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Revitalização do território agro-florestal interior Norte e Centro por via da proteção e da valorização comercial dos recursos endógenos (ID: 348 )
Coordenador: UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Iniciativa emblemática: 7. Revitalização das zonas rurais
Data de Aprovação: 2022-10-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Alto Tâmega
Identificação do problema ou oportunidade
A
atual conjugação de fatores adversos à atividade agrária e silvícola,
nomeadamente: incêndios rurais, alterações climáticas e invasão por plantas (ex.
Acacia dealbata) e por animais (ex. Vespa velutina nigrithorax) resulta em
perdas de rendimento e no abandono quer da terra quer das atividades. Os
incêndios rurais são um flagelo anual que atinge todos os setores produtivos
(agricultura, floresta e pecuária) e que resultam num constrangimento que afeta
diretamente as atividades desenvolvidas e respetivos produtos, tanto de
proprietários individuais como das comunidades locais detentoras dos espaços
comunitários. As alterações climáticas conduzem a incertezas na qualidade e na
quantidade da colheita do produto final. Já a invasão por plantas e animais
exóticos condiciona a recuperação de terrenos florestais e a atividade apícola. Neste
sentido é importante estudar o efeito que determinadas atividades podem ter na
diminuição dos riscos associados a estes fenómenos e proceder à quantificação e
valorização dos bens e dos serviços de ecossistema que proporcionem o retorno
para as comunidades para assim garantirem um investimento em contínuo nestes
territórios. O território
rural interior Norte e Centro compreende uma área de aproximadamente 25% do território nacional
continental. É um território essencialmente rural com cerca de 32% com aptidão
agrícola e 40% da sua superfície com aptidão florestal e pastoril. Estas
características conferem um elevado potencial de realização de serviços de
ecossistema. No entanto, dada a baixa densidade populacional média de 75
hab/km2 (média nacional – 166.8 hab/km2) e o êxodo rural dos últimos 30 anos,
conduziram a uma situação de redução de área gerida pelo Homem e a um aumento
da área abandonada. Esta situação resultou numa diminuição da área dedicada à
produção (agrícola, animal e florestal) e a um aumento da área de matos e de
floresta desordenada. Consequentemente, houve um aumento do número de fogos
rurais e de área ardida. Consultando
os PROF de Entre o Douro e Minho, de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Centro
Interior, verifica-se que este território apresenta uma alta a muito alta
aptidão à instalação de espécies florestais, quer folhosas quer resinosas, bem
como uma elevada aptidão à recuperação e à instalação de pastagens, produção
agrícola e actividade apícola. A
recuperação de antigas áreas de produção florestal, a instalação de novas áreas
de produção e a criação de áreas florestais de protecção e conservação,
devidamente compartimentadas pelos corredores ripícolas e pelas faixas de
protecção às linhas de água permitirá criar um mosaico florestal com reduzido
perigo de propagação de incêndios rurais. A
dinamização de modelos de produção de alimentos, quer vegetais, quer animais
bem como a dinamização da apicultura e do pastoreio extensivo de montanha
criará melhores condições de vida para as populações residentes e atractivas
para populações urbanas que procuram alternativas de trabalho e de vida em
ambiente rural. Este
território apresenta uma extensa fronteira com Espanha, o que cria condições de
intercâmbio cultural e alarga o potencial de atractividade transfronteiriça que
as acções de intervenção propostas para o ordenamento e a gestão de unidades de
paisagem irão criar.
Trabalhando
ao nível dos mercados de carbono e estabelecendo parcerias estáveis e
duradouras com empresas que necessitam de adquirir créditos de carbono, para
compensação de emissões não mitigáveis, para poderem desenvolver a sua
actividade, permitirá criar fontes de receita regulares semelhantes às que as
várias freguesias, que integram a região, obtêm resultantes da instalação de
antenas de telecomunicações ou de geradores eólicos de energia eléctrica.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Os
objetivos principais a alcançar com este projeto são: criar e desenvolver
modelos de gestão e de produção agrária que permitam mitigar o efeito dos fogos
rurais, das alterações climáticas, de pragas (insectos) e da presença de
espécies invasoras.
Intervir
ao nível da paisagem rural (agrícola, florestal, matos e pastagens) de modo a
criar unidades de gestão e de ordenamento do território sustentáveis,
promotoras da fixação de carbono e menos suscetíveis aos fogos rurais e às
alterações climáticas. Será explorada a interação e a sequência temporal de
operações culturais: recuperação de áreas ardidas, gestão de combustíveis
vegetais com recurso ao fogo controlado e ao destroçamento mecânico, ações de
transumância, substituição de espécies, rotação de culturas, face às alterações
climáticas e à aptidão do território.
A
base de trabalho será o conjunto de serviços de ecossistema:
- De
produção: lenho, resina, cortiça, alimentos de origem vegetal, alimentos de
origem animal, produtos de origem apícola, etc.;
- De
protecção e de controlo climatérico e ambiental: criação e manutenção de
corredores ecológicos, promoção das condições ecológicas necessárias aos
insectos polinizadores, promoção das taxas de infiltração da chuva, redução do
efeito de fenómenos de erosão, manutenção do nível dos lençóis freáticos, etc.
- De
recreação e contemplação: criação e manutenção de corredores/percursos
(pedestres, para bicicletas, cavalos) com indicação de pontos de interesse e
painéis explicativos: criação e manutenção de pontos de interesse paisagístico
(miradouros) e cultural (centros interpretativos).
O
trabalho começará pela criação de um projeto em ambiente SIG que permita
caracterizar o território em termos morfológicos, antrópicos e de uso e
ocupação do solo.
Esta
base SIG permitirá fazer a análise, para o período entre 1990 e 2022: da
dinâmica da cobertura do solo, da área ardida e das características
demográficas e económicas. Com base nos resultados obtidos e com base no
preconizado nos Programas Regionais de Ordenamento Florestal e na Política
Agrícola Comum, serão desenhados vários cenários agro-florestais que permitam
criar unidades de paisagem florestal de produção e de protecção, preconizar a
manutenção ou a recuperação de áreas de produção agrícola e de pastagem
natural.
Para
todos os cenários, será feito o balanço em termos de serviços de ecossistema e
de taxas de fixação de carbono. Estes balanços entrarão em consideração com as
taxas de fixação relativas a cada espécie vegetal a instalar bem como com a
duração temporal do carbono fixado.
Em
termos de serviços de ecossistema, será feita a classificação e a
contabilização dos valores. Os serviços de produção já estão valorados por
natureza (madeira, resina, cortiça, etc.), sendo a valorização, dos mesmos, um
dos objectivos. Produzir mais, e melhor e com menos risco.
Os
serviços de conservação e de proteção terão de ser contabilizados,
caracterizados e valorados. Os resultados obtidos serão divulgados e usados
para solicitar medidas compensatórias e fundos monetários a serem pagos aos
proprietários/produtores pelos serviços prestados. Desta forma, valoriza-se a
gestão sustentável do território através de culturas cujo objectivo principal
não seja a produção.
Os
serviços de recreação e contemplação serão uma área a desenvolver de modo a
atrair população temporária que veja interesse em visitar as regiões. A criação
de pontos de interesse, de percursos e de ações de formação específicas (ex.
workshops temáticos rurais) permitirá valorar e valorizar este tipo de serviços
e atrair população temporária.
Todas
estas ações serão desenvolvidas através de processos participativos que juntem
as comunidades locais, cientistas, entidades públicas e empresas privadas.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
No
âmbito da presente candidatura é formalizado uma parceria entre várias
entidades, as quais serão responsáveis pelo desenvolvimento de determinadas atividades:
Associação
Florestal do Entre o Douro e Tâmega – Trabalho de campo e ligação aos
produtores florestais. Recolha de dados de campo, contato local com produtores
agrários, contato local com madeireiros, resineiros, pastores, etc.
Cooperativa
Agro Rural de Boticas, CRL - Capolib – Alto Tâmega (Barroso): recolha de dados
de campo, contato local com produtores agrícolas e órgãos gestores de baldios,
contato local com madeireiros, resineiros, pastores, apicultores, parcelas de
ensaio para aplicação e teste de modelos etc.
Raízes.In
- Instalação de parcelas de ensaio para aplicação e teste de modelos para
a resinagem e fogo controlado. Monitorização das actividades e contabilização
de custos e de benefícios. Estabelecer o contacto directo entre as equipes de
investigação, os proprietários rurais e os empresários rurais.
Floresta
Bem Cuidada – Trabalho de campo e ligação aos produtores florestais. Recolha de
dados de campo. Contato local com madeireiros, resineiros, pastores, etc.
Controlo de biomassa florestal e reflorestação de territórios degradados.
Celtiberus
- Comunicação e divulgação junto da população local (comunidades),
públicos-alvo e institucional do projeto
Enxertada
- Sociedade Agrícola Lda: Monitorização e dinamização de serviços de
ecossistema: produção, conservação, regulação, polinização. Controlo de pragas
biológicas
Cooperação -
ANP|WWF
– Acções de comunicação e de divulgação junto da população em geral,
públicos-alvo e institucional do projeto, contacto com potenciais tomadores dos
resultados do projecto
Forestis
– Acções de comunicação e divulgação junto da população em geral, públicos-alvo
e institucional do projeto. Contacto directo com os Conselhos directivos dos
Baldios. Desenvolvimento de processos de certificação da gestão florestal
sustentável, certificação dos serviços de ecossistema e comercialização dos
créditos de carbono junto de empresas emissoras de GEE ou comprometidas com
políticas de net-zero.
Centros de competências
(https://inovacao.rederural.gov.pt/centros-de-competencias) -
Centro de Competências da Apicultura e da
Biodiversidade (CCAB): identificação de apicultores com potencial para
participar com os seus apiários como áreas de estudo. Contacto com apicultores
em geral e dinamização de acções de divulgação e de apresentação de resultados
do projecto.
Polos de Inovação
(https://www.drapc.gov.pt/servicos/agricultura/polos-inovacao.php)
Polo de inovação de Mirandela - Iniciativa de revitalização
de zonas rurais. Participação na recolha de dados de campo e no processamento
de informação. Identificação de novos produtos e de novas formas de ligar a
actividade produtiva rural (agro-florestal) à divulgação de novos produtos e à
identificação de novos mercados.
Parceiro científico -
UTAD
(Líder do consórcio). Toda a área de trabalho: NUT II: Norte e Centro. Recolha
de informação de base, recolha de dados de campo, criação de um projeto em
ambiente de Sistemas de Informação Geográfica. Para o período entre 1990 e
2022, proceder à análise da dinâmica da cobertura do solo, da área ardida e das
características demográficas e económicas. Modelação espacial e caracterização
da aptidão do território a atividades: agrícolas, florestais de produção
(produção lenhosa, resina, cortiça, etc.), florestais de conservação e de
proteção do ambiente, apicultura, pastagem de montanha.
Autoridades
Camara Municipal de Boticas (ID RRN 2965)
Camara Municipal de Marco de Canaveses
Entidades não beneficiárias, apoiantes
Universidade
de Vigo / Pontevedra/ Santigo de Compostela - Consultoria e transmissão de
exemplos criados ou a ser criados na Galiza
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