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CURAR - Compostagem Urbana para uma Agricultura Regenerativa (ID: 376 )
Coordenador: INOV INESC Inovação
Iniciativa emblemática: 5. Agricultura circular
Data de Aprovação: 2022-10-06 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Área Metropolitana de Lisboa NUTS III: Área Metropolitana de Lisboa
Identificação do problema ou oportunidade
A exportação massiva de alimentos das zonas rurais para as cidades resulta em grandes perdas de nutrientes, uma vez que a maior parte destes nutrientes não retorna às zonas de produção, onde se torna necessário repor os nutrientes ‘perdidos’ através de fertilizantes (nomeadamente fertilizantes sintéticos). Estima-se que 60% da energia consumida no sector agrícola europeu esteja associada à produção de fertilizantes sintéticos (Rhodes, 2017), um número alarmante que deve ser urgentemente reduzido. Ao mesmo tempo, a reposição de nutrientes nas zonas rurais, através da adição de fertilizantes sintéticos, gera grandes perdas de nutrientes. Cerca de 50% do nitrogénio adicionado sob a forma de fertilizantes sintéticos não é utilizado pelas plantas, sendo por isso perdido do agrossistema e com impactos negativos na qualidade do ar, do solo e da água, na produção de gases com efeito de estufa, e nos ecossistemas e biodiversidade. Estima-se que na Europa, as perdas de nitrogénio atinjam um custo entre 70-320 mil milhões de euros (Sutton et al. 2011). Adicionalmente, com o enorme aumento do preço da energia e dos fertilizantes que estamos a enfrentar, torna-se ainda mais urgente não desperdiçar nutrientes.
Por outro lado, existe uma diversidade de subprodutos do setor agroalimentar que ainda não são valorizados, sendo eliminados com um custo acrescentado para as empresas que os produzem. Reverter este paradigma exige criatividade e trabalho em rede, mas sabe-se que existem várias oportunidades neste campo. São exemplos a produção de cogumelos através de borras de café, a introdução de algas no solo e nos processos de compostagem, ou ainda a pastagem de animais nos campos de cultivo após a colheita. Estes subprodutos constituem diversas oportunidades de negócio que acrescentam valor à cadeia de produção ao mesmo tempo que promovem a reciclagem de nutrientes.
A produção local de composto de qualidade, um fertilizante orgânico estável e completo, constitui uma oportunidade para: 1) fechar o ciclo de nutrientes exportados do espaço rural para a cidade, retornando-os aos solos de onde foram retirados; 2) melhorar a fertilidade e estrutura dos solos, promovendo a retenção de água e o crescimento saudável das plantas; 3) criar novas dinâmicas comunitárias de compostagem, promovendo o envolvimento dos cidadãos e criando novas oportunidades de negócio; 4) aumentar a microbiologia dos solos, dando um foco especial à produção de um composto “vivo”, rico em microorganismos benéficos. Apesar da compostagem à escala industrial estar a ser adoptada em vários concelhos, inclusive em Cascais, a qualidade do composto produzido está ainda muito dependente da capacidade de selecionar as suas matérias primas, um processo ainda em fase de implementação. Também por esse motivo, torna-se imperativo criar soluções de compostagem e valorização de subprodutos a pequena e média escala. Uma agricultura baseada na gestão regenerativa do solo tem comprovados benefícios para o ecossistema, para além de garantir uma maior produtividade e qualidade dos alimentos produzidos com menos custos para o agricultor. Evoluir de uma visão extrativista, onde o solo é visto como um mero depósito de nutrientes onde as plantas vão buscar o alimento que necessitam, para uma percepção do solo como um organismo vivo onde a sua biologia exerce um papel decisivo na saúde das plantas e dos seus consumidores (incluindo o ser humano), é essencial na transição para uma agricultura sustentável, regeneradora dos recursos terrestres.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Com esta iniciativa pretende-se desenvolver, testar e implementar soluções de valorização dos resíduos orgânicos (alimentos consumidos, subprodutos agroalimentares, podas de jardins, etc.) através da compostagem em contexto urbano, mais precisamente dentro do município de Cascais, bem como explorar dinâmicas de valorização dos subprodutos do setor agroalimentar em conjunto com PMEs locais, introduzindo soluções e produtos inovadores no mercado que possam ser replicados noutros locais. Pretende-se ainda promover a adoção de práticas agrícolas regenerativas, nomeadamente no que toca à gestão do solo baseada na sua microbiologia, através de ações de formação e sensibilização direcionadas para os profissionais do setor.
Esta iniciativa tem como principais objetivos: encontrar estratégias bem adaptadas a diferentes contextos urbanos que possibilitem a compostagem de pequena e média escala, com o objetivo de produzir composto de qualidade superior; avaliar a qualidade do composto produzido quer em relação à estabilidade da sua matéria orgânica e grau de maturação quer em relação às suas características enquanto corretivo orgânico dos solos; promover o aproveitamento dos subprodutos resultantes da agricultura local e do setor da transformação alimentar, numa lógica de criação de valor através do fecho do ciclo de nutrientes; criar novas soluções de mercado, em conjunto com as PMEs locais do setor agroalimentar, que lhes permitam transformar subprodutos com custos de eliminação, em produtos com valor comercial; promover a microbiologia do solo e uma gestão correta e saudável do mesmo, como base para uma agricultura de futuro, biológica e regenerativa.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A gestão do projeto ficará a cargo da entidade coordenadora - o INOV -, bem como a sua comunicação interna e externa.
A área de trabalho “Desenvolvimento de dinâmicas de compostagem” concretiza os objetivos da LA 5.1 e ficará à responsabilidade da Cascais Ambiente, sendo que todos os outros parceiros terão a sua participação nesta área. Aqui, pretende-se definir e executar diferentes estratégias de compostagem em meio urbano adaptadas a diferentes contextos, envolvendo os munícipes e outros atores. Os processos de compostagem serão planeados e executados tendo em conta os vários formatos de compostagem existentes; os participantes nestes processos serão organizados em grupos e receberão formação e acompanhamento. Os compostos produzidos serão testados e avaliados no fim. O objetivo é encontrar formatos de compostagem comunitária a nível urbano que produzam quantidades consideráveis de composto de qualidade e lógicas de comercialização do mesmo.
A área de trabalho “Desenvolvimento de processos de valorização dos subprodutos agroalimentares” concretiza os objetivos da LA 5.5 e ficará à responsabilidade da FCUL, sendo que todos os outros parceiros terão a sua participação nesta área. Aqui, pretende-se explorar diferentes formas de valorizar os subprodutos do setor agroalimentar existentes em Cascais e nas zonas rurais limítrofes. Os subprodutos serão identificados e caracterizados, e serão implementadas estratégias de valorização que poderão passar pelo melhoramento do subproduto em termos da sua composição ou apenas na sua integração num ciclo produtivo já existente (ex: borras de café na produção de cogumelos). O objetivo é reduzir o impacto destes subprodutos no ambiente, reduzir ou eliminar o seu custo de eliminação e criar novas oportunidades de valorização.
A área de trabalho “Formação e sensibilização dos agricultores para a gestão regenerativa do solo” concretiza os objetivos da LA 5.1 e ficará à responsabilidade do CeCafa, sendo que todos os outros parceiros terão a sua participação nesta área. Serão realizadas várias sessões de formação e sensibilização direcionadas para profissionais da área agrícola, no sentido de promover uma gestão do solo baseada na sua microbiologia. O objetivo é promover a adoção de práticas agrícolas que protejam o solo enquanto um organismo vivo e que favoreçam a transição para uma agricultura com impacto positivo no ecossistema. O CeCafa será representado legalmente pelo ISA - Instituto Superior de Agronomia.
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