Bolsa de Iniciativas PRR

 

LeguBeiras (ID: 375 )
Coordenador: INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Iniciativa emblemática: 7. Revitalização das zonas rurais
Data de Aprovação: 2022-10-13 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
 
Identificação do problema ou oportunidade
A região das Comunidades Intermunicipais das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) e Beira Baixa (CIMBB) é um território de baixa densidade populacional, onde a agricultura assume um cariz familiar e uma função primordial para a manutenção do espaço, que enfrenta problemas ao nível da estrutura social e económica, devido ao elevado êxodo rural e aumento do envelhecimento, traduzindo-se no abandono do campo, na alteração do mosaico paisagístico, e pouca atratividade para os jovens, o que se repercute numa economia fragilizada e pouco dinâmica.
De acordo com a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a agricultura familiar assume-se como um modelo ideal para o desenvolvimento sustentável e em Portugal abrange 94% das explorações. Porém, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2019) indicam que a área de terra arável diminuiu 19% em 20 anos em detrimento da ocupação por culturas permanentes em regime de monocultura. Paralelamente a esta situação, assiste-se à diminuição da fertilidade dos solos, ao esgotamento dos recursos disponíveis, às alterações climáticas e à forte dependência externa de determinadas culturas, o que coloca em causa a sustentabilidade dos territórios e das comunidades a médio e longo prazo.
Numa retrospetiva de 1989 a 2021, verifica-se que, apesar da produção nacional ter aumentado em aproximadamente 107%, a dependência externa é cada vez mais acentuada, principalmente em produtos de elevado consumo, como as leguminosas. Em 2022, Portugal apenas produziu 18% destas culturas que outrora foram expressivas no território, em particular, na CIMBSE e CIMBB, com as culturas da feijoca e do feijão frade, apesar da Balança Alimentar Portuguesa registar um aumento de 21% no consumo de leguminosas desde 2016, o que demonstra que o próprio sistema alimentar está a enfrentar um novo desafio, em que a saúde e a sustentabilidade representam um critério cada vez mais importante.
Apesar de se verificar uma alteração das dietas com foco no consumo de frutas, vegetais e leguminosas e menos produtos de origem animal, o consumo de proteína animal cresceu 8,7%, sendo quatro vezes superior ao recomendado, pelo que o aumento do consumo de proteínas de origem vegetal e a incorporação de leguminosas nos sistemas agrícolas, poderá ser uma estratégia alimentar eficaz para equilibrar as dietas, valorizar produtos endógenos e tornar os territórios mais resilientes e sustentáveis, contrariando os problemas apontados.  
As Leguminosae são o segundo grupo, depois das Gramineae a principal, fonte alimentar para os humanos, rações para animais e matérias-primas para a indústria. Num mundo em mudança, as leguminosas têm um papel crucial, porque produzem o seu próprio azoto via associação simbiótica com rizobactérias que fornece às leguminosas e culturas subsequentes uma fonte livre e renovável de azoto. Além do seu uso como fonte de proteína alternativa, as leguminosas são ricas em óleo, hidratos de carbono, fibras, minerais, vitaminas e outros metabólitos secundários promotores da saúde humana. 
 
Este projeto contribui para a revitalização territorial da produção local de leguminosas em Portugal, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia de valor baseado numa agricultura sustentável e na utilização de leguminosas como fonte de proteína verde.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O objetivo principal do LeguBeiras visa a recuperação e diversificação da produção de leguminosas e respetiva valorização, através da sua utilização ao nível gastronómico, assente num trabalho em rede entre as escolas profissionais e o setor da restauração para dar resposta a hábitos alimentares mais sustentáveis, tendo por base o consumo suportado em cadeias curtas de comercialização.
Com vista à prossecução do objetivo global, propõem-se seis objetivos específicos, a saber:
A. Impulsionar a produção de leguminosas no território das CIMBSE e CIMBB;
B. Desenvolver novos produtos, como entradas, pratos principais, sobremesas e snacks à base de leguminosas;
C. Capacitar o setor da restauração para uma oferta com incremento da utilização das leguminosas;
D. Diagnosticar o impacto da introdução e do consumo das leguminosas;
E. Promover a interface entre o setor agrícola e o setor do turismo, numa perspetiva farm to fork;
F. Implementar um sistema de comunicação digital integral para a promoção de agricultura resiliente e benefícios de consumos sustentáveis.
De modo a atender aos objetivos propostos pelo projeto estipulam-se as seguintes atividades:
A1. Produção sustentável de leguminosas 
A2. Valorização, transformação e consumo sustentável das leguminosas 
A.3. Promover um modelo de território rural inteligente, responsável e sustentável  
A4 - Comunicação, valorização e diversificação das leguminosas
O cumprimento dos objetivos que se espera atingir com este projeto contribui a médio e longo prazo para a mitigação e adaptação às alterações climáticas por parte da região, respondendo diretamente às orientações da COP 26 e da Agenda 2030 atendendo, nomeadamente, aos seguintes Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável: ODS 2 - Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável; ODS 12 - Assegurar o consumo sustentável bem como os padrões de produção; ODS 13 - Combater as alterações climáticas e os seus impactos; ODS 15 - Garantir a manutenção das florestas, combater a desertificação e degradação dos solos e a perda de biodiversidade. 
Entendemos que o projeto alavanca o setor primário através do setor do turismo, contribuindo para um território rural que se pretende mais inteligente, mais responsável e mais sustentável.
 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto LeguBeiras envolve 9 entidades, designadamente: o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. (INIAV); o Instituto Politécnico da Guarda (IPG); a Universidade Católica Portuguesa (UCP); as empresas: Agroturismo - Vale do Beijames, Lda; Casa Agrícola Francisco Esteves Lda; Esquila Real, Gestão Hoteleira, Unipessoal Lda; o Centro de Competências para a Dieta Mediterrânica (CCDM, representado por um membro do Conselho Excutivo que é o INIAV),  Associação Vegetariana Portuguesa (AVP), Associação Portuguesa de Nutrição (APNUT) e a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal  (CONFAGRI).
A intervenção dos parceiros no desenvolvimento das atividades está distribuída de acordo com as suas competências e experiência de atuação, ainda que todos possam ter intervenção complementar no desenvolvimento das diferentes ações. 
Assim, a atividade 1 será liderada pelo INIAV e terá como parceiros responsáveis o UCP,  o IPG e a CONFAGRI. As tarefas 1.1, 1.3, 1.4, 1.5 e 1.6 serão dinamizadas pelos parceiros responsáveis, especificamente por parte do IPG pelo Centro de Potencial e Inovação de Recursos Naturais (CPIRN) que contará com a colaboração da CCDM no que se refere ao valor nutricional e benefícios das leguminosas. No que se refere à tarefa 1.2 será dinamizada pelo IPG, especificamente pelo Laboratório de Turismo e Hospitalidade (TURLab).
A atividade 2 será liderada pelo IPG, mais concretamente pelo TURLab e pela Escola Superior de Turismo e Hotelaria de Seia (ESTH), atendendo à experiência do corpo docente e dos investigadores na área da restauração e pela rede de contactos existentes no território em estudo. As tarefas 2.1 e 2.2 serão levadas a cabo pela ESTH com a AVP, devido à experiência da associação na divulgação e disseminação do conhecimento das leguminosas, realizadas ainda em articulação com as Escolas Profissionais de Turismo e Hotelaria do território e com os restaurantes parceiros. Em relação à tarefa 2.3 será liderada pelo IPG, em conjunto com a AVP e a CCDM, as escolas e os chefs dos restaurantes associados, no que se refere à dinamização e promoção dos produtos e menus. A tarefa 2.4 será levada a cabo especificamente pelo IPG, através da elaboração de questionários sobre a aceitação dos produtos criados e dinamizados em eventos e a aceitação dos menus locais ao nível dos restaurantes e consumidores.
A atividade 3 será liderada pelo IPG e terá como parceiros responsáveis a AVP, para as tarefas 3.3, 3.5 e 3.6 e o INIAV e a UCP para a tarefa 3.4. A tarefa 3.1 e 3.2 será da inteira responsabilidade do IPG tendo em conta que preside à Agência para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação e do Conhecimento, que se encontra sediada no seu campus. 
A atividade 4 será liderada pelo INIAV e terá todos os parceiros do projeto como parceiros responsáveis envolvidos nas tarefas de forma transversal, no sentido de atingir um efeito multiplicador na disseminação dos resultados e propósitos do projeto. Será importante a colaboração de todas as entidades, especialmente por se tratar de entidades de influência e prestígio na sociedade em geral e em concreto no setor da saúde e da agricultura, que poderão valorizar o projeto e a sua expressão territorial. 
 
Interlocutor: Ana Maria Barata   Email interlocutor: anamaria.barata@iniav.pt   Email entidade: gap@iniav.pt