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RE-FEED - Renewable Energy production at Farm level for Energy Efficiency and Defossilization (ID: 378 )
Coordenador: ISA - Instituto Superior de Agronomia
Iniciativa emblemática: 11. Transição agroenergética
Data de Aprovação: 2022-10-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
Identificação do problema ou oportunidade
Esta iniciativa pretende promover
a transição agro-energética, através da demonstração à escala piloto da
valorização de recursos endógenos de uma região com vista à geração de energia
renovável e criação de valor a partir dos coprodutos gerados, contribuindo para
o desenvolvimento rural sustentável.
O Plano de Ação do projeto está
alinhado com os objetivos da Iniciativa Emblemática 11 - Transição
agroenergética, enquadrando-se nas Linhas de Ação 11.1 e 11.2.
As atividades a desenvolver
contribuirão para as linhas de ação acima indicadas e para alcançar os
objetivos estratégicos da Agenda e Investigação e Inovação e Sustentabilidade
da Agricultura, Alimentação e Agroindústria da seguinte forma:
- Incrementando a eficiência
energética - através da realização de auditorias energéticas em explorações
suinícolas representativas do contexto Nacional e implementação de medidas de
uso eficiente. O universo de estudo selecionado representa cerca de 84% do
efetivo animal por região NUT II, pelo que os resultados alcançados têm elevado
potencial de benchmarking ao nível Nacional.
- Promovendo as energias
renováveis e a produção descentralizada de eletricidade - através da
demonstração da produção descentralizada de energia, num modelo que poderá
contemplar a implementação de painéis fotovoltaicos, a produção de biogás por
co-digestão anaeróbia (CoDA) do chorume ou outras formas de produção de
energia, bem como a integração das diferentes soluções tecnológicas. A
implementação de uma unidade de demonstração de produção de energia renovável
de forma descentralizada terá um efeito catalisador, promovendo a
consciencialização das partes interessadas sobre os potenciais benefícios da
adoção desta estratégia.
- Reduzindo os custos com energia
- uma vez que as atividades desenvolvidas resultam numa maior eficiência
energética e produção descentralizada de eletricidade, pelo que permitirão
satisfazer pelo menos parte das necessidades energéticas das explorações;
- Gerando o aumento do rendimento
dos produtores - pela obtenção e comercialização de um fertilizante orgânico
seguro do ponto de vista microbiológico, pois o digerido obtido na CoDA será
higienizado por um processo que recorre à concentração solar térmica (CST) e
pela diminuição dos custos de fatores de produção (energia).
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A transição agro-energética é uma peça chave para reduzir as
emissões de CO2 e contribuir para a mitigação das alterações climáticas. A
adoção de energias renováveis e as medidas de eficiência energética no setor
agroalimentar contribuirão para a descarbonização e para o crescimento deste
setor de forma inovadora e sustentável.
O setor suinícola é estratégico para a soberania alimentar
do país, contribuindo com cerca de 600 milhões de euros considerando apenas a
produção, aos quais se somam 400 milhões de euros da indústria de alimentos
compostos e 1.200 milhões de euros na indústria de abate e transformação. É um
setor e uma fileira com necessidades energéticas assinaláveis, destacando-se
energia para fabrico de rações, aquecimento dos animais, nomeadamente dos
leitões, e ainda de água para a fase de escaldão no matadouro.
Acresce que a suinicultura produz um efluente que é um
problema de difícil resolução para os suinicultores, mas tem um relevante
potencial para recuperação energética.
Contam-se em Portugal 5000 explorações industriais de
suínos, como uma dimensão média de 400 animais, distribuindo-se sobretudo numa
faixa litoral entre Coimbra e Santiago do Cacém.
Simultaneamente, o setor agroalimentar tem que gerir uma
elevada quantidade de bioresíduos, que podem ser integrados em processos de
produção de bioenergia. Neste contexto a co-digestão anaeróbia (CoDA) é uma
tecnologia de bioconversão que pode ser uma rota de valorização energética
intersectorial.
O recurso solar também assume particular interesse na
transição agroenergética, tendo Portugal ótimas condições para aproveitar este
recurso. Sendo possível, a produção e consumo de energia elétrica e térmica
localmente. Por exemplo, a produção de águas quentes pode permitir a
higienização do digerido obtido na CoDA.
Deste modo, a iniciativa RE-FEED pretende estudar soluções
para o uso sustentável dos recursos endógenos (solar e biomassa), maximizando o
seu potencial de produção com base numa análise holística e abrangente do
domínio agroenergético. A integração de processos de produção de energia
renovável poderá permitir a obtenção de um mix energético ao nível das
explorações, industrias e comunidades locais.
Será desenvolvida uma abordagem envolvendo os atores que
integram as cadeias de valor em análise, criando investigação intersectorial e
interdisciplinar, promovendo a transferência de conhecimento e inovação à
escala local, regional e nacional.
A criação de sinergias entre duas ou mais empresas poderá
permitir aumentar a eficiência do uso dos recursos e a sustentabilidade da
produção, e contribuirá para o aumento de rendimento e para a segurança do
fornecimento de energia. Esta simbiose pode ser feita ao nível da exploração,
mas também a uma escala local em cooperação com comunidades, outras explorações
e agroindústrias.
Pretende-se que a implementação de uma unidade de
demonstração de produção de energia renovável de forma descentralizada tenha um
efeito catalisador, promovendo a consciencialização das partes interessadas
sobre os potenciais benefícios da adoção desta estratégia.
Esta iniciativa visa integrar, complementar e demonstrar o
conhecimento adquirido em projetos de I&D associados aos sectores de produção
primária e suas fileiras com vista à otimização de processos produtivos e
valorização energética de resíduos, nomeadamente os Grupos Operacionais
GOEfluentes e ProEnergy, referidos como exemplo no contexto do desenvolvimento
da Estratégia Nacional para a Bioeconomia Sustentável 2030 (AGRO.GES, 2021).
O alargamento e consolidação da rede de instituições de
interface entre o sistema académico, científico e tecnológico e o tecido
empresarial, garantirá o apoio necessário para potenciar a promoção do uso racional
da energia em explorações suinícolas representativas do contexto Nacional
através do desenvolvimento de estratégias de intervenção que, uma vez alargadas
a todo o sector, permitam uma redução gradual da sua utilização para atingir as
metas de redução das energias fósseis em produção animal em 2050 alinhadas com
os objetivos do Green Deal.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
De modo a contribuir para as linhas de ação LA 11.1 e LA
11.2, bem como para os objetivos estratégicos da Agenda e Investigação e
Inovação e Sustentabilidade da Agricultura, Alimentação e Agroindústria o plano
de atividades está organizado em quatro tarefas: T1 - Eficiência Energética Realização de auditorias energéticas em explorações
suinícolas representativas do contexto Nacional, de modo a identificar
oportunidades de melhoria e implementar medidas de uso eficiente. Será criado
um indicador de redução do uso de Energias fósseis e outro que permita
identificar os pontos críticos de consumos energéticos nas explorações, diário
(dia/noite) e sazonal (outono-inverno; primavera-verão). Com base nestes
indicadores será possível delinear cenários de uso de Energias Renováveis; bem
como monitorizar o uso da energia de cada tipologia de exploração gerando
informação cientificamente credível para servir de base à promoção da transição
agro-energética (T2). Nesta tarefa estão envolvidas as explorações suinícolas
PTWA95J, da empresa Suinisado, localizada em Alcácer do Sal com um efetivo de
400 reprodutoras em ciclo fechado, a exploração Camarate, da empresa Valorgado,
localizada em Benavente com um efetivo de 3000 animais de engorda; A Smartec
(para aconselhamento técnico) e o ISA (no sentido de fazer a interligação com a
T2). T2 - Demonstração da produção descentralizada de energia
renovável Com vista à demonstração e transferência de conhecimento
para o tecido empresarial, irá estabelecer-se uma simbiose ao nível local entre
o setor pecuário e agroindustrial. Selecionaram-se três empresas na zona de
Torres Vedras que irão criar sinergias com vista à instalação de unidade piloto
de demonstração de produção de energia para autoconsumo, incluindo a vertente
de energia solar (Smartec) e de produção de biogás (ISA). A comunidade de
empresas é constituída por: Biofrade (empresa do setor agrícola geradora de
bioresíduos com potencial para valorização energética por co-digestão
anaeróbia), Porsicuni (empresa suinícola onde será implementado o piloto) e
Agro-Pecuária de Santo André, SA com várias explorações de Leitões em Leiria e
Rio Maior da NUT II Centro. A execução da referida tarefa conta igualmente com a
colaboração da InovTechAgro - Centro Nacional de Competências para a Inovação
Tecnológica do Sector Agroflorestal, cuja a Entidade Gestora para a sua
representação é o IPP – Instituto Politécnico de Portalegre. O IPP testará tecnologias inovadoras como pré ou pós-tratamento
dos substratos para aumentar o rendimento do processo de CoDA e sua
sustentabilidade. No sentido de garantir a flexibilidade no fornecimento de
bioresíduos, será envolvida a empresa Florineve de produção de flores e a
Ambilis empresa de recolha e transporte de efluentes para caracterização
analítica. T3 - Criação de valor acrescentado a partir de
coprodutos/serviços Esta Tarefa inclui quatro sub-tarefas: (i) a produção de um
fertilizante orgânico seguro microbiológico, que poderá ser comercializado
pelas empresas do setor e (ii) a avaliação de potenciais cenários de venda de
créditos de carbono; iii) coordenação das estratégias de monitorização
desenvolvidas na Iniciativa, com o objetivo de quantificar a contribuição para
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Na sub-tarefa (i) será implementada uma unidade piloto de
higienização do digerido obtido na co-digestão anaeróbia (T2) por um processo
que recorre à concentração solar térmica. Os parceiros envolvidos serão a
Smartec (instalação da unidade piloto de higienização por energia solar
térmica), a exploração Porsicuni (exploração de demonstração do conceito), o
ISA (avaliação da qualidade do digerido após higienização). A sub-tarefa (ii) será desenvolvida pela Quintal do Forno,
Lda., com o envolvimento da Smartec e do ISA. A sub-tarefa (iii) será da
responsabilidade da Quintal do Forno, Lda. T4 - Disseminação e Capacitação
A disseminação e capacitação dos atores dos setores
envolvidos será assegurada pela FPAS em colaboração com todos os parceiros.
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