Bolsa de Iniciativas PRR

 

HFood4HLife - Healthy Food for a healthy life (ID: 334 )
Coordenador: IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
 
Identificação do problema ou oportunidade

O consumo excessivo de calorias (combinado com menor atividade física), juntamente com a ingestão excessiva de determinados ingredientes, particularmente sal e açúcar, e aditivos como os nitritos e nitratos, está frequentemente associada ao aumento da obesidade e doenças crónicas como diabetes, hipertensão, acidentes vasculares cerebrais, hiperlipidemia, doenças cardiovasculares e cancro.

A Organização Mundial da Saúde relata que a obesidade atingiu proporções epidémicas em todo o mundo, com pelo menos 2,8 milhões de pessoas a morrer a cada ano como resultado de sobrepeso ou obesidade e 14 milhões de novos casos de cancro, com um aumento esperado de 70% para as próximas duas décadas. Além disso, estima-se que 31% de todas as mortes estejam relacionadas a doenças cardiovasculares (DCV). Em relação à obesidade, cancro e DCV, uma alta percentagem é atribuída a uma dieta inadequada, contendo suspeita de carcinogéneos, insuficiência de nutrientes benéficos e altos níveis de consumo de sódio.

Este problema é muito relevante numa população envelhecida, como a portuguesa, que não foge à tendência da população europeia, para a qual se prevê que em 2050, 28% das pessoas tenham mais de 65 anos. Não obstante, é um problema transversal a todas as gerações, sendo que a aposta num comportamento fit é uma tendência sociologicamente forte e perdurável.

Atualmente os consumidores estão mais recetivos a uma alimentação baseada em produtos com melhores características nutricionais e também mais atentos às questões ambientais, sociais e éticas, prezando mais do que nunca o valor dos alimentos.Este contexto representa uma boa oportunidade para alavancar iniciativas de desenvolvimento e inovação na área alimentar com evidências de benefícios para a saúde, para a incorporação em planos dietéticos, entre outros.

Ligar esta dimensão de saúde a produtos tradicionais portugueses sem os descaracterizar, permitirá acrescentar uma camada adicional de conhecimento visando a sua valorização e adequação das suas características nutricionais sem prejudicar as características sensoriais. 

Enquadra-se nesta temática a conceção e desenvolvimento de novas estratégias de produção e conservação de alimentos através do estudo e desenvolvimento de alternativas naturais aos conservantes e estabilizadores químicos convencionais (nomeadamente através da eliminação/substituição de compostos de origem sintética por outros de origem natural).

Por outro lado, a investigação ao nível das formulações dos produtos alimentares representa um elevado índice de inovação face às opções atualmente disponíveis no mercado. Acresce que o potencial de aplicação dos resultados ao nível de diversos setores da indústria alimentar, em paralelo com a potencial criação de oportunidades para a valorização de produtos naturais e endógenos, poderá dar um contributo significativo para a valorização do território. 

Prevê-se que o impacto no setor agroalimentar seja significativo, uma vez que permitirá o alargamento do leque de produtos das empresas. A abordagem adotada, ao apostar na aplicação de substâncias naturais, irá simultaneamente contribuir para o reforço e a promoção da pequena agricultura e da agricultura familiar na utilização, conservação e valorização dos recursos endógenos.

No decorrer de projetos anteriormente realizados tais como SoSValor (Soluções Sustentáveis para a Valorização de Produtos Naturais e Resíduos Industriais de Origem Vegetal), e IDEAS4life (Novos IngreDiEntes Alimentares de Plantas MarítimaS), a aplicação de extratos de plantas integradas em matrizes alimentares demonstrou-se muito promissora em termos de conservação ou formulação de novos produtos alimentares. A utilização de plantas halófitas, funcionando como substituto do sal, revelou benefícios expressivos na redução da pressão arterial em estudos-piloto em adultos jovens saudáveis.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Os consumidores estão cada vez mais atentos às questões ambientais, de saúde, sociais e éticas, prezando mais do que nunca o valor dos alimentos. O presente projeto está alinhado com a Estratégia Nacional de Inovação e a Estratégia Europeia para uma Bioeconomia Sustentável, materializada em iniciativas como o programa Horizonte Europa, e com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU no que concerne às orientações e compromissos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Pacto Ecológico Europeu e da estratégia «Do prado ao prato». 

Este projeto promoverá a valorização dos recursos naturais e endógenos numa ótica de sustentabilidade e transição para a economia circular, nomeadamente através da valorização dos extratos de plantas aromáticas e medicinais (PAM), halófitas ou de coprodutos da indústria agroalimentar. Estes aspetos têm grande significado ao nível económico, ambiental e social nos diversos territórios e regiões do país. 

Como objetivos visa:

- promover a saúde do consumidor, através da redução do teor de conservantes químicos potencialmente nocivos, em prol da utilização de conservantes naturais; 

- promover a produção sustentável de alimentos diferenciados, seguros, de qualidade e elevado valor acrescentado;

- garantir a segurança alimentar, a nutrição e a saúde pública; 

- auxiliar a indústria agroalimentar tradicional para a sustentabilidade dos seus produtos;

- preservar a acessibilidade do preço dos alimentos, gerando rendimentos económicos mais justos na cadeia de abastecimento;

- incentivar a preservação da biodiversidade, diversificando e favorecendo o uso de recursos naturais e capacitar território para o seu uso sustentável;

- realizar ações de divulgação que levem à criação de pequenos negócios ou incrementem o rendimento dos produtores, tornando as sua atividade atrativa e competitiva, nomeadamente para os jovens, incentivando à sua fixação em territórios de base rural.

Para concretização dos objetivos serão desenvolvidas as seguintes atividades/tarefas:

1.   Coordenação do Projeto: coordenação do projeto e articulação entre os parceiros e equipas de investigação, criando sinergias e promovendo a participação ativa de todos os envolvidos;

2.   Conceção e desenvolvimento do(s) modelo(s):

2.1.   Conceção e desenvolvimento de alternativas às estratégias de conservação atuais, através do estudo e desenvolvimento de opções naturais aos conservantes e estabilizadores químicos convencionais utilizados, nomeadamente através da eliminação/substituição de conservantes de origem sintética por outros de origem natural;

2.2.   Identificação, seleção e caracterização de novos bioconservantes naturais que permitam melhorar a conservação sem alterar as propriedades organoléticas dos produtos; valorização de recursos endógenos;

3.   Validação do(s) modelo(s) proposto(s): 

3.1 Avaliação da segurança físico-química e microbiológica dos produtos desenvolvidos, assim como a manutenção ou melhoramento das suas características nutricionais e organoléticas;

3.2 Avaliação do impacto na saúde humana: estudo do efeito dos alimentos e seus componentes na saúde humana avaliando, no formato de Ensaio Clínico, o efeito em diversos parâmetros cardiovasculares, bioquímicos e antropométricos;

4.   Produtos e sua comercialização 

4.1 Dinamização de circuitos curtos agroalimentares que valorizem os produtos tradicionais;

4.2 Avaliação das potencialidades dos mercados locais para valorizar produtos; modelo de governança de circuitos curtos coletivos; 

4.3 Avaliação da potencialidade de internacionalização dos modelos desenvolvidos;

Divulgação e disseminação de resultados: divulgação do projeto e dos resultados junto de agricultores, agroindústria, associações setoriais, técnicos superiores de entidades com poder executivo e legislativo, comunidade científica e da sociedade em geral.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

projeto reúne um conjunto de entidades com uma dinâmica complementar nas atividades do consórcio. Inclui um modelo de governança duplo que inclui o Conselho Coordenador (CC) e as Equipas de Investigação (EI) que funcionam de forma independente, mas concertada.
 

O CC reúne os responsáveis das EI e o coordenador do projeto para planear a implementação das atividades/tarefas, monitorar a sua execução, identificar possíveis dificuldades e constrangimentos e definir um conjunto de ações e medidas de mitigação desses problemas.

As EI são responsáveis pela execução das ações nas suas respetivas áreas de atuação e pela divulgação dos resultados alcançados, sendo que cada uma tem um responsável pela articulação da equipa e pela implementação das atividades/tarefas da linha de ação a seu cargo.

-Instituto Politécnico de Coimbra (IPC): coordenação do projeto e articulação entre todos os parceiros, criando sinergias e promovendo a participação ativa de todas as entidades. Terá um papel transversal em todas as tarefas do projeto.

O IPC é composto por 3 equipas em áreas complementares:

Escola Superior Agrária de Coimbra - irá intervir diretamente na investigação de novos ingredientes e produtos alimentares de forma transversal no projeto. T 1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2, 4.1, 4.2, 4.3 e 5.

Escola Superior de Tecnologia da Saúde Coimbra – avaliação do impacto dos modelos alimentares desenvolvidos na saúde dos consumidores;

Instituto Superior de Contabilidade e Administração Coimbra – divulgação e comercialização dos modelos desenvolvidos, sobretudo na avaliação da potencialidade de internacionalização.

Salina Greens: parceiro estratégico no uso de halófitas e seus derivados como potenciais ingredientes nos modelos alimentares a desenvolver. T 2.1, 2.2, 5.

Ervitas Catitas: parceiro estratégico com interesse do uso de ervas aromáticas e óleos essenciais nos modelos alimentares a desenvolver. T 2.1, 2.2, 5.

AlgaPlus: parceiro importante no estudo do uso de macroalgas marinhas autóctones nos modelos de alimentos propostos. T 2.1., 2.2, 5.

GreenCoLab: estudo e desenvolvimento de modelos alimentares com aplicação de algas. T 2.1., 2.2, 5.

Quinta da Torre de Bera/Ferdinando Bernardino de Freitasparceiro estratégico na pesquisa e seleção de potenciais substâncias naturais obtidas do figo da índia e produtos derivados, que possam ser utilizadas nos modelos alimentares propostos. T 2.1, 2.2.

Tété Produtos Lácteos: relevante no desenvolvimento de produtos com valor acrescentando obtidos no modelo proposto pelo projeto, na área dos lacticínios. T 2.1, 2.2;

Carlos Alberto Costa Lopes (Queijaria de Germil): relevante no desenvolvimento de produtos com valor acrescentando obtidos no modelo proposto pelo projeto, na área dos lacticínios. T 2.1, 2.2;

Incarporelevante no desenvolvimento de produtos transformados de carne com redução de conservantes (nitritos e nitratos) valorizando os produtos obtidos no modelo proposto pelo projeto. T 2.1, 2.2;

Lousãmel: a participação reforça a investigação, a difusão do conhecimento, a promoção da inovação do uso do mel com substituto do açúcar convencional, e dos seus produtos derivados e a qualificação dos produtores. T 2.1, 2.2, 4.1, 4.2 e 5;

CoimbraMaisFuturo: papel relevante na mobilização dos produtores locais, na facilitação da transferência do conhecimento e na comunicação. T 4.1, 4.2 e 5;

Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecológica representado pela CNA: a participação reforça a investigação, a difusão do conhecimento, a promoção da inovação e a qualificação dos produtores. T 4.1, 4.2 e 5;

Centro de Competências das Plantas Aromáticas, Medicinais e Condimentares representado pela ADCMoura: a participação reforça a investigação, a difusão do conhecimento, a promoção e a qualificação dos produtores. T 4.1, 4.2 e 5;

Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra: parceiro fundamental na transferência de conhecimento, promoção da inovação e na qualificação de produtores, bem como na dinamização de circuitos curtos e na promoção dos modelos dos produtos alimentares desenvolvidos. Tarefas 4.1, 4.2 e 5;

 
Interlocutor: Susana Maria Pereira Dias   Email interlocutor: sudias@esac.pt   Email entidade: ipc@ipc.pt