Bolsa de Iniciativas PRR

 

Eco Candine – nova variedade eco sustentável para o mercado nacional e internacional (ID: 337 )
Coordenador: COTHN - Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

Portugal devido às suas condições edafoclimáticas e localização perto do mar, tem uma vantagem competitiva na produção frutícola, ao conseguir produzir frutos com melhor sabor, cor e aroma, que se tem conseguido distinguir nos mercados externos.

A produção nacional de maçã cresceu de 212.000 ton em 2010 para 305.000 ton em 2020. No período de 2010-2014 Portugal exportou 9% da produção de maçãs. No período de 2015-2019 exportou 18%. A Associação de produtores de Maça de Alcobaça (entidade gestora da IGP), representa atualmente 500 produtores em dez concelhos, distribuídos por 18 organizações de produtores, que detêm cerca de metade da produção de toda a região Oeste, aproximadamente 50 mil toneladas. Na última campanha a exportação rondou os 29%.

Tendo por base este enquadramento, existe a oportunidade de potenciar estas condições naturais do nosso país, através da introdução de novas variedades de maça, mais adaptadas às nossas condições e, num novo modelo de pomar mais ecológico, indo assim ao encontro das enormes exigências do consumidor, quer nacional quer internacional.

Através do estudo de uma nova variedade de maça (Candine), a instalar na região do Oeste, e escolhida tendo por base as tendências e preferências dos consumidores nacionais e internacionais, valorizar o terroir e as características distintivas da fruta produzida na região do Oeste e, assim, potenciar ainda mais as exportações.. Paralelamente, alterar o processo produtivo para fazer face às exigências futuras dos mercados e aos desafios impostos pelas alterações climáticas e perigos emergentes decorrentes da globalização, que terão de ser realizadas de forma inovadora e concertada por modo a ganhar escala e competitividade na oferta de produtos diferenciados e com a qualidade que o consumir deseja. Esta diferenciação permitirá corresponder ao objetivo operacional de aumentar o valor das exportações agroalimentares portuguesas e paralelamente corresponder ao objetivo operacional de aumentar a quota de mercado nacional associada ao consumo dos produtos agroalimentares portugueses Estes fatores conjugados justificam o desenvolvimento de um novo modelo de pomar, alicerçado num novo padrão assente na biodiversidade, promoção dos serviços do ecossistema, redução de desperdício, economia circular e eficiência energética e hídrica.

Com esta iniciativa pretendemos aproveitar a oportunidade de termos uma nova variedade de maça na região demarcada da Maça de Alcobaça, orientada para as preferências atuais dos consumidores e enraizar um novo modelo de pomar focado nos princípios ecológicos, com implementação de princípios diferenciadores na produção que permitam novo alinhamento e melhor rendimento aos produtores. Acresce ainda que esta iniciativa pretende ainda abordar a questão da conservação pós-colheita, baseada em produtos biológicos, garantindo assim o modelo eco-produtivo desde a produção até à conservação. Consideramos que esta nova variedade aliada às excelentes condições de Portugal para a produção de fruteiras, pode igualmente aumentar o valor de Investimento Direto Estrangeiro (IDE), tal como se tem verificado em outras fileiras como as dos pequenos frutos.

Com esta iniciativa correspondemos plenamente à area temática do aviso: L.A. 9.5. apoiar a inovação para a criação de novos produtos que correspondam às novas tendências de consumo, apoiar a inovação orientada para a exportação (desenvolvimento de novos produtos e conceitos para mercados específicos)
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Pretende-se experimentar a adaptabilidade às características específicas da região Oeste da nova variedade de maça (Candine) num modelo de pomar ecológico, no qual serão ensaiadas várias práticas de promoção da biodiversidade em dois formatos: pomar coberto e não coberto. Posteriormente será avaliado um novo produto biológico para controlo das podridões em pós-colheita, garantindo assim o processo de resíduo zero até ao consumidor.

Experimentação da adaptabilidade da nova variedade de maça Candine:

A experimentação será efetuada de duas formas:

- em campos de experimentação com condições específicas para esse efeito, localizados em pontos estratégicos do Oeste, permitindo assim perceber a adaptabilidade desta nova variedade às diferentes características da região oeste.

- integrados no âmbito de pomares comerciais que sócios de OP´s efetuem, permitindo assim alargar a diversidade de condições em que a variedade é testada.

Os campos serão implementados pelo COTHN-CC para garantir uma uniformidade de condições de implantação. Dada a dispersão dos campos pelo Oeste, em zonas e solos com características diferenciadas, a sua manutenção será efetuada sob responsabilidade de cada uma das OP´s parceiras deste projeto, com base num Plano de Operações Culturais definido pelo consórcio técnico científico, de modo a que todas as plantas sejam sujeitas a cuidados semelhantes, garantindo-se assim condições de comparabilidade. As plantas serão alvo de ensaios detalhados a realizar anualmente, recolhendo dados agronómicos e científicos, implementados por rede técnica a constituir pelo consórcio, garantindo uniformidade nos períodos de observação, nas técnicas, metodologias e nas variáveis analisadas, bem como nos procedimentos científicos que permitirão obter informação fisiológica detalhada que ajude a perceber as diferenças encontradas e a estruturar a fase final de expansão comercial.  Serão efetuados  testes de qualidade, definição de períodos ótimos de colheita e capacidade de conservação das diversas variedades.

Modelo de produção Ecológico

O plano de Operações Culturais servirá de base ao modelo do pomar ecológico e terá como base um conjunto de práticas promotoras da biodiversidade das quais se destacam:

- Práticas de conservação da estrutura do solo e do seu biota (enrelvamento, mobilização mínima, culturas de cobertura, inoculação de micorrizas arbusculares e/ou práticas que levem ao incremento destes e outros microorganismos do solo);

- Valorização de infra-estruturas ecológicas e garantir a funcionalidade de toda a biodiversidade, cumprindo os respetivos Serviços no Ecossistema Agrícola (infra-estruturas verdes – e.g. enrelvamento, faixas multifuncionais, sebes; e não-verdes – e.g. muros, amontoados de pedra) em corredores ecológicos (contínuos ou descontínuos) para fomento de populações de artrópodes auxiliares, polinizadores, parasitoides e predadores. Inclui-se a seleção das espécies vegetais para melhoria das infra-estruturas verdes com base nas espécies botânicas autóctones mais adequadas (características edafo-climáticas e morfológicas - e.g., nectários, flor, período de floração e ecológicas - e.g. polinização e antagonistas de pragas e doenças, baixo risco de repositório de inimigos para as culturas);

Todas estas práticas serão avaliadas nos dois formatos de pomar: sem cobertura e coberto.

Durante a conservação será ainda avaliado o efeito da utilização de produtos biológicos para o controlo de podridão em pós-colheita

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Será criado um núcleo base de coordenação constituído pela APMA, INIAV e COTHN que efetuarão a coordenação e supervisão da execução das tarefas do projeto e será responsável pelo cumprimento das metas e dos prazos de cada uma das fases do projeto.

T1 – Planeamento, coordenação e controlo – APMA, INIAV e COTHN

T2 – Definição da localização de campos de experimentação – APMA

T3 – Instalação e verificação de rede meteorológica de apoio à monitorização – COTHN-CC

T4 – Delineamento e implementação de cada campo de experimentação – COTHN-CC, com apoio de operadores, APMA e INIAV

T5 – Caracterização edafoclimática de cada campo – OP´s

T6 – Definição de plano de operações culturais, sua execução e controlo – APMA, COTHN-CC e INIAV e os técnicos das Op´s

T7 – Definição e aplicação dos protocolos de avaliação das características da planta, em termos de fenologia, crescimento (planta, tronco e frutos), ramificação e frutificação- INIAV, Técnicos das OP´s, COTHN-CC e APMA;

T8 – Obtenção de dados fisiológicos detalhados a realizar no campo de IDE localizado no pólo de inovação de Alcobaça e calibração e validação de metodologias científicas a implementar na rede de campos de experimentação (cobertos e não cobertos), relativamente à capacidade de fixação de CO2, eficiência do uso da radiação solar, eficiência do uso da água, fluorescência da clorofila, transpiração, comportamento em condições de temperatura limitantes, etc – INIAV

T9 – Avaliação dos impactos das práticas promotoras da biodiversidade nos pomares cobertos e a descobertos – COTHN-CC

T9 – Realização de testes para avaliação do momento ótimo de colheita; - INIAV, Técnicos das Op´s, APMA e COTHN-CC

T10 - Avaliação de parâmetros biométricos (massa/fruto, A/D), cor, dureza, acidez total, sólidos solúveis totais, Indice de qualidade – INIAV e Op´s.

T12 – Avaliação da capacidade/tempo de conservação e da manutenção das características dos frutos – INIAV e Op´s

T13 – Avaliação do  efeito da aplicação do produtos biológico para o controlo de podridões pós-colheita - INIAV

T13 – Tratamento de dados - todos

T14 – Análise comparativa de dados entre as diferentes localizações - todos

T15 - Disseminação e elaboração do modelo de produção (campo e conservação) Ecológico para a maça de Alcobaça. – COTHN-CC e APMA

 
Interlocutor: Carmo Martins   Email interlocutor: carmo@cothn.pt   Email entidade: carmo@cothn.pt