Bolsa de Iniciativas PRR

 

FeedValue - Potencial de utilização e valorização de subprodutos no fabrico de alimentos compostos para animais e na produção de fertilizantes orgânicos (ID: 358 )
Coordenador: UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Iniciativa emblemática: 5. Agricultura circular
Data de Aprovação: 2022-10-06 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Terras de Trás-os-Montes
 
Identificação do problema ou oportunidade

A economia circular é uma das prioridades na União Europeia (UE), espelhada na estratégia “Farm to Fork” do “Pacto Ecológico Europeu” e pretende impulsionar a competitividade da UE ao proteger as empresas contra a escassez dos recursos e a volatilidade dos preços, ajudando a criar oportunidades empresariais e formas inovadoras e mais eficientes de produzir e consumir e, em simultâneo, criar oportunidades de emprego local e de integração e coesão social. Para concretizar esta ambição, a UE tem de acelerar a transição para um modelo de crescimento regenerativo que restitua ao planeta mais do que lhe retira e, desta forma, envidar esforços para reduzir o impacto ecológico do consumo e duplicar a taxa de utilização de materiais circulares na próxima década (COM (2020) 98 final).

A indústria agroalimentar produz uma enorme quantidade e variedade de subprodutos, os quais, caso não sejam utilizados, tornar-se-ão resíduos, o que representa um custo para as empresas. Na União Europeia são produzidos anualmente 700 milhões de toneladas de resíduos da indústria agroalimentar (Cordis.europa.eu), os quais, além do desperdício que representam têm um impacte ambiental importante.

Reduzir o desperdício de alimentos nas fases iniciais da cadeia alimentar tem um enorme potencial para reduzir os recursos que usamos para produzir os alimentos que comemos, sobretudo de proteína de elevado valor biológico, através de géneros alimentícios de origem animal. Por outro lado, os subprodutos da indústria agroalimentar (IAA) que são igualmente uma fonte de desperdício, ao serem veiculados para outras indústrias podem tornar-se numa oportunidade. Esta valorização pode ser feita a diferentes níveis, através: da sua utilização em alimentação animal, da produção de fertilizantes orgânicos ou como fontes energéticas.

Alguns destes subprodutos da IAA já são utilizados pela indústria de alimentos para animais, mas existem muitos subprodutos que não são devidamente valorizados, nomeadamente subprodutos que apenas ganharam dimensão nos últimos anos, prevendo-se que a sua produção continue a aumentar nos anos vindouros, podendo tornar-se um problema ambiental.

No entanto, não existe informação consolidada sobre a quantidade disponível, distribuição geográfica e época de obtenção dos diferentes subprodutos, com potencial para serem utilizados em alimentação animal. As condições em que os subprodutos são produzidos, como podem ser conservados (dada a sazonalidade da produção) são aspetos relevantes, pelo que é fundamental estudá-los para valorizar a sua utilização.

Outro ponto importante prende-se com a dependência externa de abastecimento de matérias-primas para a alimentação humana e animal, a que acresce a enorme pegada ambiental da importação das mesmas. A dependência e a instabilidade dos preços das matérias-primas, sujeitas aos mercados internacionais que ditam o seu preço, induz instabilidade e incerteza a estes setores alimentares. Esta situação agudizou-se nos últimos anos, primeiro devido à pandemia de Covid 19, com a diminuição do escoamento de produtos de origem animal devido ao encerramento do canal Horeca e às dificuldades de abastecimento, principalmente da China, e depois como resultado da invasão da Ucrânia pela Rússia. As economias ucraniana e russa são das principais fornecedoras de matérias-primas, incluindo trigo e milho. A interrupção destas cadeias produtivas tende a aumentar os preços, o que é de particular importância para a indústria de alimentos compostos, uma vez que a alimentação animal é altamente dependente destas matérias-primas.

A possibilidade de encontrar cadeias de abastecimento mais curtas, com menor impacte ambiental, e que permitam aumentar a autossuficiência nacional é extremamente importante para o País e para as empresas do setor. Combater o desperdício de alimentos é uma vitória tripla: economiza alimentos para consumo humano; beneficia economicamente os produtores primários, empresas e consumidores; e reduz o impacto ambiental e climático da produção e consumo de alimentos. Estes são os objetivos deste projeto.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Este projeto tem como principal objetivo a valorização de subprodutos da indústria agroalimentar através da sua utilização em duas vertentes: a alimentação animal e a produção de fertilizantes orgânicos. Através das atividades previstas neste projeto pretende-se contribuir para uma melhoria da economia circular, não só através do aproveitamento de subprodutos, transformando um desperdício numa mais-valia e diminuindo o peso para as empresas do seu tratamento (como resíduos), mas igualmente através do incentivo a uma economia de proximidade, a qual permitirá diminuir a pegada ambiental dos produtos, mas também aumentar a sustentabilidade económica e social das empresas nessas regiões. Permite ainda aumentar a autonomia de abastecimento de matérias-primas para a alimentação animal, impulsionar a competitividade das empresas nacionais ao protegê-las contra a escassez dos recursos e a volatilidade dos preços, ajudando a criar oportunidades empresariais e formas inovadoras e mais eficientes de produzir e consumir e, em simultâneo, criar oportunidades de emprego local e de integração e coesão social. 

Este projeto foca-se no desenvolvimento e avaliação de novas dietas alimentares para animais (bovinos e ovinos), tendo por base subprodutos, pretendendo-se que estas apresentem um valor nutricional interessante e uma mais valia ambiental, respeitando todas normas de segurança alimentar ao longo da cadeia de valor e na produção de compostos orgânicos produzidos a partir de subprodutos sem interesse para a alimentação animal, valorizando-os e avaliando os seus benefícios para o solo e culturas produzidas.

Este projeto assenta na:

1 – Avaliação de subprodutos da agroindústria e sua disponibilidade, forma de conservação e com desenvolvimento de um mercado de proximidade, estimulando a economia local;

2 – Avaliação do ciclo de vida das matérias-primas (cereais, oleaginosas, subprodutos em estudo, entre outras) e dos alimentos compostos com a sua incorporação com vista à redução da pegada ambiental da alimentação animal;

3 – Avaliação das performances produtivas e quantificação de gases de efeito estufa em ensaios animais com bovinos e ovinos alimentados com dietas com incorporação de subprodutos da indústria agroalimentar;

4 - Utilização de subprodutos não adequados para a alimentação animal como fertilizantes orgânicos melhorando a estrutura e saúde dos solos e incentivando à economia circular.

Com estas atividades pretende-se incentivar a utilização de subprodutos na área da alimentação animal e na produção de fertilizantes orgânicos, proteger as empresas contra a escassez dos recursos e a volatilidade dos preços, estimular a economia local, melhorar o rendimento dos produtores, criar oportunidades de emprego local e de integração e coesão social, sem esquecer a importância de aumentar a autossuficiência nacional e de diminuir a pegada ambiental da produção pecuária e da produção de alimentos para animais.

Por fim, este projeto pretende incentivar a proximidade entre a investigação e a produção permitindo a transmissão de conhecimento e divulgação e disseminação de resultados a todas as partes interessadas. Com este objetivo a equipa que levará a cabo este projeto é multidisciplinar, com atores que vão desde a produção de subprodutos, aos utilizadores finais dos mesmos, não esquecendo a sua conservação e transformação.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

A avaliação de subprodutos da agroindústria e sua disponibilidade (quantidades produzidas, época do ano, localização da produção), será realizada com a colaboração dos principais produtores dos mesmos (indústria de transformação de tomate, indústria cervejeira, lagares de azeite e Casa do Azeite, destiladores vinícolas, produtores de sumos de fruta). Serão feitas várias colheitas durante a época de produção dos subprodutos com vista à sua análise nutricional. Serão ainda realizados ensaios de digestibilidade in vitro destes subprodutos. Para a sua incorporação nos alimentos compostos serão avaliadas formas da sua desidratação e conservação.

Este trabalho será efetuado na primeira tarefa do projeto sob coordenação do FeedInov e que fará todo o processamento analítico, recolha de amostras e de informação com vista ao mapeamento. O trabalho será desenvolvido no Polo de Inovação da Fonte Boa. Nesta tarefa colaborarão também os seguintes parceiros:

·        IACA - recolha de informação para o mapeamento dos subprodutos;

·        UTAD – apoio nas análises laboratoriais e ensaios de digestibilidade;

·        Indumape – desenvolvimento de informação, fornecimento da polpa de maçã e apoio na tarefa de desidratação da mesma;

·        Pipe Master - técnicas de desidratação e avaliação dos produtos finais.

Na segunda tarefa será avaliado teoricamente o ciclo de vida dos subprodutos e dos alimentos compostos com eles incorporados, através da metodologia GFLI. Esta tarefa será coordenada em conjunto pelo FeedInov e pela IACA, que farão os cálculos do ciclo de vida dos diferentes produtos, com a colaboração da Nutrinova, a qual será responsável pela formulação das dietas com substituição de matérias-primas “tradicionais” por subprodutos.

Na terceira tarefa avaliar-se-á as substâncias com potencial de mitigação e será coordenada pela Universidade de Aveiro, responsável pela identificação de moléculas prebióticas provenientes de subprodutos agroalimentares, e moléculas inorgânicas com potencial poder de mitigação das emissões de metano, com a colaboração do parceiro Indumape. Nesta tarefa colaborará ainda

·        FeedInov - Avaliação in vitro de compostos prebióticos e inorgânicos com potencial de mitigação.

A coordenação da quarta tarefa será partilhada pela UTAD e pelo IPV relativamente à determinação das emissões diretas de CH4 e CO2 das fórmulas alimentares e avaliação da performance produtiva dos animais, sendo a UTAD responsável pelos ensaios em bovinos e o IPV responsável pelos ensaios em ovinos. Os parceiros Nutrinova e Ovargado serão responsáveis pela formulação e produção dos alimentos compostos com e sem a incorporação dos subprodutos em avaliação.

A quinta tarefa será partilhada e tem como objetivo avaliar a contribuição dos resultados dos ensaios desenvolvidos com dados de emissões de metano e dióxido de carbono proveniente da fermentação entérica para as bases de dados nacionais.

A sexta tarefa será coordenada pelo Food4Sustainability (F4S) e incidirá na Linha de ação: 5.1. Fertilizantes orgânicos, através da avaliação da               utilização de subprodutos não adequados para a alimentação animal como fertilizantes orgânicos. O F4S desenvolverá os ensaios e a avaliação analítica dos fertilizantes, do solo e das plantas produzidas. Os jovens agricultores serão responsáveis pelo desenvolvimento dos ensaios em campo, sendo acompanhados nos mesmos quer pelo F4S quer pelo FeedInov. A PipeMaster fará os compostos a incorporar no solo.

A última tarefa diz respeito à divulgação e disseminação e decorrerá sob coordenação do Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas no Setor Agroflorestal, tendo a participação de todos os parceiros. Nesta tarefa pretende-se, além da transmissão transversal do conhecimento a todas as partes interessadas, o desenvolvimento de ações de incentivo a práticas mais sustentáveis e à utilização de subprodutos, quer junto dos fabricantes de alimentos para animais, quer junto dos produtores pecuários que produzam forragens e silagens para a alimentação animal.

A coordenação e gestão do projeto ficará da responsabilidade do líder do projeto.

INIAV a representar Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas no Setor Agroflorestal. O Centro nacional de competência é representado pelo INIAV, porque sendo uma entidade sem personalidade jurídica tem de ser representado por um dos seus associados e eles delegaram esse papel no INIAV (representante Ana Pires da Silva).


a)      NUT II e III onde se irá desenvolver a Iniciativa

 UTAD – Norte; Douro (zona desfavorecida)

FeedInov – Alentejo; Lezíria do Tejo

UA – Centro; Aveiro

IPV – Centro; Viseu-Dão Lafões (zona desfavorecida)

F4S – Centro; Beira Baixa (zona desfavorecida)

IACA – Lisboa; Lisboa

CNCACSA – Alentejo; Alto Alentejo (zona desfavorecida)

Indumape – Centro; Leiria

Ovargado – Centro; Aveiro

Nutrinova – Centro; Viseu-Dão Lafões (zona desfavorecida)

André de Oliveira e Silva – Norte; Área metropolitana do Porto

Sérgio Domingos Azevedo Rodrigues Alves – Norte; Área metropolitana do Porto

Bernardino Daniel Mendonça Maia– Norte; Área metropolitana do Porto


Ao submeter uma iniciativa relativa ao Aviso N.º 18 C05-i032021, os seguintes parceiros não aparecem nas listagens dos membros da rede Rural na bolsa de iniciativas. 

Ovargado-Sociedade Comercial Industrial Alimentos Para Animais, S.A.

Este parceiro, é membro da rede Rural com o ID 801. 

Indumape, industrialização de fruta, S.A.

Este parceiro, é membro da rede Rural com o ID 1914. 

Sérgio Domingos Azevedo Alves

Este parceiro, é membro da rede Rural com o ID 1309.


Como tal não puderam ser associados à iniciativa.
 
Interlocutor: Maria José Marques Gomes   Email interlocutor: mjmg@utad.pt   Email entidade: gpfe@utad.pt