Bolsa de Iniciativas PRR

 

Valorização dos resíduos resultantes da produção de aguardente de medronho (ID: 360 )
Coordenador: UALG - Universidade do Algarve
Iniciativa emblemática: 5. Agricultura circular
Data de Aprovação: 2022-10-13 Duração da iniciativa: 2025-10-30
NUTS II: Algarve NUTS III: Algarve
 
Identificação do problema ou oportunidade

O medronheiro ocupa 0,5% da área florestal do país abrangendo as regiões Norte, Centro, Lisboa e Alentejo, sendo, no Algarve que apresenta uma maior área em povoamentos puros (12.110 ha) o que a torna, na quarta espécie mais representativa da região ocupando 13% do território. O recurso a esta espécie tem sofrido um forte incremento nos últimos anos, tendo em conta a sua plasticidade e resistência/resiliência aos incêndios florestais e o interesse económico dos seus frutos com utilizações no âmbito da produção de bebidas alcoólicas, doces, consumo do fruto fresco e aplicação na saúde e cosmética. No entanto, a contribuição mais relevante a nível económico e social é a produção de aguardente de medronho, centrando-se nas regiões serranas do Algarve e na região Centro.

Problema

Tendo em conta que a produção de aguardente de medronho é o principal uso desta planta, abrangendo a quase totalidade da produção, os resíduos gerados são provenientes desta agroindústria. Estima-se que em 2022, para uma produção de 6 mil toneladas de medronho, os resíduos produzidos sejam da ordem das 889,2 toneladas, este resíduo não sofre qualquer tratamento, e em geral, este é armazenado em fossas estanques e, posteriormente, recolhido pelas Câmaras Municipais e depositado nas ETAR’s municipais. Quando há falhas ou atrasos na recolha, estes efluentes são muitas vezes depositados no ambiente, sem tratamento, contaminando linhas de água, poços e nascentes ou queimando a flora herbácea dos terrenos onde são libertados.

Oportunidades

Como atualmente, não existem tratamentos desenvolvidos nem são conhecidos os seus impactos na natureza, urge procurar alternativas para o aproveitamento destes resíduos com elevada carga orgânica. Assim, o resíduo gerado, poder-se-á apresentar como uma mais-valia para os produtores, pela redução de custos na sua eliminação ou tratamento, como na valorização do mesmo através da obtenção de subprodutos de valor acrescentado.

Num contexto crescente de economia circular, tendo a preocupação ambiental crescente por circularidade dos produtos saudáveis e com baixo impacto no ambiente, a procura por alternativas para o aproveitamento deste resíduo, proveniente da produção de aguardente de Medronho, torna-se imperativo tanto do ponto de vista económico como ambiental.  Paralelamente pretendem-se obter um conhecimento exato das quantidades de resíduos produzidas anualmente, bem como o conhecimento das diferentes possibilidades de utilização dos subprodutos da destilação, projetando a sua utilização integral.

A preservação de linhas de água, poços, nascentes e aquíferos adjacentes às destilarias e o aproveitamento como matéria-prima do resíduo do medronho, impedindo o seu lançamento em ETAR’s ou no meio ambiente, mostra-se como uma mais-valia.

Por outro lado, ao acrescentar elementos à fileira do medronho, numa perspetiva de economia circular, permitirá dinamizar a economia de um território interior a sofrer de desertificação e criará postos de trabalho e promover a fixação de população em idade ativa.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Desde há muito que o medronheiro se desenvolve espontaneamente em todo o território nacional, quase sem intervenção humana. A exploração do medronheiro está fortemente enraizada nos hábitos culturais da população, em particular pela produção de aguardente de medronho.

A utilização do medronho continuará a ser maioritariamente para a produção de aguardente de medronho, pelo que se irá manter a problemática referente ao tratamento e uso a dar aos resíduos produzidos na sua transformação.

            Desta forma, o subproduto resultante da fermentação e destilação do medronho (bagaço), atualmente com pouco ou nenhum aproveitamento, poderá ser utilizado na produção de outros produtos de valor acrescentado com impacto mínimo na saúde e no ambiente.

O objetivo geral é a valorização e reciclagem dos resíduos de bagaço resultantes da produção de aguardente de medronho, que de momento têm pouca utilização criando assim um grande impacto no ambiente. Neste sentido, a valorização destes resíduos e subprodutos apresenta-se hoje em dia, não só como uma ne­cessidade, mas como uma oportunidade para obtenção de novos produtos de valor acrescentado e com grande impacto no ambiente e na economia. Deste modo, pretendemos criar soluções para utilizar este subproduto, reduzindo o seu impacto ambiental, e com ele criar produtos de valor acrescentado, socialmente úteis e que permitirão criar novos postos de trabalho e empresas nas zonas do interior do País. Esta valorização de resíduos deve ser vista como uma opor­tunidade de negócio numa realidade de escassez de alimen­tos e água e implementação de normas ambientais cada vez mais rigorosas.

Para apoiar a realização do principal objetivo estão previstas as seguintes atividades e objetivos:

Atividade 1 – Cosmética e alimentar

- Aproveitar as atividades antioxidantes e antimicrobianas do bagaço de medronho para a produção de produtos cosméticos e/ou aditivos alimentares;

Atividade 2: peliculas para embalagens

- Aproveitar atividades antioxidantes e antimicrobianas do bagaço de medronho para inclusão na formulação de películas edíveis com o objetivo de prolongar a vida útil dos alimentos, reduzindo assim o desperdício alimentar;

- Avaliar a potencialidade do bagaço de medronho para formulação de filmes para embalagens que possam substituir os plásticos;

Atividade 3 – Desinfetante natural

- Extrair a fração líquida do bagaço e avaliar o seu teor alcoólico e potencial para utilizar como desinfetante para os diversos fins.

Atividade 4: Composto e fertilizante

- Da fração sólida avaliar a sua potencialidade para utilizar como fertilizante ou matéria orgânica para melhoramento da nutrição e estrutura dos solos;

Atividade 5: Produção de biogás

- Da fração sólida avaliar a sua potencialidade para utilizar como biogás, tão importante nos dias de hoje como alternativa aos combustíveis fósseis;

Atividade 6 – Comunicação/divulgação

- Transferência do conhecimento gerado pelas atividades de I&DT para os produtores e agentes locais de modo a poderem ser implementadas.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Universidade do Algarve (UAlg)- Entidade promotora e coordenadora, instituição de Ensino Superior, detentora de capacidade científica e de investigação.  Esta entidade, irá ter intervenção em todos os aspetos operacionais e científicos do projeto, desde o delineamento de ensaios, à sua execução, até à recolha e tratamento dos dados. Contribuir para a supervisão, recolha, análise e tratamento de dados, assegurando rigor científico e representatividade aos resultados. Efetuar recolha de amostras e promover a realização das análises adequadas, no âmbito dos estudos de natureza laboratorial, previstos no Plano de Ação. Colaborar na promoção de ações de divulgação, informação e capacitação, na edição de publicações, produção de meios audiovisuais, realização de visitas de campo e organização de workshops e seminários. Irá colaborar em todas as atividades propostas.

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV):  Laboratório de Estado, da área de competências da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que desenvolve atividades de investigação nas áreas agronómica e veterinária. Esta entidade, irá contribuir pela recolha, análise e tratamento de dados, assegurando rigor científico e representatividade aos resultados. Realização das análises adequadas, no âmbito dos estudos de natureza laboratorial, previstos no Plano de Ação. Colaborar na promoção de ações de divulgação, informação e capacitação, consubstanciadas, na edição de publicações, produção de meios audiovisuais, realização de visitas de campo e organização de workshops e seminários. É responsável pela atividade 1 e será colaboradora na atividade 2 e 6.

Associação IN LOCO – Associação sem fins lucrativos que visa promover o desenvolvimento de base local. Promover de ações direcionadas à transferência de tecnologia e “know how” para pequenos produtores de aguardente de medronho. Colaborar na promoção de ações de divulgação, informação e capacitação consubstanciadas, na edição de publicações, produção de meios audiovisuais, realização de visitas de campo e organização de workshops e seminários. Colaborar de forma ativa na atividade 6.

Centro de Competências dos Recursos Silvestres (CCRes) representado pela Associação de Defesa do Património de Mértola (ADPM)- Rede de parceiros, constituída para garantir a partilha de conhecimentos, capacidades e competências que assegurem o crescimento, a inovação, a internacionalização e a competitividade dos Recursos Silvestres, nomeadamente, as fileiras do medronho. Colaborar na promoção de ações de divulgação, informação e capacitação consubstanciadas, na edição de publicações, produção de meios audiovisuais, realização de visitas de campo e organização de workshops e seminários. Colaborar de forma ativa na atividade 6.

Associação dos Produtores de Aguardente de Medronho do Barlavento Algarvio (APAGARBE) - Associação de produtores de aguardente de medronho. Promover de ações direcionadas à transferência de tecnologia e conhecimento para pequenos produtores de aguardente de medronho. Colaborar de forma ativa na atividade 6.

ARBUTUS - Associação para a promoção do medronho – Associação sem fins lucrativos que se dedica a promover o medronho no seu todo, defendendo, divulgando e valorizando o mesmo e todos os seus derivados. Contribuir na promoção de ações de divulgação, informação e capacitação consubstanciadas, elo de ligação com produtores de aguardente de medronho, realização de visitas de campo e organização de workshops e seminários. Colaborar de forma ativa na atividade 6.

SuberPinus, Lda. – Empresa agrícola produtora de aguardente de medronho. Assegurar a disponibilização resíduos provenientes da produção de aguardente de medronho, de acordo com o previsto no Plano de Ação. Apoiar a promoção do reaproveitamento dos resíduos resultantes da produção de aguardente de medronho pelos produtores. Irá participar em todas as atividades propostas.

 
Interlocutor: Adriana Cavaco Guerreiro   Email interlocutor: acguerreiro@ualg.pt   Email entidade: uaic@ualg.pt