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HubRAM (ID: 339 )
Coordenador: DGAV - Direção Geral de Alimentação e Veterinária
Iniciativa emblemática: 2. Uma Só Saúde
Data de Aprovação: 2022-09-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
Os antimicrobianos são um pilar fundamental da medicina moderna e
constituem atualmente a base do tratamento das infeções bacterianas quer no ser
humano, quer em animais. Porém, a eficácia destes tratamentos tem vindo a ficar
comprometida e levantar crescentes preocupações devido ao efeito da resistência
dos organismos microbianos a estes medicamentos. A RAM tem potencial para se
tornar um flagelo mundial, uma vez que estão em causa agentes microbianos que
são ameaças à saúde humana e animal com consequências graves no aumento de
morbilidade, mortalidade e custos dos cuidados de saúde e sociais associados.
A análise de risco de microrganismos RAM é multifatorial devido à sua complexidade
biológica, aos aspetos multidisciplinares associados à cadeia de produção de
alimentos, ao desenvolvimento, seleção e disseminação dessas resistências, bem
como à dificuldade de identificar estratégias apropriadas de gestão de risco. Tratando-se
de um fenómeno natural (RAM), a sua evolução tem vindo a ser acelerada pela
utilização de antimicrobianos (uso abusivo ou excessivo) e por práticas
deficientes no que se refere à prevenção da infeção, entre outros aspetos. Neste
contexto, diversas agências europeias têm vindo a criar grupos de trabalho que
alertam para necessidade de incrementar os esforços na área da investigação, e
a criação de estruturas essenciais para que esta seja possível e promovida, com
o objetivo de dar suporte a uma melhor estratégia de combate à RAM. Num plano
de ação plurianual conjunto entre a EMA e HMA foi criado recentemente o joint
Big Data Steering Group, cuja agenda promove claramente a necessidade de
investir na criação de ferramentas que agreguem as “enormes quantidades de
dados que são geradas diariamente e que podem ser potencialmente aproveitadas
para apoiar criação de regulação”. Por outro lado, e na área veterinária, encontra-se
igualmente identificada a necessidade de criar programas de suporte às PMEs envolvidas
na área da produção animal, como sendo
um eixo de ação fundamental para uma estratégia eficaz no combate/mitigação dos
problemas associados à RAM.
Refira-se também, que no contexto nacional, em 2020 a venda de agentes
antimicrobianos para animais produtores de alimentos encontra-se
significativamente acima da média da UE (ESVAC, 2021. ‘Sales of veterinary antimicrobial agents in
31 European countries in 2019 and 2020).
Com efeito, só é possível estudar e identificar melhores indicadores de
monitorização, e extrair mais informação dos dados recolhidos, se esta recolha
for efetuada de forma harmonizada e ágil, nas suas diversas vertentes, englobando
dados que vão desde a prescrição médico-veterinária até à vigilância RAM através
dos resultados fenotípicos convencionais e da sequenciação completa do genoma
(WGS). O acompanhamento destes indicadores é a ferramenta de apoio à decisão
das políticas nacionais a definir e implementar. Por outro lado, também a comunidade
científica necessita da identificação e sistematização desta informação
multifatorial para o desenvolvimento do conhecimento de novos fenómenos de
transmissão e de tendências, entre
outros, das resistências dos microrganismos entre animais (de produção
incluindo aquacultura, animais selvagens, de companhia), o Homem e o Ambiente; o que só é possível através de uma plataforma
de abrangência nacional agregadora de Big Data no âmbito da RAM devidamente
integrada com as plataformas congéneres a nível nacional, europeu e
internacional.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Perante uma
realidade nacional em que os dados referentes à vigilância da RAM são gerados
por diferentes entidades publicas e privadas (tais como INIAV, DGAV, Academia,
Laboratórios, INSA, DGS, APA), na estrutura de cada uma das quais são
utilizadas diversas plataformas de registo, não interoperáveis (tornando
inviável a sua integração), e em que não existem ferramentas adequadas a uma
verdadeira análise de impacto das medidas implementadas no combate à RAM; Sabendo
que um dos elementos chave, reconhecido pela FAO, para a monitorização e
vigilância da RAM pelos países, consiste em providenciar abordagens
harmonizadas para colheita, análise, interpretação e partilha de dados; este
consórcio, promovendo a redução de 50% do consumo antimicrobianos (setor
animal) até 2030, atuará em três eixos
fundamentais: A - HUBRAM, Vigilância RAM E PEMV Neste âmbito pretende-se
criar plataformas que permitam a gestão integrada de dados de vigilância e
monitorização de utilização de antimicrobianos em animais (AMC/AMU), incluindo
os classificados como críticos pela OMS; dados RAM, da avaliação epidemiológica
de microrganismos comensais e de agentes zoonóticos de interesse. Ou seja,
criação de uma plataforma que integra toda a informação referente à prescrição
de medicamentos (incluindo alimentos medicamentosos), segurança alimentar,
vigilância e monitorização RAM, bem-estar e saúde animal. Para tal, terão de
ser igualmente criadas interfaces de integração com as bases de dados
nacionais, europeias e internacionais. O HubRAM será munido de
ferramentas automáticas de análise com base nas quais será possível: a)estudar efeitos de correlação entre conjuntos complexos de variáveis; b)implementar um sistema de classificação baseado em fatores de risco, que
permitirá uma análise de âmbito nacional e local (referente a uma exploração
especifica, por exemplo), com vista à recomendação de medidas de intervenção. c)disponibilizar a informação no âmbito Uma Só Saúde (DGS, APA, Academia,
Stakeholders) B - PROJETOS PILOTO Pretende-se desenvolver 3 projetos piloto junto de produtores de bovinos,
aves e suínos, que têm como objetivo a implementação e monitorização de medidas
de combate à RAM, e respetiva análise de impacto. Nestes projetos piloto será
efetuado um acompanhamento aturado de diversos dados como sendo (i)biossegurança,
(ii)utilização de medicamentos, (iii)métodos alternativos de prevenção de
doenças, (iv) bem-estar animal e (v) caracterização de isolados ambientais e
clínicos. A recolha destes dados tem como objetivo dar suporte à especificação de
um inovador sistema de classificação e profiling (análise automática de fatores
de risco e análise de impacto de medidas de intervenção adotadas). Dada a
complexidade multifatorial do sistema a desenvolver e de cada espécie animal,
foram, nesta fase, escolhidos os bovinos, aves e suínos, pela sua relevância económica
e determinação da UE. Está, contudo, prevista uma ação mais alargada de
caracterização dos níveis de risco existentes no tecido produtivo nacional, que
se estende além destes projetos piloto prevendo sinergias com outros projetos
complementares. C - CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO
Pretende-se também capacitar os stakeholders relevantes no combate à RAM, através
da disseminação dos resultados do
projeto e funcionalidades do HUBRAM, promoção de novas medidas de combate à RAM
junto de PMEs(produção animal) e criação de protocolos de cooperação.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Este projeto desenvolve-se nas áreas da biotecnologia, bioinformática e big
data, ciências agrárias e biossegurança. O consórcio reunido é o adequado,
sendo liderado pela DGAV, tratando-se esta da única entidade nacional em
condições de o coordenar, pela abrangência nacional da sua atividade e pelas
responsabilidades previstas na sua missão estatutária. Trata-se de um projeto
com efeito de arrasto nacional, estabelecendo condições estruturais de reporte e
investigação. Como parceiros, além da DGAV( que gere o polo de inovação do Escouprim), o consórcio integra: - O INIAV, Laboratório Nacional de Referência com competências de
caracterização analítica e laboratorial; - A FMV e ICBAS (Universidade do Porto), aportando estruturas de investigação com larga experiência
demonstrada na área do projeto, designadamente na gestão de informação e avaliação
epidemiológica; - 2 federações e 2 associações de produção e alimentação animal (setores de
utilização dos resultados do projeto); - A Nomad Consulting e AYA, com experiência demonstrada no desenvolvimento
de soluções IT do setor; - InovTechAgro (Instituto Politécnico de Portalegre) – que participará no âmbito da especificação da plataforma HUBRAM
e nas ações de capacitação junto dos seus associados.Saliente-se que todas as instituições que integram o consórcio têm
experiência prévia de colaboração. - PMEs do setor da produção animal e alimentação animal, destacando-se nesta fase a Lusipintos e a Marilia da Conceiçao Camilo Francisco Fernandes.A organização e calendarização do projeto prevê 3 principais atividades
finamente delineadas e estruturadas: Na atividade 1 está previsto o desenvolvimento de uma plataforma de gestão
e vigilância RAM, o HubRAM, bem como os desenvolvimentos a realizar na
plataforma PEMV, gerida pela DGAV. Os trabalhos compreendem ainda o
desenvolvimento de APIs de integração das bases de dados nacionais e europeias
bem como o desenvolvimento de um sistema de alerta referente à prescrição de
antimicrobianos. Esta atividade será coordenada pela DGAV sendo os trabalhos de
desenvolvimento IT da responsabilidade da AYA e Nomad Consulting. Para a
especificação e levantamento de requisitos participarão INIAV, a FMV, o ICBAS,
a IACA e a InovTechAgro. No que se refere aos
projetos piloto, a desenvolver junto dos produtores de aves, bovinos e suínos,
incluindo a Lusipintos e Marilia da Conceiçao Camilo Francisco Fernandes, os
trabalhos serão coordenados pela DGAV e participarão todos os membros
parceiros. As atividades de capacitação e divulgação serão coordenas pela DGAV,
envolvendo, contudo, todos os parceiros do projeto. Estas atividades focam-se
nas ações de divulgação e capacitação, a desenvolver no âmbito da utilização
das novas plataformas e hubRAM, e em ações de sensibilização e implementação de
melhores práticas enquadradas com medidas de combate à RAM.
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