aos animais (água, solos, forragens,
alimentação…), e em resíduos provenientes da criação de ovinos e caprinos e das
queijarias, nomeadamente das suas águas residuais, assim como, monitorizar a
presença de agentes patogénicos e perfil de resistência dos mesmos, tal como de
genes determinantes de RAM, ao longo de todo o processo, permitindo uma
avaliação da dinâmica de transmissão de patógenos e RAM. - Harmonizar
abordagens metodológicas, procedimentos operacionais e indicadores (LA2.2). Criar uma parceria ativa entre os setores da produção de pequenos
ruminantes e leite, produção de queijos DOP da região, da medicina veterinária
e de sector académico, no sentido de potenciar uma atualização da informação
relativa a medidas de controlo de doenças infeciosas e disseminação de RAM, com
intuito de assegurar a saúde dos animais, do consumidor e proteção do meio
ambiente, iniciar-se-á com intervenções educativas sobre a administração de
antibióticos e RAM. Eixo 2 –
Experimentação, desenvolvimento e avaliação Líder: Ovibeira Parceiros: UBI,
empresas PMEs Áreas de trabalho - Intervenções de reforço do uso responsável de antimicrobianos em
agropecuária (LA2.3) empresas de agropecuária e queijarias, acompanhada pela
vigilância epidemiológica e biológica. Integração de sistemas (LA2.4) AYA Solutions e queijarias -
desenvolvimento de uma aplicação informática de avaliação de indicadores de
saúde animal e utilização de antibióticos, permitindo reforçar sistemas
epidemiológicos de vigilância e controlo, para melhorar a resposta a potenciais
zoonoses e outras ameaças. Avaliação de indicadores (LA2.5) AYA solutions, DeepEye, C4G e
outros parceiros Eixo 3 – Capacitação e disseminação
dos resultados Líder: Conceptwin, Parceiros: Município
do Fundão, C4G e todos os parceiros do projeto Áreas de trabalho · Formação desenhada com apoio dos stakeholders do sector e
profissionais na área veterinária, e focalizada na otimização de
comportamentos, que será posteriormente testada pela avaliação da redução do
uso de antibióticos e com utilização de um sistema de vigilância epidemiológica
e biológica. Produção de documentação visual focada na identificação de fatores
de risco e critérios de aplicação de medidas alternativas à utilização de
antibióticos ou à aplicação dos mesmos, desenhada com foco nos operadores do
setor (cartazes, flyers, e aplicação informática).
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