|
Nutrir em tempo de seca (ID: 350 )
Coordenador: CATAA - Associação Centro de Apoio Ecnológico Agroalimentar
Iniciativa emblemática: 9. Promoção dos produtos agroalimentares portugueses
Data de Aprovação: 2022-09-09 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beira Baixa
Identificação do problema ou oportunidade
Esta iniciativa pretende
contribuir para a transição para uma agricultura mais resiliente, sustentável,
rentável e competitiva, que permita fazer face a eventos extremos como o
déficit hidrológico resultante das alterações climáticas. Assim, o principal objetivo desta iniciativa
consiste em identificar e valorizar culturas alternativas resistentes à seca
extrema (ex: leguminosas como feijão, grão), pela sua incorporação enquanto
ingredientes em alimentos saborosos, nutritivos e funcionais, de fácil consumo,
e que vão de encontro às novas tendências de mercado, como é o caso da procura
de produtos ricos em fibra ou proteína. O projeto engloba as seguintes
tarefas: 1 - Identificação
e caracterização de espécies e variedades nacionais resistentes à seca, fontes
de fibra e/ou proteína; 2 - Identificar
tendências e conceitos de mercado para desenvolvimento de novos produtos; 3 - Valorização
dos recursos identificados através do desenvolvimento de novos produtos mais
atrativos para os consumidores; 4 - Caracterização
nutricional e análise sensorial dos produtos desenvolvidos; 5 - Explorar os
efeitos na saúde do consumo de produto(s) selecionado(s): microbiota intestinal
e parâmetros cardiometabólicos; 6 - Identificação dos mercados-alvo, nacionais e
internacionais. Estratégias para internacionalização;
7 - Divulgação e
disseminação de resultados pelos diferentes atores do setor;
8 - Gestão e coordenação das atividades desenvolvidas no projeto.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A crescente recorrência de
desastres naturais e eventos climáticos extremos devido às mudanças climáticas
está a ameaçar seriamente os sistemas alimentares em todo o mundo. É urgente
acelerar a transição para sistemas alimentares mais resilientes e sustentáveis,
a fim de evitar mais danos irreparáveis aos ecossistemas da Terra e garantir a
segurança alimentar às populações.
Sensivelmente metade do
território da União Europeia encontra-se atualmente em situação de risco devido
à seca prolongada, o que deverá provocar um declínio no rendimento das culturas
em diversos países, Portugal incluído, segundo um relatório publicado em julho
de 2022 pela Comissão Europeia sobre "a seca na Europa - julho de 2022".
O Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia alertou que as condições de
seca vão piorar, com alguns especialistas a referir que é possível estar-se
perante a pior seca em 500 anos.
O stress hídrico e térmico está a
diminuir o rendimento das culturas e a tornar o cultivo de algumas
insustentável. Para ilustrar esta questão, denota-se que devido à seca,
estima-se que a produção de milho na União Europeia seja 12,5 milhões de
toneladas abaixo do ano passado e a produção de girassol diminua cerca de 1,6
milhões de toneladas mais baixa, de acordo com a S&P Global Commodity
Insights. Em Portugal de 2022, as perdas estimadas são de 50% na pêra rocha e
de 40% na abóbora e couve, segundo a Associação Interprofissional de
Horticultura do Oeste.
As partes interessadas dos
sistemas alimentares terão de se adaptar a esta nova realidade e encontrar
formas inovadoras de prosperar, garantindo a produção de alimentos nutritivos
e, ao mesmo tempo, reduzindo significativamente a sua pegada ambiental.
A produção de produtos
agroalimentares sustentáveis requer práticas que preservem os ecossistemas
naturais, a biodiversidade, a fertilidade do solo e, acima de tudo, os recursos
hídricos disponíveis.
As crescentes preocupações com as
mudanças climáticas e a necessidade de práticas sustentáveis, paralelamente com
a procura de alimentos ricos em fibra (com vista a saúde intestinal) e proteína
(para colmatar a redução de produtos cárneos na alimentação), estão a moldar
o comportamento dos consumidores, sendo, portanto, imperativo que as empresas
agroalimentares apostem no desenvolvimento de produtos com ingredientes mais
resilientes, sustentáveis e nutritivos.
O cultivo de leguminosas como o
feijão, permitirá mitigar a falta de água na agricultura pela sua baixa exigência
de água, adaptando-se ainda a condições exigentes como solos inférteis e
temperaturas elevadas. Por serem plantas com capacidade para fixar azoto no
solo, as leguminosas são benéficas para a fertilidade do solo agrícola e
consequente diminuição da pegada de carbono. Em particular, segundo o Instituto
Nacional de Estatística, Portugal não tem atualmente capacidade produtiva de suprir
as suas necessidades de consumo, tendo por isso de recorrer a mercados
externos.
Mais lucrativo e resistente à seca é também o pistácio, uma
árvore adaptada a verões longos e quentes e invernos muito frios, sendo menos
exigente em recursos hídricos quando comparadas com pomares atualmente
implementados. A crescente preocupação com as
mudanças climáticas e a necessidade de práticas sustentáveis estão a moldar o
comportamento dos consumidores. Agora, mais do que nunca, os consumidores estão
a escolher produtos com base na sua sustentabilidade, para além do sabor, valor
nutritivo, impacto na saúde, conveniência e preço.
Assim, a incorporação de ingredientes
agroalimentares provenientes de cultivos com menor exigência de recursos
naturais e com maior respeito pelos ecossistemas, em produtos de consumo facilitado
como snacks que preservem as suas propriedades nutritivas, apresenta-se como
uma oportunidade para a sua valorização.
A criação de novos produtos
através da inovação alimentar e orientados para as tendências de consumo
conduzirão a um aumento do consumo, contribuindo para a transição para paisagens
agrícolas mais sustentáveis e resilientes e uma atividade agrícola mais
rentável e competitiva.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Centro
de Investigação: CATAA-Associação Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar tem
como missão promover o desenvolvimento sustentável e competitivo do sector
alimentar, nas vertentes socioeconómicas, formativa, técnica e ambiental. É
composto por laboratórios de físico-química, microbiologia e biologia
molecular, permitindo técnicas de análise e caracterização de produtos
agroalimentares, e pelo laboratório de análise sensorial que conta atualmente
com um painel de cerca de 300 consumidores (provadores não treinados e
previamente selecionados) para compreender melhor as preferências e escolhas
dos consumidores, e, consequentemente, desenvolver novos e melhores produtos. Para
além de todos estes componentes, o CATAA dispõe ainda de quatro unidades piloto,
carnes, lácteos, azeites e hortofrutícolas, caracterizando-se pela
funcionalidade e versatilidade, tendo como objetivo principal o desenvolvimento
e implementação das novas tecnologias alimentares. O desenho e equipamentos das
unidades piloto permitem a experimentação de tecnologias emergentes, a
otimização de processos e o desenvolvimento de novos produtos alimentares, sem
descurar o estudo dos processos tradicionais no sector alimentar. Nesse âmbito
lidera esta iniciativa, sendo responsável pela atividade de gestão e
coordenação (atividade 8). Participa ativamente nas atividades 1, 3, 4, 5 e 7,
disponibilizando, entre outros meios, os seus equipamentos laboratoriais. Ensino superior: Universidade
Nova de Lisboa tem como missão servir a sociedade a nível local, regional e
global, pelo avanço e disseminação do conhecimento e da compreensão entre
culturas, sociedades e pessoas, através de um ensino e de uma investigação de
excelência e de uma prestação de serviços sustentados num forte sentido de
comunidade. Uma das linhas de investigação é dedicada aos estudos do Eixo
Dieta-Microbiota-Metabolismo, que determina a resposta individual à dieta. Com
recurso a diferentes modelos de investigação pré-clínica (linhas celulares e
modelos animais) e clínica, a técnicas analíticas (metabolómica, sequenciação e
biologia molecular) pretende compreender de uma forma holística o efeito da
dieta no organismo, e o papel central do microbiota nesta relação. Conhecer o
impacto da matriz alimentar, dos nutrientes e dos não-nutrientes (p.e.
fitoquímicos) no metabolismo e os mecanismos moleculares envolvidos, atendendo
às interações metabólicas entre microbiota e hospedeiro, é fulcral para a
manutenção do estado de saúde. Este parceiro participa ativamente nas
atividades 1, 3, 4, 5 e 7. O COTHN - Centro de Competências para a hortofruticultura desenvolve trabalho em prol da
promoção do conhecimento e inovação na fileira hortofrutícola. Tem como objetivo juntar os
principias stakeholders nacionais de uma determinada área e trabalhar no
desenvolvimento de uma agenda de inovação. Como o COTHN agrega no universo dos seus associados os
principais grupos de interesse da fileira hortofrutícola para a área da inovação,
foi possível ajustar os seus estatutos de forma a criar um concelho de
estratégia e inovação, da qual fazem parte a Portugalfresh, PortugalFoods,
INIAV, Universidade de Coimbra, representantes da produção frutícola e
hortícola, responsável por envolver outras entidades e desenvolver a
agenda de investigação para a fileira hortofrutícola. Este parceiro participa ativamente nas atividades 1, 6 e 7. Associação do sector: A
InovCluster – Associação do cluster agro-industrial do Centro é uma associação
sem fins lucrativos, criada em 2009, reconhecida aquando da estratégia de
eficiência coletiva, definida pelo ministério da economia, com o intuito de
promover em Portugal o acompanhamento das tendências internacionais no que diz
respeito à promoção do setor agro-industrial. O reconhecimento da importância
do papel dos clusters enquanto plataforma de inovação aberta, catalisadoras do
acesso e partilha de conhecimento e do fomento de práticas colaborativas (entre
as entidades da tripla hélice que integram os seus ecossistemas, nomeadamente
entre empresas, instituições de ensino superior e instituições públicas) em
fases iniciais dos processos de inovação, investigação e desenvolvimento
tecnológico e de internacionalização, faz dos clusters reconhecidos, entidades
com um papel fundamental no que diz respeito à promoção da competitividade.
Assumem-se como centros de desenvolvimento, de diversificação e de inovação
para impulsionar o crescimento de todo o setor em que operam, auxiliando as
empresas suas associadas e não associadas a aumentar a sua capacidade
competitiva. A InovCluster conta com 13 anos de trabalho desenvolvido no âmbito
da promoção da competitividade e estímulo à cooperação no setor agroalimentar.
Conta com 178 associados, entre os quais 144 são PME, 8 instituições de ensino
superior, 14 associações, 8 municípios e 4 instituições de ID&T. Nesta premissa, irá participar de
forma ativa no desenvolvimento de novos produtos alinhados com as mais recentes
tendências de consumo, em concreto nas atividades 1, 2, 3 e 6, trabalhando em
proximidade com o COTHN-CC na identificação de mercados-alvo e na captação de
possíveis interessados nos produtos desenvolvidos. A par com o COTHN-CC, irá
participar na atividade 7, desenvolvendo e implementando a estratégia de
comunicação externa e interna do projeto, sensibilização do público-alvo e
organização de eventos de apresentação da iniciativa e eventos de
disseminação de resultados junto do tecido empresarial. As PME identificadas nesta
fase, Promessa Rústica, Unipessoal, Lda e Living Seeds – Sementes Vivas, S.A., são
produtoras de algumas das culturas de foco deste projeto, o seu papel será de
articulação direta com participantes de cada atividade, participarão na recolha
de dados, fornecerão produtos para a elaboração de testes e ajudando no
desenvolvimento dos novos produtos. De forma transversal, irão participar na
disseminação dos resultados obtidos.
|
|
|