Bolsa de Iniciativas PRR

 

VALproFood - Inovar na valorização e promoção da azeitona de mesa, da amêndoa e do figo de Trás-os-Montes e Alto Douro (ID: 336 )
Coordenador: MORE - Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação - Associação
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Terras de Trás-os-Montes
 
Identificação do problema ou oportunidade

Os setores dos produtos que a proposta pretende abordar, a azeitona de mesa, a amêndoa e o figo, detêm grande importância na agricultura europeia, representando algumas das principais atividades económicas em várias regiões produtores do Mediterrâneo. São produzidos na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, seja na forma fresca ou transformada, e são amplamente reconhecidos pela sua qualidade junto dos consumidores e enquadrados na dieta mediterrânica. Contudo, do ponto de vista da produção, são setores que se encontram extremamente fragmentados e que se caracterizam essencialmente por um reduzido número de pequenas empresas e explorações familiares de pequena dimensão, as quais geralmente têm baixas margens de lucro e, dessa forma, ficam expostas às variações de produção anuais. O contexto socioeconómico tem levado a que os produtores apostem essencialmente na venda dos produtos em fresco como forma mais segura de escoamento, o que contribui para a contínua estagnação do setor. 

Tendo como ponto de partida a reconhecida qualidade dos produtos junto dos consumidores e mercados, tanto nacionais como internacionais, a produção destes, é merecedora de uma aposta e de um investimento que possibilitará aumentar a sua quota nacional e levar estes excelentes produtos a outros mercados. É fundamental que haja uma aposta destes setores no processamento e transformação de produtos e, como é já amplamente conhecido, estes são de excelente qualidade, com diferentes graus de processamento, como é o caso da azeitona de mesa de conserva, do figo seco e da amêndoa pelada, entre outros. A proposta, pretende trabalhar junto de produtores, empresas e demais entidades no sentido de apostar na valorização e promoção dos mesmos que já são reconhecidos nos mercados, mas que atualmente não têm expressão significativa. Dada a especificidade de cada um dos setores, é fundamental que as estratégias a ser implementadas se coadunem com a posição dos mesmos nos mercados onde operam 

A azeitona de mesa, dada a sua qualidade diferenciada e as características típicas da região, é fundamental a criação de uma IGP que identifique o produto e certifique a sua qualidade tanto no mercado nacional como internacional. A denominação IGP será um importante impulso para um aumento na produção de azeitona de mesa e dos produtos derivados já conhecidos como as alcaparras e, contribuirá ainda, para uma aposta na inovação e no desenvolvimento de produtos diferenciados, como a pasta de azeitona, criando potencial para atrair os mercados europeus e não só. A amêndoa é um fruto seco apreciado na dieta mediterrânica e que tem sido alvo de inovação no desenvolvimento de novos produtos. Uma aposta na promoção deste setor que permita aumentar a sua produção, dará um importante contributo para reforçar a sua quota de mercado nacional e abordar novas rotas de exportação, que apenas é possível através de uma contínua inovação ao nível dos produtos e da sua qualidade. O figo, dada a sua perecibilidade, é um produto no qual uma aposta na produção levará a um aumento da sua quota nacional e em mercados europeus de proximidade, como Espanha.  É importante direcionar esforços no sentido de fomentar a produção de figo seco, pois apesar de ser de reconhecida qualidade, permite aumentar o tempo de prateleira o que possibilita abordar outros mercados e consumidores. Além disso, abre-se a porta à inovação e à criação de novos produtos a partir de figo, como o figo seco em conjunto com outros frutos, ou diferentes processamentos, como a pasta ou compota. A participação da associação GoFigo terá um papel fundamental na promoção/comercialização deste setor e, na replicabilidade da estratégia na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. 

Apesar do foco em Trás-os-Montes e Alto Douro, pretende-se estabelecer linhas orientadoras para um aumento estruturado destes setores a nível nacional e permitir uma posição competitiva junto dos mercados internacionais. Assim, mesmo perante as características diferenciadas da região, a cultura de produção destes setores, nomeadamente de sequeiro, encontra-se distribuída e replicada um pouco por todo o país, abrindo caminho a que possa existir uma política estruturada de valorização dos produtos agroalimentares decorrente desta proposta e que terá um impacto positivo no mercado nacional. 

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Esta iniciativa incide na valorização e promoção de três fileiras representativas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro - a azeitona, a amêndoa e o figo. Estes produtos integram a dieta mediterrânica, conhecida pelos seus padrões alimentares saudáveis e sustentáveis, e que nos últimos anos tem impulsionado novas tendências de consumo. Grande parte dos pomares daqueles frutos são tradicionalmente de sequeiro, bem-adaptados ao clima do Nordeste do país apresentando, por isso, um grande potencial para a criação de novos produtos que respondam às novas exigências do mercado nacional e internacional.  Garantido a qualidade e autenticidade dos produtos que propomos valorizar nesta proposta, e com o intuito de atrair novos consumidores, pretendemos aplicar estratégias de promoção e comercialização de modo a criar uma identidade diferenciadora relativamente ao que já existe no mercado. 

Destes produtos, a azeitona de mesa, é particularmente um produto apreciado e consumido, principalmente na zona do Mediterrâneo, pelas suas caraterísticas sensoriais, químicas e nutricionais. Em Portugal, na campanha de 2021/2022, foram exportadas 25207 toneladas de azeitona de mesa, valores muito inferiores aos países mediterrâneos, como a Espanha, Itália e Grécia (COI, 2022). Face a este cenário e perante a crescente exigência ao nível dos mercados do setor agroalimentar, é necessária a aplicação de regimes de qualidade que garantam competitividade. A valorização da azeitona de mesa pode ser feita promovendo a utilização de variedades regionais, atribuindo-lhes um selo de qualidade, Indicação Geográfica Protegida (IGP). Esta atribuição também garante autenticidade e promove a preservação dos recursos genéticos endógenos e a diversidade rural. Em Trás-os-Montes, as variedades Cobrançosa, Santulhana, Negrinha do Freixo e Verdeal são as mais expressivas e no decorrer deste projeto, alvo da criação de uma nova IGP - “Azeitonas de mesa Transmontanas”.  

Tal como a azeitona, a amêndoa e o figo são outras culturas de grande importância socioeconómica no Norte de Portugal. Foi em Trás-os-Montes que em 2022 se verificou a maior produção de amêndoa (13567 toneladas) e a maior área ocupada por amendoal (25612 hectares). A relevância regional que a amêndoa assume poderá ser potenciada através da criação de novos produtos, como por exemplo a pasta de amêndoa e a aposta em produtos de pastelaria diferenciadores. 

Dos três produtos que propomos valorizar, o figo é o mais perecível e como tal dificulta a sua comercialização como fruto fresco. Por isso, é tipicamente convertido pela indústria em figo seco e outros co-produtos.  Segundo dados do INE (2020), em 2020 exportaram-se 83 toneladas de figo fresco e 80 toneladas de figo seco. Estes baixos valores comprovam a necessidade de uma estratégia de marketing/comercialização bem definidas (ex: presença em feiras nacionais e internacionais, a criação de uma imagem e de campanhas); bem como evidenciam o potencial que existe na criação de novos produtos (ex. chutney, compotas, entre outros) para aumentar tanto a quota de mercado nacional como internacional. 

É importante mencionar que o presente projeto tem como objetivo não só a criação de novos produtos para a sua valorização, com o intuito de aumentar a competitividade nos mercados e dessa forma aumentar a sua procura, mas também a valorização dos produtos já existentes através de estratégias de promoção/comercialização. 

Em suma, a presente proposta pretende valorizar três culturas representativas do património agroalimentar de Trás-os-Montes e Alto Douro, através de diferentes estratégias de valorização, qualificação através de IGP e promoção, criação de novos produtos,  de forma a evidenciar a diversidade de produtos existentes, a riqueza em variedades regionais com características únicas e distintas de qualidade e autênticas dos produtos, permitindo às empresas e produtores locais alcançarem novos mercados em Portugal e no mundo 

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Instituição de Ensino Superior
IPB, Instituto Politécnico de Bragança (126) 
Caracterização nutricional, organolética e morfológica a nível laboratorial dos três produtos. Elaboração do caderno de especificações para criação da IPG azeitona de mesa.  

Confederação/Federação/Associação
MORE Colab – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação - Associação (2113) 
Coordenação do projeto. Promover e participar na transferência de conhecimento e tecnologia entre as unidades de I&D e as empresas do setor. Prestação de serviços especializados: serviços analíticos, tecnológicos, de inovação, de design e comunicação associadas a I+I e, de consultadoria e assistência científica; 

DRAPN, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (111) 
Dinamização e divulgação dos produtos endógenos; Interação com os produtores e comunicação dos resultados do projeto com o envolvimento da comunidade. Validação da azeitona de mesa para criação de uma IGP. Campo experimental no Pólo de Inovação de Mirandela. 

APPITAD, Associação Dos Produtores Em Proteção Integrada De Trás-os-Montes E Alto Douro (412) 
Identificação de produtores com os produtos alvo e participação nos estudos no decorrer do projeto, bem como na disseminação dos resultados. Divulgação; ações de formação; seminários e promoção dos produtos endógenos em estudo para a comunidade agrícola. Gestor de implementação da IGP nos produtores. 

Associação In Loco - Pensar no Global, Agir no Local (66) 
Dinamização e divulgação dos produtos endógenos; Estudo sobre as tendências de consumo, seu desafios e oportunidades dos produtos alvo. Entidade em representação do centro de competências da Dieta Mediterrânica. 


Centro de Competências
Centro de Competências da Dieta Mediterrânica 
Atividades de Investigação e Inovação. Transferência de conhecimento e formação. Articulação de atores e territórios. 

PMEs
TRÁS-OS-MONTES PRIME, LDA (2282) 
Azeitona, variedade Cobrançosa e Verdeal 

Adega Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta (3292) 
Azeitona, variedade Cobrançosa e Negrinha de Freixo 

SORESA - Vilela, Cardoso & Morais (3420) 
Azeitona, variedade Cobrançosa e Amêndoa, variedade Laurane, parada, entre outras. 

Filipe Carcau (3477) 
Figo, variedade pingo de mel 

Sociedade Agrícola Qta Ribeirinha (2819) 
Amêndoa, variedade Laurane e marcona; Figo, variedade pingo de mel e lampa preta 

Amendouro - Comércio e Indústria de Frutos Secos SA (973) 
Amêndoa, variedade Laurane, guara, pegarinhos, parada, entre outras.  

Rosagro – Sociedade Agrícola, Lda. (1097) 
Figos regionais das variedades lampa preta, pingo de mel. 
Participação da associação GoFigo, como forma de promover a comercialização do figo fresco, seco e transformado.
 
Interlocutor: Filipa Silva Amado   Email interlocutor: famado@morecolab.pt   Email entidade: geral@morecolab.pt