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PlantVAL: Sustentabilidade no controlo de plantas invasoras. Valorização e criação de novas soluções tecnológicas (ID 364) (ID: 364 )
Coordenador: Instituto Politécnico da Guarda
Iniciativa emblemática: 5. Agricultura circular
Data de Aprovação: 2022-10-06 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
Identificação do problema ou oportunidade
O problema identificado e ao qual o projeto
PlantVAL pretende dar resposta é a criação
de soluções tecnológicas para a valorização
sustentável dos resíduos de espécies exóticas de plantas invasoras
(Invasive Alien Plant Species–IAPS, conforme o Regulamento Europeu 1143/2014).
A presença dessas plantas invasoras em Portugal é crítica e compromete
largamente a sustentabilidade dos setores agroflorestais. A sua proliferação
natural é expectável e tende a ser mais acentuada, em consequência das
alterações climáticas e da sua alta capacidade de adaptação. Estima-se que
cerca de um quinto da biodiversidade do nosso planeta está atualmente em risco,
devido ao crescente aumento destas plantas. De facto, algumas IAPS podem
coexistir com as espécies nativas de forma equilibrada, mas a sua grande
maioria propaga-se descontroladamente,
provocando efeitos nefastos, não só
a nível da qualidade ambiental, mas
também económico, social e ecológico. Atualmente, as estratégias
de controlo de IAPS são ainda pouco eficazes e ausentes de uma estratégia
com princípios de sustentabilidade e valorização. Em Portugal, o crescimento de
IAPS de pequeno porte e pouco densas é feito através da aplicação de produtos
fitofarmacêuticos. Plantas de mais alto porte ou com crescimento mais denso é
sujeito ao corte e/ou recolha da planta, sendo estas sujeitas a queima ou
deposição em aterro. Em termos económicos, estima-se o custo anual global no controlo de IAPS de cerca 1.5 triliões de dólares americanos. O custo em Portugal do controlo e gestão de
IAPS é desconhecido.
Os avanços científicos no estudo de IAPS têm
permitido perceber a sua resiliência, destacando-se a proeminente capacidade para tolerar
o stress induzido por poluentes, resistir ao ataque de herbívoros/agentes
patogénicos e atividade alelopática.
Estas propriedades, que conferem às IAPS maior adaptabilidade e capacidade para dominar sobre as espécies nativas,
devem-se essencialmente à ocorrência e libertação de metabolitos secundários ativos (fitoquímicos). No entanto, apesar
das IAPS produzirem uma diversidade de moléculas
estruturalmente complexas, a sua exploração como uma fonte de novas moléculas bioativas para desenvolver produtos de valor acrescentado não tem
sido considerada. Adicionalmente, as IAPS
são uma fonte de material lenho-celulósico, altamente atrativo para a produção
de energia. Portanto, este projeto irá explorar as oportunidades associadas
ao potencial de circularidade da biomassa de IAPS existente no território
nacional. As IAPS serão estudadas em termos de composição em metabolitos
secundários ativos, de importância para o desenvolvimento de novos produtos
de valor acrescentado, tais como: novos produtos terapêuticos, cosméticos, fito
hormonas e novos alimentos funcionais. A despolimerização enzimática da
biomassa residual, após extração das moléculas bioativas, permitirá obter um produto final com potencial uso na
alimentação animal, como fertilizante orgânico ou para produção de energia.
Em termos de produção de energia, a natureza do resíduo permitirá a sua
digestão anaeróbia, permitindo a obtenção
de biogás. Após compostagem, o resíduo final poderá ser aplicado na fertilização ou correção de solos agrícolas.
Desta forma, o projeto PlantVAL,
composto por um consórcio multidisciplinar e complementar, dotará o setor
agroflorestal português de uma estratégia circular, sustentável e
economicamente atrativa para a gestão das IAPS.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O PlantVAL (ID 364) apresenta-se como uma
abordagem inovadora ao problema das IAPS, permitindo a circularidade no
controlo destas plantas e a criação de valor, dotando os setores agroflorestais
nacionais de novas abordagens para a gestão sustentável desses resíduos e circularidade
da atividade. A proliferação da IAPS é uma realidade para a qual a União
Europeia está ciente, tal como enunciado na iniciativa “European Alien Species
Information Network” (EASIN) e no Regulamento (EU) 1143/2014 que lista as IAPS
mais preocupantes em território europeu. Na base de dados da EU (EASIN) estão
enumeradas cerca de 395 IAPS em toda a Europa, algumas das quais são críticas
em Portugal.
Neste contexto, há um vasto património de IAPS
pouco explorado e sem prospeção fitoquímica nem valorização biotecnológica. Não
obstante, as atuais medidas de controlo de IAPS são altamente insustentáveis do
ponto de vista ambiental – queimar e/ou colocar em aterros são as estratégias
típicas – desvalorizando uma fonte de compostos fitoquímicos com elevado potencial
bioativo.
Os impactos esperados do projeto são os
seguintes:
- Inovar na gestão de resíduos de IAPS,
contribuindo para a diminuição do impacto ambiental das práticas atuais e a
criação de uma cadeia de valor para esse resíduo;
- Desenvolver novas estratégias
científico-tecnológicas para a obtenção de moléculas, extraídas das IAPS, para
potenciar a bioeconomia nacional na criação de produtos de valor acrescentado,
produtos para aplicação na agricultura e energia;
- Fomentar o crescimento económico dos setores
agroflorestais de forma sustentável e a criação de empregos nos meios rurais.
Os potenciais beneficiários dos resultados
deste projeto são as PMEs das NUT alvo que operam nos setores agroflorestais e
valorização de resíduos agroflorestais.
As atividades do projeto PLANVAL são as
seguintes:
Atividade 1 – Identificação das IAPS e análise do seu impacto nos
setores agroflorestais
1.1 – Identificação das espécies
críticas no ecossistema nacional
1.2
– Análise das abordagens de gestão e do seu impacto
Atividade 2 – Extração e
caracterização do perfil químico, metabolómico, bioativo e energético de
produtos fitoquímicos de IAPS
2.1 – Desenvolvimento de técnicas de extração
com solventes considerados “verdes”, particularmente solventes eutéticos
profundos, para obtenção de frações bioativas de compostos fitoquímicos
2.2 – Caraterização do perfil fitoquímico das
IAPS selecionadas
2.3 – Avaliação da bioatividade dos compostos
e extratos
2.4 – Extração de ingredientes (celulose,
hemicelulose, pigmentos e compostos bioativos)
2.5 – Avaliação do potencial lenho-celulósico
das IAPS selecionadas para produção de bioetanol e biogás
Atividade 3 – Valorização dos resíduos de extração e material lenho
celulósico
3.1 –Processamento mecânico e enzimático de
resíduos de extração e material lenho celulósico
3.2 – Digestão anaeróbia do material após
processamento
3.3 – Compostagem do material após
processamento
3.4 - Produção de bioetanol através da
fermentação dos resíduos de extração
Atividade 4 – Desenvolvimento de novos bioprodutos
4.1 – Desenvolvimento de novos fertilizantes
líquidos
4.2 – Desenvolvimento de novos produtos
fitofarmacêuticos
Atividade 5 – Comunicação e disseminação
5.1 – Desenvolvimento de estratégias de
comunicação para a valorização do conhecimento
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A conceção e realização do projeto PlantVAL
envolve 6 entidades, o Instituto Politécnico da Guarda (IPG), a Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o Instituto Nacional de
Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), o Centro de Competências das
Plantas Aromáticas e Medicinais (CCPAM) - representado no consórcio pela Associação para o Desenvolvimento do Concelho de Moura, a Associação Florestal de Portugal
(FORESTIS), Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF)
e a empresa Nutrofertil - Nutrição e Fertilizantes, Lda (Nutrofertil). As 7 organizações do
consórcio desenvolvem atividades de investigação, consultadoria e apoio técnico
na área de valorização de recursos naturais. Acresce ainda que esta parceria
está assente na colaboração anterior consolidada em diferentes projetos de
investigação e inovação na área, e considerando a gestão e implementação do
projeto (IPG) com o contributo de cada parceiro numa base de colaboração
efetiva e produtiva.
A intervenção da parceria no desenvolvimento
das atividades está distribuída de acordo com as suas competências e
experiência de atuação, ainda que todos possam ter intervenção positiva no
desenvolvimento das diferentes ações.
A atividade 1, que é transversal a todas as
linhas de ação, será liderada pela FORESTIS em colaboração com a IPG, FEUP, CCPAM,
INIAV e FNAPF. A participação de instituições de diferentes pontos geográficos
no país, permitirá uma análise e recolha de IAPS adequada às regiões de
incidência do projeto, incidindo sobre IAPS problemáticas no terreno sem
contribuir para a sua disseminação, assim as 4 instituições participarão em
ambas as ações desta atividade (1.1 e 1.2).
A atividade 2 terá como responsável o IPG,
valendo-se da experiência e recursos da equipa na avaliação do potencial
fitoquímico de diversos recursos naturais. A ação 2.1 será da responsabilidade
da FEUP, contando com a colaboração do IPG. A ação 2.2 e 2.3 será da
responsabilidade do IPG, tendo a colaboração ativa das equipas da FEUP, Nutrofertil
e do CCPAM. O INIAV será responsável pela ação 2.4, tendo também a colaboração
dos parceiros mais diretamente relacionados com as atividades de extração (FEUP
e IPG). A FEUP liderará a ação 2.5, com a colaboração da Nutrofertil e
Forestis.
A
atividade 3 será coordenada pela FEUP pela experiência que possui na área da
Bioengenharia, mais concretamente na valorização de resíduos com recursos a
agentes biológicos (compostagem e digestão anaeróbia), tendo a colaboração do
IPG, do INIAV e do CCPAM, que assegurarão os de ensaios de campo.
A
atividade 4 será liderada pela Nutrofertil, atendendo ao seu conhecimento e
experiência no desenvolvimento de fertilizantes orgânicos líquidos. Assim, a
ação 4.1 será liderada pela Nutrofertil, com a colaboração do IPG e FEUP.
A ação 4.2 será liderada pela FEUP, com colaboração do IPG, CCPAM e INIAV.
A atividade 5 será liderada pela CCPAM, que se focará no desenvolvimento
de estratégias de comunicação para a valorização do conhecimento, trabalhando
em colaboração com todas as instituições parceiras bem como todos os potenciais
stakeholders das regiões de interesse.
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