Bolsa de Iniciativas PRR

 

Mosca Ceratitis (ID: 344 )
Coordenador: UALG - Universidade do Algarve
Iniciativa emblemática: 2. Uma Só Saúde
Data de Aprovação: 2022-09-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Algarve NUTS III: Algarve
 
Identificação do problema ou oportunidade

A mosca-da-fruta (Ceratitis capitata), nos citrinos do Algarve, pode originar perdas de produção na ordem das 5.000 a 10.000 t/ano e a presença desta praga constitui também uma restrição à exportação dos citrinos desta região para países terceiros. Esta praga é igualmente muito importante noutras culturas, face à sua natureza polífaga, sendo também uma ameaça para culturas emergentes como o medronheiro.

Pretende-se elaborar e executar um plano fitossanitário regional, que integre várias formas de luta para controlo desta praga, numa zona-piloto de citrinos no Algarve e numa zona-piloto de medronheiro no Alentejo, de forma que possa vir a ser replicado em todo o Algarve, assim como em outras regiões do país.

Ceratitis capitata é uma praga muito polífaga causadora de estragos significativos em diversas culturas, em particular nas fruteiras. Nos citrinos existem registos de perdas que podem atingir 30% da produção. Além deste aspeto, é uma praga considerada de quarentena para muitos países terceiros, os quais exigem total ausência de mosca nas remessas de fruta a expedir de Portugal. Para assegurar essa ausência, além de tratamentos térmicos obrigatórios pós-colheita a que os frutos devem ser submetidos, os produtores estão também obrigados a implementar apertadas medidas de controlo nos pomares para assegurar níveis muito reduzidos de mosca no campo, sob pena de a fruta aí produzida ser rejeitada para exportação. Após cerca de 5 anos de negociação com a Colômbia, foi possível acordar um plano fitossanitário que permite a exportação de laranja nacional para este país, no entanto as atuais condições de produção não permitem o seu cumprimento, dada a presença de elevados níveis populacionais de C. capitata e, ainda, face a constrangimentos de organização (armazenamento e concentração) da produção, sobretudo no Algarve.

Por outro lado, verifica-se que algumas árvores de fruto, como é o caso do medronheiro que, por ser uma cultura emergente e com distribuição alargada no Algarve e no Alentejo, podem ser um foco de proliferação de C. capitata.

A mosca-da-fruta é de difícil controlo. Apesar de existirem algumas formas de controlo disponíveis, designadamente luta química, luta biotécnica e luta cultural, são inúmeras as plantas hospedeiras deste inseto, incluindo algumas plantas não cultivadas, e, portanto, não tratadas, que constituem importantes focos de proliferação da mosca, e que se traduzem em importantes focos de infestação. O mesmo se passa com árvores isoladas e pomares abandonados, não sujeitos às necessárias medidas de redução dos níveis populacionais da mosca-da-fruta, sendo assim fatores limitantes ao sucesso do controlo da praga. Resulta assim, que as ações de controlo efetuadas individualmente pelos produtores são na maioria das vezes insuficientes ao cabal controlo da mosca-da-fruta, o que se traduz em importantes perdas económicas e, ainda, são insuficientes para poder ser assegurado um nível de presença da praga compatível com as exigências impostas pelos mercados internacionais, fator limitativo do crescimento das exportações de frutas para países terceiros, em particular os mais suscetíveis a esta praga.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Com esta iniciativa, pretende-se, em alternativa ao controlo da mosca-do-Mediterrâneo feito atualmente de forma individual e isolada por cada citricultor, a implementação de um plano estratégico regional, que aplique um único protocolo fitossanitário, a acordar pelas entidades parceiras do projeto, passível de ser aplicado de forma coordenada por um largo número de citricultores e outros produtores de fruteiras, abrangendo também árvores isoladas e pomares abandonados, assim como áreas públicas.

Este plano incluirá um conjunto de ações de prevenção e controlo coordenadas, com o qual será potenciado um mais eficaz controlo da praga, com benefício económico e ambiental para os citricultores e para a sociedade em geral. Prevê-se também a adoção de medidas de luta biotécnica para controlo da mosca da fruta (captura massiva, largadas de machos estéreis - luta autocida, entre outras), reduzindo o recurso a meios de luta química, em alinhamento com os princípios da proteção integrada e com as orientações da EU de redução da aplicação de produtos fitossanitários, com reconhecidas vantagens para a proteção da saúde humana e do ambiente.

Visa-se também dotar os agricultores, em particular os citricultores e os produtores de medronho, de um instrumento que permita apoiá-los na mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

O referido protocolo fitossanitário comum, além de integrar formas de luta alternativas à luta química, será sustentado numa rede de monitorização da mosca e num cadastro regional detalhado que permita conhecer as parcelas de citrinos, (variedades, idade dos pomares) essenciais para a elaboração de mapas de risco.

 

O Plano de Ação proposto apresenta os seguintes objetivos:

- Definir e caracterizar as áreas incluídas na zona-piloto e a incidência da mosca-do-Mediterrâneo nessa zona;

-  Estabelecer e desenvolver um protocolo fitossanitário regional para controlo integrado da mosca-do-Mediterrâneo e testar a sua implementação na zona-piloto;

- Realizar ações de formação dos produtores para as práticas de monitorização e implementação das medidas que se revelarem como mais eficazes no controlo da mosca;

- Sensibilizar os proprietários de pomares abandonados e árvores de fruto dispersas para a necessidade do controlo da mosca e de outras pragas e doenças;

- Promover e realizar ações de formação e divulgação destinadas aos produtores e sensibilizar a população em geral para a importância deste problema e para a necessidade do combate integrado à praga que possa concorrer para os objetivos gerais de controlo e redução dos focos de infestação e diminuição dos níveis populacionais da praga;

- Efetuar um levantamento e caracterização da capacidade de conservação frigorífica das centrais fruteiras da região do Algarve, projetando as necessidades de incremento e possíveis soluções para a sua transição para fontes energéticas mais sustentáveis;

- Efetuar o levantamento dos mercados atuais e os com interesse estratégico para a exportação dos Citrinos do Algarve, e

- Criação de melhores condições para o aumento do rendimento dos produtores de citrinos e medronhos no Sul do País, tornando a atividade agrícola associada mais rentável, atrativa, sustentável e competitiva;

- Contribuir para o desenvolvimento experimental de técnicas de controlo da mosca e de outras pragas emergentes dos citrinos e de conservação da fruta.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

As áreas da iniciativa incidem nas áreas das ciências agrárias, em especial agronomia, bioecologia, biologia, bem como de gestão e organização de informação. Envolve competências científicas de avaliação de dados biológicos e climáticos, no âmbito da monitorização das pragas e doenças, e formativas, educacionais e de comunicação.

O plano de ação da iniciativa está delineado tendo por base as seguintes principais atividades:

- ESTUDOS, CARACTERIZAÇÃO E LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DO PROTOCOLO E ZONA- PILOTO:

- Estudo e caracterização das áreas de cultura prioritárias para zona-piloto e incidência de Ceratitis capitata (UAlg/ DRAPALGARVE/ AlgarOrange /PMEs)

- Análise e levantamento do estado da arte das técnicas, tecnologias e meios de luta alternativos para controlo de C. capitata (COTHN, INIAV, DGAV, UAlg, DRAPALGARVE)

- Levantamento e caracterização das centrais fruteiras instaladas no Algarve(DRAPALGARVE/DGAV/AlgarOrange)

- Levantamento dos mercados atuais e os com interesse estratégico para a exportação dos Citrinos do Algarve (DGAV/DRAPALGARVE/ AlgarOrange)

- Análise comparativa de ações desenvolvidas a nível internacional (para inputs das melhores práticas) – Esta ação (envolvendo parceiros internacionais - Dirección General de Sanidad de la Producción Agraria (Espanha); Servicio de Sanidad Vegetal da Conselleria de Agricultura, Medio Ambiente, Cambio Climático y Desarrollo Rural (Comunidade Valenciana – Espanha) e Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus (Brasil)

DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO FITOSSANITÁRIO REGIONAL PARA CONTROLO INTEGRADO DA MOSCA DA FRUTA E DO PLANO PARA A ZONA-PILOTO

- Definição de especificações e Desenvolvimento do protocolo fitossanitário (DGAV/INIAV/UAlg/DRAPALGARVE/ COTHN/ AlgarOrange / PMEs /Parceiros Int)

- Levantamento e preparação de ferramentas para monitorização da zona - piloto e estudo de resultados (DGAV/INIAV/UAlg/DRAPALGARVE/ AlgarOrange)

-  Definição do plano de acompanhamento/monitorização das ações do protocolo fitossanitário (plano de testes) (UAlg / AlgarOrange/ DRAPAlGARVE / PMEs)

 

IMPLEMENTAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DA ZONA-PILOTO E PROTOCOLO FITOSSANITÁRIO REGIONAL PARA CONTROLO INTEGRADO DA MOSCA- DA- FRUTA

- Promover e realizar ações de formação junto dos produtores para preparação da zona- piloto (sensibilização áreas próximas à zona-piloto) (DRAPALGARVE/INIAV /DGAV /PMEs)

- Implementação da zona-piloto (instalação no terreno dos meios de controlo definidos) (todos os parceiros envolvidos)

- Monitorização, análise estatística de resultados; análise de impacto ambiental (balanço de carbono) (DRAPAlgarve/UAlg/INIAV)

               

SENSIBILIZAÇÃO E PROMOÇÃO DO PLANO REGIONAL

- Elaboração do Plano de Comunicação (DGAV/DRAPALGARVE/UAlg/AlgarOrange/ COTHN)

- Ações de sensibilização dirigidas aos proprietários de pomares abandonados e árvores de fruto dispersas para a necessidade do controlo da mosca e de outras pragas e doenças (DGAV/DRAPALGARVE/AlgarOrange/ COTHN / Parceiro Int)

- Contributo para o desenvolvimento de uma estratégia nacional incluindo de investigação para o controlo das moscas da fruta, em particular de Ceratitis capitata (INIAV/UAlg/DGAV/COTHN)

-Elaboração de documento proposta organizacional e modelo de gestão (todos os parceiros envolvidos)

 
Interlocutor: Amílcar Manuel Marreiros Duarte   Email interlocutor: aduarte@ualg.pt   Email entidade: uaic@ualg.pt