|
OakFood - Valorização integrada da bolota como matéria-prima portuguesa para produtos alimentares diferenciadores (ID: 340 )
Coordenador: Food4Sustainability - Associação para Inovação no Alimento Sustentável
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-09 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beira Baixa
Identificação do problema ou oportunidade
O problema: Portugal é um produtor excepcional de bolota, principalmente pelos montados ou bosques de sobreiro, azinheira e de carvalhos, que perfazem 36% da nossa floresta. Apesar do registo histórico do consumo de bolota em todo o Mundo, e no caso português com registos contemporâneos de consumo tradicional nalgumas regiões, apenas a de azinheira (Quercus rotundifolia) se encontra listada como alimento tradicional para humanos pela EFSA. A produção deste fruto seco, hoje-em-dia amplamente desperdiçado, está maioritariamente centrada na NUT II Alentejo. No entanto, a sua produção tem uma abrangência nacional, estimando-se que as árvores do género Quercus representem cerca de 36% de toda a floresta nacional, a maior seguida do género Eucalyptus que ocupa 26% (ICNF, 2015). O uso comercial maioritário da bolota (mais de 83 mil toneladas do total médio de 400 mil toneladas produzidas anualmente) é, ainda, para engorda de espécies pecuárias. Apesar da Comissão Europeia reconhecer a bolota de azinheira enquanto “Traditional Food”, ainda não se conseguiu alavancar os requisitos chave para melhorar a adesão quer dos empresários agrícolas, dos municípios e da disponibilização de terras para esta cultura assim como da perceção da população em geral em relação à bolota, que acaba por ser largamente desperdiçada (pelo menos 55% do total produzido), sendo menos de 1% usada para processamento e produção de farinha para fins comerciais. Deste modo, atualmente denotamos: alto desperdício de bolota como matéria-prima, sobretudo para a indústria alimentar; produção suscetível a sazonalidade e safras; abate de floresta autóctone (essencialmente carvalhos e azinheira) e substituição por espécies invasoras por falta de rendimento dos proprietários florestais, comprometendo a paisagem nativa e a presença de espécies endémicas; fragmentação dos atores pertencentes à cadeia de valor da bolota; falta de informação para o tecido económico e empresarial poder investir mais no setor; inexistência de circuitos curtos de comercialização e redes de apoio; falta de ordenamento florestal; e métodos de apanha eficazes que permitam reduzir o custo da matéria prima. A oportunidade: A bolota é um alimento excepcionalmente rico nutricionalmente, contendo elevado teor em hidratos de carbono (cerca de 86%), proteína (até 10%), ácidos gordos não saturados (perfil semelhante ao azeite), vitaminas (sobretudo A e E), sendo apta para celíacos (não contém glúten) e desportistas (fibras pré-bióticas, amido de digestão lenta, e alto teor em potássio). Devido a estas características, a farinha de bolota é um interessante substituto da farinha de trigo na formulação de diversos produtos, como o pão, dando origem a produtos inovadores de origem nacional através da valorização direta da parte comestível (miolo) e indireta dos seus subprodutos (casca). Devido à sua composição em compostos fenólicos (taninos e flavonóides), a bolota é ainda estudada devido ao seu potencial antioxidante, anticarcinogénico e antienvelhecimento. De acordo com as lacunas do sector existem claras oportunidades de: mapear a distribuição de bosques produtores de bolota, bem como os atores da cadeia de valor e desenvolver uma rede de contactos, por forma a conectá-los; otimizar a apanha e processamento da bolota em ingredientes alimentares a escalas industrialmente relevantes; desenvolver novos protótipos alimentares que incorporem ingredientes derivados da bolota e que sejam aceites pelo consumidor; promover os alimentos à base de bolota como alimentos sustentáveis e saudáveis, nos mercados nacional e internacional; garantir a sustentabilidade ambiental, económica e social da cadeia de valor, a qual, por si só, fomenta cadeias curtas de abastecimento e redução de pegada de carbonos do produtos que pode integrar; uniformizar o conhecimento entre os diferentes atores, sobretudo universidades, centros de conhecimento e empresas. |
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto OakFood pretende o desenvolvimento de uma estratégia integrada para a viabilidade da bolota como matéria-prima para produção de produtos de valor acrescentado, enquanto alternativas sustentáveis e de cadeia de curta, para a indústria alimentar. O consórcio encontra-se de acordo com os requisitos chave do aviso, englobando duas ENESII, 5 PMEs, Confederação de produtores, Centro de Competências e Pólo de Inovação. Os principais vetores do projeto OakFood são: (i) o desenvolvimento de uma rede de produtores e locais de recolha, o estudo e otimização dos custos de (ii) apanha e (iii) processamento, incluindo a (iv) análise da sua escalabilidade para desbloquear a capacidade de abastecimento contínuo, (v) e a criação e testagem de alimentos compostos inovadores. (vi) Uma estratégia de marketing e comunicação será desenvolvida, focada em mercados emergentes e internacionais, (vii) sustentada por uma avaliação do impacto social, económico e da pegada de carbono da cadeia de valor. A metodologia está integrada com os Objetivos Operacionais da Iniciativa Emblemática Promoção dos Produtos Agroalimentares Portugueses da seguinte forma: Aumentar a quota de mercado nacional associada ao consumo dos produtos agroalimentares portugueses. Exploração da bolota enquanto matéria-prima, cuja produção será estudada pela Pepe Aromas (espécies azinheira e sobreiro). A bolota estará na base do desenvolvimento de produtos inovadores integrados numa dieta mediterrânica saudável e sustentável, que serão avaliados relativamente ao potencial de mercado e sua posterior exploração, contando com três PMEs nacionais (Landratech, Biomit e Equanto). A Arcádia irá recolher dados históricos do consumo e comercialização de bolota para diferentes espécies, potenciando o aumento de espécies produtoras listadas para consumo humano na EFSA. A introdução no mercado dos produtos compostos inovadores será suportada por: (i) Equanto e a Biomit, que irão definir a estratégia de comunicação e marketing; (ii) Casa Mendes Gonçalves; e (iii) rede de contactos do consórcio, incluindo a Pharmadus que irá explorar a infusão de bolota como produto de exportação portuguesa. Aumentar o valor das exportações agroalimentares portuguesas. A rede criada permitirá a otimização da escalabilidade e a definição da capacidade de abastecimento contínuo de modo a permitir a produção e exportação dos novos produtos, através de uma estratégia de marketing e comunicação (consumidores portugueses e europeus), fomentada pela atividade da Landratech enquanto empresa que desenvolve marketplace digital para a criação de cadeias de abastecimento internacionais. A Equanto trabalha a estratégia de marketing para exportação, tendo canais estabelecidos que lhe permitem almejar a sua presença internacional. A Biomit consolidou em 7 anos uma posição no mercado de entrada, o Português, com produtos biológicos, e procura o crescimento do volume de vendas através da penetração de mercados internacionais. A Landratech é uma start-up, tendo como objetivo a entrada no mercado Ibérico, procurando desde a sua génese a capacidade de exportação de produtos de bolota processada de três espécies principais autóctones para Espanha (cooperação transnacional com a Pharmadus). Aumentar o valor de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) destinado à cadeia de valor agroalimentar. A Landratech é membro co-fundador da Confraria Ibérica da Bolota, uma associação transfronteiriça que potencia a expansão da rede a nível Ibérico. Sendo uma start-up tecnológica, a Landratech irá procurar investimento a mercados internacionais para a fase de aumento de escala da empresa, bem como, após garantido o patenteamento do processo proprietário de preservação e processamento da bolota, pretende licenciar o modelo da plataforma física e digital de valorização de bolota para outras regiões da europa.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O OakFood terá 8 tarefas principais: (T1) Desenvolvimento de uma rede digital de bosques produtores de bolota; (T2) Estudo de métodos para maximizar rendimento da apanha de bolota; (T3) Desenvolvimento de tecnologias para processamento de bolota para a indústria alimentar; (T4) Estudo do impacto do scale-up no custo e eficiência do processamento da bolota; (T5) Desenvolvimento de protótipos alimentares inovadores e testes sensoriais; (T6) Desenvolvimento de uma estratégia de marketing, comunicação e testes de mercado; (T7) Avaliação do impacto social, económico e da pegada de carbono da cadeia de valor; (T8) Coordenação do projeto. Deste modo o F4S (coordenador) enquanto ENESII e associação sem fins lucrativos para a inovação no alimento sustentável estará envolvido na T1: criação de redes de produtores de bolota e identificação de processos para a redução do desperdício alimentar na forma de subprodutos; T4: desenvolvimento e implementação de metodologias de estudo para avaliação da escalabilidade nacional das tecnologias de processamento; T6: comunicação e disseminação de resultados do projeto; e T8: coordenação do projeto. A Landratech, PME especializada no processamento e valorização de bolota e focada na comercialização de granulado e farinha de bolota para alimentação humana estará envolvida nas T1: desenvolvimento de rede de produtores física e digital; T3: design de tecnologias de processamento de bolota na indústria alimentar; T4: estudo de escalabilidade e eficiência do processamento da bolota e seus subprodutos; e T8: coordenação do projeto.
O CBQF-UCP, unidade de investigação focada na promoção de uma bioeconomia sustentável e com projetos a decorrer sobre valorização da bolota e seus subprodutos, estará envolvida nas T3: desenvolvimento de métodos de processamento de bolota adequados à indústria alimentar; e T5: apoio no desenho de protocolos para desenvolvimento de novos produtos inovadores à base de bolota.
A Equanto, PME focada no desenvolvimento de novos produtos alimentares saudáveis, biológicos e de reduzida pegada de carbono estará envolvida com competências em produção de protótipos alimentares inovadores estará envolvida nas T4, T5 e T6: avaliação da escalabilidade do processamento e desenvolvimento de produtos inovadores usando farinha de bolota; estudo e design de estratégia de marketing e promoção de testes de mercado para avaliar aceitabilidade destes produtos.
A Biomit, PME focada no desenvolvimento de novos produtos alimentares saudáveis, biológicos e de reduzida pegada de carbono estará envolvida nas T5 e T6: produção de protótipos alimentares inovadores (i) manteiga de amêndoa portuguesa sem pele e bolota biológica; (ii) manteiga de amêndoa portuguesa com pele e bolota biológica; (iii) manteiga de avelã portuguesa com bolota biológica); seleção de produtos com maior potencial de mercado para exploração e exportação.
A Arcádia, empresa de consultoria no setor agroalimentar, estará envolvida na T6: desenvolvimento de um dossier científico de funcionalidades e certificação de espécies de bolota enquanto um alimento tradicional.
O Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos estará envolvido nas T1: criação de rede de produtores; e T7: avaliação do impacto social, económico e ambiental da cadeia de valor.
A Confederação Nacional da Agricultura, confederação organizada, predominantemente, de agricultores e agricultoras das explorações agrícolas familiares estará envolvida nas T1: apoio na criação de uma rede de produtores; T2: desenho de estudos para avaliação e maximização do rendimento do processo de apanha da bolota; e T7: avaliação do impacto social, económico e ambiental da cadeia de valor.
O Pólo de Inovação de Viseu estará envolvido na T5: desenvolvimento de protótipos alimentares através da realização de análises nutricionais aos ingredientes a utilizar e ao produto final. |
|
|
|