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BIOecoli - Novos probióticos para controlar a Diarreia Pós Desmame associada à Colibacilose em leitões (ID: 354 )
Coordenador: IST - Instituto Superior Técnico
Iniciativa emblemática: 2. Uma Só Saúde
Data de Aprovação: 2022-09-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Área Metropolitana de Lisboa NUTS III: Área Metropolitana de Lisboa
Identificação do problema ou oportunidade
O período pós-desmame é uma fase
crítica na vida dos suínos, uma vez que o sistema imunológico dos leitões é
imaturo, e a retirada do leite da porca e consequente interrupção da ingestão
nutritiva da imunoglobulina presente no leite, aumenta a suscetibilidade dos leitões
a infeções microbianas. Este distúrbio, conhecido como Diarreia Pós-Desmame (DPD)
resulta de uma infeção denominada por colibacilose entérica pós-desmame, que afeta
frequentemente os leitões durante as primeiras 2 semanas de desmame e é
caracterizada por morte súbita ou diarreia e consequente retardo no crescimento
dos leitões sobreviventes.
A DPD é uma das ameaças mais graves
para a suinocultura nacional e mundial, com episódios que atingem taxas de
mortalidade de 20 a 30%. A DPD está associada à proliferação de Escherichia
coli enterotoxigénica (ETEC) no intestino dos leitões, cuja virulência se
carateriza pela adesão microbiana mediada por uma interação com o recetor da
fímbria das ETEC seguida pela colonização do epitélio intestinal e a produção
de enterotoxinas que causam interferências no fluido eletrolítico aumentando
a secreção de fluido para o lúmen levando à diarreia.
Uma vez que os suínos representam a
maior categoria pecuária da União Europeia, as doenças associadas às ETEC
resultam em custos significativos para a indústria suinícola. Estas doenças são
tradicionalmente tratadas com antibióticos, e isto tem tido um impacto enorme
no aparecimento de bactérias resistentes, correlacionando-se com o aparecimento
de infeções resistentes em seres humanos. Neste sentido, diferentes abordagens têm
sido usadas para prevenir DPD por ETEC em suínos, incluindo a suplementação da
dieta com prebióticos e probióticos; o melhoramento genético das varas
resistentes à ETEC; a administração de promotores de crescimento; e o
desenvolvimento de vacinas. No entanto, algumas dessas abordagens já foram
banidas do mercado como é o caso dos fatores de crescimento, e mais
recentemente do óxido de zinco (Junho de 2022); além disso algumas das
estratégias usadas apresentam resultados pouco consistentes.
Essas restrições afetam fortemente
o controlo da DPD ameaçando a sustentabilidade das suinoculturas nacionais o
que obrigatoriamente abre espaço para introdução urgente no mercado
agropecuário de uma estratégia de intervenção inovadora e livre de antibióticos
que possa controlar as infeções por ETEC em suínos.
Tratando-se a
suinocultura como um dos setores agropecuários com maior importância económico e
social em Portugal, e estando o seu futuro claramente comprometido pelo aumento
das perdas causadas DPD, a mitigação deste problema é a prioridade do BIOecoli.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O
BIOecoli assenta numa estratégia de investigação aplicada,
baseada na experiência que visa no desenvolvimento de cocktails de probióticos,
como uma alternativa aos antibióticos/promotores de crescimento na área da
suinicultura, mais especificamente para controlo da colibacilose entérica em
leitões na fase pós-desmame. Neste período, ocorre uma severa alteração da microbiota intestinal, conduzindo à perda do
equilíbrio entre a microbiota comensal e as estirpes patogénicas presentes no intestino,
o que pode culminar numa proliferação e colonização das ETEC no intestino
delgado. Neste sentido, a utilização de cocktails de probióticos tem em vista
regular a microbiota, o que é crucial para aumentar a saúde intestinal dos
leitões prevenindo a síndrome de DPD. Para o efeito, o projeto integra 3 objetivos
principais:
1) aumentar
o conhecimento sobre a diversidade de estirpes E. coli ETEC isoladas de
leitões pós-desmame de suiniculturas portuguesas;
2) explorar o potencial probiótico de
microrganismos descritos como contendo propriedades biológicas para o controlo
da colibacilose em suínos;
3)
desenvolvimento de um cocktail de probióticos seguro para a administração em
leitões e que apresente segurança ambiental, e para o consumo alimentar.
O BIOecoli
está organizado em 7 tarefas: 1) Gestão e coordenação; 2) Análise de
prevalência e virulência de E. coli ETEC em leitões pós-desmane de suiniculturas
Portuguesas; 3) Validação da atividade antimicrobiana de
microrganismos descritos como probióticos; 4) Desenvolvimento de formulações à
base de probióticos de multiespécies; 5) Encapsulamento do
cocktails de probióticos; 6) Avaliação da segurança do cocktails
de probióticos encapsulados em linhas celulares intestinais de
suínos e em leitões; 7) Scale-up e regulamentação do cocktail de probióticos.
Assim, tendo como objetivo desenvolver uma
estratégia alternativa aos antibióticos/fatores de crescimento, o BIOecoli
pretende usufruir de microrganismos com provas dadas na área da biotecnologia devido
às suas propriedades biológicas. É de salientar que numa primeira
fase será analisada a capacidade antimicrobiana de um largo número de
microrganismos com potencial probiótico (Bifidobacterium thermophilum, Enterococcus faecium,
Lactobacillus acidophilus, L. casei, L. plantarum, L. reuteri,
L. rhamnosus, and Pediococcus
acidilactici) contra estirpes E. coli ETEC
isoladas de casos de colibacilose entérica de leitões pós-desmame. Dependendo
das potenciais propriedades antimicrobianas comprovadas através de realização
de ensaios in vitro, os candidatos mais promissores seguirão para a
próxima etapa para serem utilizados como um potencial probiótico multiespécies.
Posteriormente, a biossegurança deste tipo de alternativas será avaliada, primeiramente,
através de linhas celulares, e numa fase posterior com recurso a leitões em
fase pós-desmame.
Em linha com os
objetivos estratégicos, pretende-se consolidar e expandir a ligação sinergética
e de progresso entre o tecido empresarial na área da suinicultura e o sistema
científico e tecnológico em Portugal. Em particular pretende ajudar a atingir
os seguintes objetivos: i) uma população mais saudável, através da redução do
uso de antibióticos e fatores de crescimento em aninais de produção; ii) alcançar
a segurança alimentar e melhorar a nutrição e promover a agricultura
sustentável; iii) a criação de condições favoráveis ao aumento da
empregabilidade que potencie a atração de mais jovens para o setor.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O consórcio BIOecoli é liderado
pelo Instituto Superior Técnico (IST) e agrega um conjunto de parceiros com uma
vasta experiência em áreas complementares para assegurar o cumprimento cabal
dos objetivos do projecto, quer científicos, quer de translação.
A
equipa do Instituto de Biogenharia e Biociências do IST, responsável pela condução do trabalho, é composta por membros
experientes nas áreas da microbiotecnologia e microbiologia molecular,
incluindo no estudo e exploração de microrganismos com potencial probiótico. O
IST terá a responsabilidade da gestão e coordenação do projeto, bem como um
papel preponderante na seleção dos probióticos multiespécies após
determinação da sua atividade in vitro contra estirpes de E. coli ETEC (TAREFAS 1, 3, 4, 7).
O INIAV é o Laboratório do
Estado do Ministério da Agricultura e Alimentação, e é constituído por sete
Polos de Atividade, entre os quais: o Pólo de Inovação de Vairão (PIV), que
desenvolve atividades de investigação na área da segurança alimentar, cujas
competências integram-se na Unidade Estratégica de Investigação e Serviços de
Tecnologia e Segurança Alimentar; e o Pólo de Inovação da Fonte Boa –
Estação Zootécnica Nacional (EZN).
O PIV, terá um papel preponderante na análise de prevalência de E. coli ETEC em leitões pós-desmane de suiniculturas portuguesas, e no
encapsulamento do cocktail de probióticos multiespécies encontrado (TAREFAS 2,
4, 5 PIV). A EZN
terá um papel preponderante na avaliação da segurança de probióticos multiespécies encapsulados em
leitões pós-desmame bem como no scale-up e na regulamentação do produto final (TAREFA
6).
A UMinho,
Universidade do Minho, possui o Centro de Engenharia Biológica (CEB). O CEB tem
4 áreas temáticas de investigação de biotecnologia: Industrial, Alimentar,
Ambiental e Saúde. O CEB-Uminho será crucial na análise da virulência das E. coli ETEC em
leitões pós-desmane de suiniculturas portuguesas e nos ensaios de biossegurança
das formulações de cocktails de probióticos em linhas celulares (TAREFAS 2 e 6).
A UTAD,
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, possui o Departamento de
Zootécnia, que possui o Centro de Ciência Animal e Veterinária (CECAV) que promove a pesquisa
em produção animal e ciências veterinárias. Os novos desenvolvimentos na produção
animal, processamento industrial de produtos de origem animal, questões de
saúde animal, bem como sobre os impactos ambientais constituem as principais
áreas de pesquisa. A UTAD-CECAV terá um papel preponderante na avaliação da segurança de probióticos
multiespécies encapsulados em leitões pós-desmame (TAREFA 6).
Sendo a objetivo basal desta
proposta a criação de melhores condições para o aumento do rendimento do setor
suinícola faz parte do consórcio a ACPA,
Associação de Criadores de Porco Alentejano, o CCPAM, Centro de
Competências do Porco Alentejano e do Montado, que não tendo personalidade
jurídica, nomeou como representante legal a ACPA para que seja garantida a
divulgação correta dos outputs alcançados.
A FPAS,
Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores, será a ponte de ligação
entre o ambiente académico e o sector de suinicultura, cujos objetivo passa por
aumentar o nível técnico de o rendimento económico dos criadores associados.
A Reis
& Silva, Lda, suinocultura sediada em Vila Nova de Famalicão, será um
ponto chave para a execução deste projeto, cujo foco passa por isolar as ETEC
provenientes dos leitões em criação, que serão a base para uma fase posterior
do projeto (TAREFA 2).
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