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OneHealth_NET: Implementação de um sistema de vigilância integrado para a garantia de Uma Só Saúde (ID: 345 )
Coordenador: Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, CRL
Iniciativa emblemática: 2. Uma Só Saúde
Data de Aprovação: 2022-09-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Área Metropolitana de Lisboa NUTS III: Área Metropolitana de Lisboa
Identificação do problema ou oportunidade
O conceito de Uma Só Saúde engloba a
saúde humana, animal e ambiental numa abordagem holística e integradora, considerando
as interações entre estas três dimensões e assumindo que a disrupção numa
dimensão terá consequências nas restantes. Atualmente, considerando os desafios
societais a que o Mundo está sujeito, alguns deles entendidos como ameaças à
existência de um equilíbrio entre o Homem, animais e ambiente, entende-se como
fundamental a existência de abordagens intersectoriais, colaborações
transectoriais com a indústria e empresas, para a promoção de novas soluções
que deem respostas cabais a estes desafios.
No seguimento dos momentos de crise
vividos no setor alimentar no final do século XX, a implementação de Planos de
Controlo direcionados para os setores alimentar e agro-pecuário foi uma
realidade, sendo estes da responsabilidade de diversas entidades em Portugal
como a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e a Autoridade de Segurança
Alimentar e Económica. No entanto, a implementação e operacionalização da
abordagem Uma Só Saúde requer sistemas integrados de vigilância de saúde humana,
animal, e ambiental, sendo por isso necessário robustecer os modelos de atuação
e de predição fazendo uso de ferramentas digitais, onde se incluem a análise de
big data para uma maior abrangência. A comunicação entre as diferentes
instituições, com áreas distintas de atuação, é um fator-chave para o sucesso
da operacionalização de Uma Só Saúde em Portugal. Os desafios a que o Mundo está
exposto e que já são vivenciados na atualidade, alguns com elevado impacto
económico, ambiental e consequentemente na saúde, obrigam a uma mudança de
paradigma desenvolvendo uma resposta integrada, multidisciplinar e
transdisciplinar.
No contexto Uma Só Saúde, a produção
animal é um elo de ligação entre a saúde humana (por via da ingestão de
alimentos mas também num contexto ocupacional) e a saúde ambiental (emissão de
gases com efeito de estufa, recursos e matérias-primas para produção de rações).
Considerando o aumento do consumo humano de produtos de origem animal bem como
o expectável aumento da população mundial até 2050, novas alternativas para a
produção de rações têm surgido, com as rações à base de insetos a adquirir um
protagonismo evidente nos anos mais recentes. Os insetos podem representar uma
solução exequível, adequada e sustentável, uma vez que são ricos em nutrientes
(proteínas, gordura e energia), bem como de compostos importantes (quitina,
peptídeos antimicrobianos e ácidos gordos) capazes de estimular o sistema
imunitário ou modular a microbiota animal e, consequentemente, otimizar a saúde
e o crescimento dos animais. Os insetos são considerados como uma opção
sustentável em termos ambientais, seguindo os princípios da Economia Circular uma
vez que crescem em substratos orgânicos de custo reduzido, com aplicação na
produção de rações.
O projeto OneHealth_NET constituído por 9 parceiros de
diversas áreas propõe a criação de um hub de âmbito nacional com a
missão de reduzir a incidência de doenças no Homem e animais, espelhada em cinco
objetivos principais: i) implementar um sistema integrado de vigilância epidemiológica,
com metodologias harmonizadas e indicadores fiáveis que permitam avaliar em
tempo real a situação relativamente a zoonoses, doenças de origem alimentar,
resistência a antimicrobianos e ameaças (re)emergentes, recorrendo para isso à
análise de dados em larga escala e plataformas digitais; ii) avaliar as forças e fraquezas dos
sistemas vigentes nos domínios da saúde humana, saúde animal e saúde ambiental,
propondo ações de melhoria; iii) potenciar a comunicação entre os diferentes
parceiros do consórcio, mas também em instituições e parceiros congéneres que
desenvolvam a sua atividade neste âmbito; iv) promover a educação e capacitação
em Uma Só Saúde a nível nacional; v) elaborar um plano de preparação para
ameaças emergentes; e, vi) avaliar a eficácia e exequibilidade do sistema,
através do desenvolvimento de um caso de estudo, aplicando-o à produção avícola.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto OneHealth_NET alicerça-se
nas cinco linhas de ação propostas na Iniciativa Emblemática Uma Só Saúde. Assim,
tendo em vista a missão de reduzir a incidências de zoonoses, doenças
transmitidas por via alimentar, resistências a antimicrobianos e prevenir o
aparecimento de doenças (re)emergentes, este consórcio irá desenvolver um
sistema integrado de vigilância epidemiológica, com metodologias harmonizadas e
indicadores fiáveis, que permita não só a monitorização em tempo real, mas
também o estabelecimento atempado de potenciais ameaças futuras. O sistema
integrado irá promover a comunicação e colaboração entre as diferentes
entidades nacionais com intervenção na vigilância da saúde humana, animal e
ambiental, sustentadas nas atuais colaborações com entidades europeias e
internacionais.
O OneHealth_NET considera três pilares
essenciais de atuação:
Pilar 1: Avaliação das forças e
fraquezas entendidas e percecionadas por cada um dos parceiros do consórcio e
partes interessadas, para uma atuação integrada no contexto Uma Só Saúde em
Portugal. Um questionário semi-estruturado será construído e aplicado com o
objetivo de avaliar as potenciais áreas de intervenção e melhoria para a
concretização do sistema de vigilância integrado. Pretende-se que a construção
do sistema de vigilância integrado seja baseada nos sistemas já existentes e em
funcionamento, promovendo sinergias entre os diferentes parceiros e partes
interessadas. Este novo sistema irá contemplar procedimentos e metodologias
harmonizadas, bem como um conjunto de indicadores que permitirão avaliar em
tempo real o risco da ocorrência de situações emergentes e/ou recorrentes. Os
indicadores serão baseados nos tradicionais conceitos epidemiológicos, com a
integração de indicadores relacionados com a avaliação do risco-benefício, a sustentabilidade
ambiental, e a avaliação de carga de doença.
Pilar 2: Avaliação da aplicabilidade e
exequibilidade do sistema de vigilância, através da aplicação num estudo de
caso, sob a forma de trabalho de campo, que permitirá a testagem e validação do
sistema de vigilância bem como contribuir com dados reais relativos à presença
de compostos tóxicos na cadeia alimentar e potenciais consequências para a
saúde humana (através da cadeia alimentar; exposição ocupacional dos
tratadores) e saúde animal. A sustentabilidade ambiental será também refletida
através da inclusão de um ensaio com animais alimentados a partir de fontes
alternativas de nutrientes, avaliando o seu impacto. O estudo proposto será
desenvolvido em aviários e irá contemplar dois grupos de animais: i)
alimentados com alimentação normal (em prática na exploração); ii) alimentados
com alimentação em que houve a introdução de produtos obtidos de insetos. Este
estudo irá incluir a colheita de amostras biológicas, alimentares (ração tradicional
e ração à base de insetos; géneros alimentícios obtidos a partir dos animais de
ambos os grupos), e ambientais. Numa fase posterior, será avaliado o impacto em
termos da saúde animal, saúde humana, e saúde ambiental. Esta
avaliação será dedicada a contaminantes potencialmente presentes na alimentação
humana e animal, incluindo a determinação de resíduos de agentes antimicrobianos
e consequentemente as resistências aos mesmos. O protocolo de investigação
deste estudo será submetido às Comissões de Ética das instituições do
consórcio, quando existentes, assegurando que todos os potenciais
constrangimentos éticos são acautelados.
Pilar 3: Desenvolvimento de ações de formação
e de capacitação para a implementação do conceito Uma Só Saúde. Inicialmente, as
ações serão dirigidas aos parceiros do consórcio para promover a
intra-colaboração e o estabelecimento de uma plataforma comum de entendimento e
atuação. Posteriormente, serão dirigidas a todas as entidades, públicas ou
privadas, que tenham interesse e atividade em qualquer um dos domínios da saúde
animal, saúde humana, saúde ambiental, contribuindo assim também para a
expansão do hub nacional criado para o desenvolvimento do sistema
integrado de vigilância.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto OneHealth_NET é composto por um Consórcio
multidisciplinar que abrange diversos setores de atividade, conforme se
descreve de seguida. Deverá ser considerado que este consórcio não se esgota
nos elementos que o constitui, mas sim, compreende parceiros cujas valências
são críticas para o desenvolvimento dos objetivos a que se propõe. Neste
sentido, com o decorrer do projeto, outras entidades oficiais que não integram
este consórcio, ou instituições cujo o seu contributo será considerado
importante para o desenvolvimento do sistema integrado de vigilância, serão
envolvidas e integrarão o hub de âmbito nacional que se prevê
constituir.
Do consórcio do OneHealth_NET fazem parte:
Egas Moniz – Cooperativa de Ensino Superior:
Coordenação científica e gestão do projeto. Contribuirá para: elaboração de
questionário de suporte à constituição do sistema de vigilância integrado; constituição
de hub para sistema de vigilância
integrado; harmonização de procedimentos para sistema de vigilância integrado;
planeamento e implementação do estudo de caso e do trabalho de campo; comunicação
e divulgação dos resultados; translação dos resultados para a identificação de
políticas de saúde, na perspetiva de Uma Só Saúde; planeamento e implementação de
atividades de formação e capacitação para o conceito de Uma Só Saúde.
Universidade NOVA de
Lisboa (Escola Nacional de Saúde Pública): Contribuirá para: elaboração de
questionário de suporte à constituição do sistema de vigilância integrado; constituição
de hub para sistema de vigilância
integrado; harmonização de procedimentos para sistema de vigilância integrado;
planeamento e implementação do estudo de caso e do trabalho de campo; comunicação
e divulgação dos resultados; translação dos resultados para a identificação de
políticas de saúde, na perspetiva de Uma Só Saúde; planeamento e implementação de
atividades de formação e capacitação para o conceito de Uma Só Saúde.
Instituto Politécnico
de Lisboa (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa): Contribuirá
para: elaboração de questionário de suporte à constituição do sistema de
vigilância integrado; constituição de hub
para sistema de vigilância integrado; harmonização de procedimentos para
sistema de vigilância integrado; planeamento e implementação do estudo de caso
e do trabalho de campo; análise de amostras obtidas no trabalho de campo.
Instituto Nacional de
Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA): Contribuirá para: elaboração de
questionário de suporte à constituição do sistema de vigilância integrado; constituição
de hub para sistema de vigilância
integrado; harmonização de procedimentos para sistema de vigilância integrado; análise
de amostras obtidas no trabalho de campo.
Instituto Nacional de
Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, Polo de Inovação de Vairão): Contribuirá
para: elaboração de questionário de suporte à constituição do sistema de
vigilância integrado; constituição de hub
para sistema de vigilância integrado; harmonização de procedimentos para
sistema de vigilância integrado; análise de amostras obtidas no trabalho de
campo.
Thunder Foods: Contribuirá
para: planeamento e implementação do estudo de caso e do trabalho de campo (desenvolvimento
de rações com inclusão de insetos); Comunicação e divulgação dos resultados.
Entogreen – Ingredient
Odyssey Lda: Contribuirá para: planeamento e implementação do estudo de
caso e do trabalho de campo (desenvolvimento de rações com inclusão de insetos);
Comunicação e divulgação dos resultados.
P-BIO: Contribuirá
para: comunicação e divulgação dos resultados; translação dos resultados para a
identificação de políticas de saúde, na perspetiva de Uma Só Saúde.
COTHN:
Contribuirá para: comunicação e divulgação dos
resultados; translação dos resultados para a identificação de políticas de
saúde, na perspetiva de Uma Só Saúde.
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