Bolsa de Iniciativas PRR

 

Tools4AgriEnergy - Ferramentas para operacionalização de Comunidades de Energia Renovável (CER)/Autoconsumo Coletivo (ACC) no Agroalimentar (ID: 379 )
Coordenador: INESC TEC - INESC Tecnologia e Ciência
Iniciativa emblemática: 11. Transição agroenergética
Data de Aprovação: 2022-09-29 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Alentejo NUTS III: Baixo Alentejo
 
Identificação do problema ou oportunidade

O atual contexto europeu de descarbonização do sistema energético, coloca grandes desafios a diferentes atividades económicas. 
O setor agroalimentar apresenta-se como uma das prioridades sociopolíticas a nível europeu, nacional e regional enfrentando o desafio de um desenvolvimento sustentável, ao qual se associa, inevitavelmente, a adoção de processos produtivos energeticamente autossuficientes, que contribuam para uma efetiva transição energética e descarbonização do setor.
Os elevados preços da energia provocados pela crise energética, em grande parte explicada pelas tensões geoestratégicas no mercado do gás, ainda agravadas pela guerra na Ucrânia, a redução dos custos das tecnologias de geração renovável e o desenvolvimento progressivo do enquadramento legal do autoconsumo e das comunidades de energia renovável, fazem com que o desenvolvimento de comunidades energéticas sejam um elemento chave na descarbonização e competitividade de países como Portugal. 
Numa perspetiva de abordagem multissetorial, a integração de fontes de energia renovável no âmbito agrícola, agropecuário e agroalimentar apresentam importantes vantagens: a redução dos custos energéticos, o fornecimento de energia a lugares remotos, evitando-se ou reduzindo-se os custos de investimento em linhas de distribuição para cobertura dessas áreas, e a alimentação de sistemas autónomos, tais como as bombas de água necessárias para a irrigação, sistemas de sinalização, comunicação, monitorização e controlo associados a práticas agrícolas (sistemas de rega, por exemplo) [4]. 
Os painéis fotovoltaicos flutuantes apresentam benefícios diretos económicos e ambientais significativos, destacando-se a redução da fatura energética, a não ocupação de terrenos agrícolas úteis, a redução da evaporação da água dos reservatórios, o aumento da eficiência dos painéis pela redução da temperatura do reservatório,  o que também tem um impacto positivo no ecossistema aquático [5] e, quando os painéis são instalados nas albufeiras dos aproveitamentos hidroelétricos, o aproveitamento da capacidade de ligação à rede elétrica que as centrais hídricas só usam parcialmente [6]. 
Com 62 albufeiras monitorizadas [7], 260 grandes barragens [8] e um período médio de exposição solar anual de 2200 a 3000 horas, Portugal apresenta condições edafoclimáticas muito favoráveis à instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes [4]. A título exemplificativo, refira-se o investimento realizado pela EDP que, em maio deste ano finalizou a instalação de um parque solar flutuante com 12 mil painéis fotovoltaicos, com uma capacidade de produção anual de 7GWh, e uma bateria com 2MWh de capacidade e 1MW de potência [9]. 
Considerando o potencial de replicabilidade e de escalabilidade do cenário português para o desenvolvimento de comunidades energéticas, o projeto Tools4AgriEnergy surge com o desafio de desenhar modelos de negócio e plataformas digitais para a monitorização, operacionalização e gestão inteligente de Comunidades de Energia Renovável (CER)/Autoconsumo Coletivo (ACC), especificamente direcionadas para apoiar a transição agroenergética do setor agrícola, agropecuário e agroalimentar.
O desenvolvimento deste conjunto de soluções tem como objetivo principal maximizar o autoconsumo local mediante o aproveitamento das sinergias multissetoriais, criadas entre potenciais membros deste tipo de comunidades energéticas. O desenvolvimento deste conjunto de ferramentas constitui um relevante aporte para a transição agroenergética que se impõe, contribuindo diretamente para um melhor balanço energético local. Por exemplo, a produção solar local para os sistemas de irrigação (tais como bombas de água) nos meses do ano mais secos e para as indústrias agrárias locais no resto do ano, tais como lagares de produção de azeite com consumos localizados no último trimestre do ano.
Acresce dizer que o sucesso do desenvolvimento do projeto Tools4AgriEnergy levará a um inevitável incremento dos investimentos e da atividade económica, tão necessária nos ambientes rurais, fomentando-se, assim, a criação de novos empregos no setor agrícola, agropecuário e agroalimentar.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O projeto Tools4AgriEnergy visa dois objetivos, que conjuntamente, constituem uma resposta integrada à operacionalização e disseminação de Autoconsumos Coletivos (ACC) e Comunidades de Energia Renovável (CER) no setor agroalimentar:

1. Desenho dos modelos de negócio e das estruturas organizativas para uma solução integral e escalável, replicável a diferentes fileiras e setores agrícolas, agropecuários e agroalimentares. 

Enquanto fator diferenciador, o desenho de modelos de negócio replicáveis a diferentes estruturas organizativas, servirão de apoio à elaboração de propostas de melhoria à atual regulamentação do autoconsumo, contribuindo, simultaneamente, para democratizar o seu enquadramento legal a outros contextos setoriais, particularmente associados ao setor agrícola, agropecuário e agroalimentar.

Por exemplo, instalações próximas podem superar facilmente os limites geográficos máximos estabelecidos pelo diploma legal, muito direcionado para o contexto urbano.

2. Desenhar e desenvolver uma plataforma digital única, para a gestão de ACC/CER no setor agrícola, agropecuário e agroalimentar.

O projeto Tools4AgriEnergy acarreta desafios de investigação, desenvolvimento experimental e inovação, aos quais se pretende dar resposta em 5 atividades principais:

A11.1.1: Analises legal e regulatória, e modelos de negócio (área temática LA 11.1, M1-8,) para partilha, com ou sem negociação interna, da produção local na CER agroenergética: inclui o estudo das definições legais da CER, requisitos para sua constituição, regulamento interno e vínculos contratuais,  métodos de partilha e compensações financeiras segundo os modelos de negócio (que poderão suportar transações locais), atendendo aos interesses dos membros potenciais, sejam estes promotores geradores ou apenas consumidores. 

A11.1.2: Cenários, valorização dos benefícios da CER e propostas organizativas e regulatórias (LA 11.1, M25-M30): Considerando as potenciais estruturas organizativas das CER, membros, modelos de negócio e de partilha de energia, serão desenhados cenários para testar e analisar a viabilidade económica da CER e os potenciais benefícios do autoconsumo para os seus membros. Os resultados permitirão rever e melhorar os modelos de negócio iniciais e incluir propostas e recomendações dirigidas às entidades reguladoras para permitir modelos inovadores mais adaptados à realidade do setor agrícola, agropecuário e agroalimentar.

A11.2.1: Desenvolvimento da plataforma e serviços para operação e gestão da CER (LA 11.2, M7-M15), que permitirá configurar a CER e interagir com os principais atores, e monitorizar e operar a CER mediante os microsserviços digitais integrados. O serviço de monitorização recolhe os dados para a operação da CER, incluindo os fornecidos pelo ORD (operador da rede de distribuição) e pelos medidores instalados nos recursos da CER, comunicando os coeficientes de alocação (CA) ao ORD. O serviço de partilha é responsável pela alocação da energia gerada localmente e pelo cálculo dos CA correspondentes. O serviço de settlement calcula as compensações financeiras e a guia de faturação. Finalmente, o serviço de valorização e apoio ao dimensionamento permite estimar o benefício dos membros com base no modelo de negócio, recursos disponíveis e séries temporais de consumo e produção esperados com a apropriada resolução e extensão temporal, assim com dimensionar novos recursos. 

A11.2.2: Integração da plataforma no piloto da EDIA e validação da operação (LA 11.2, M16-M24): Integração da plataforma de gestão da CER na instalação piloto dum reservatório da rede secundária do Alqueva (EDIA) para testar e validar as suas funcionalidades. Serão operacionalizadas as trocas de informação interna entre módulos e atores envolvidos (gestor da CER, membros, ORD, etc.), com especial atenção aos coeficientes de partilha com o ORD com base nas últimas especificações disponíveis, e validado o sistema completo. Conforme as expectativas do futuro licenciamento da CER, serão escolhidos um conjunto de potenciais membros da CER para a CER de teste nas suas diferentes modalidades. 

A11.2.3: Comunicação e disseminação (LA 11.2, M1-M30). 


 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

O conjunto de parceiros associados a esta iniciativa e as suas áreas de trabalho nesta iniciativa são os seguintes:
INESC TEC (BENEFICIÁRIO FINAL): Enquanto coordenadora, caber-lhe-á garantir a operacionalização e gestão do Plano de Ação. Dentro das suas competências de investigação, será a entidade responsável pelo desenho e construção da plataforma digital e das ferramentas principais que integram o sistema de gestão da CER, bem como pela coordenação do desenvolvimento dos modelos de negócio e das estruturas organizativas. Terá também um papel central na definição estratégica dos objetivos e resultados do projeto, e na valorização dos benéficos da CER e respetivas propostas organizativas regulatórias, desenhando, em estreita articulação com os restantes parceiros do Consórcio, os cenários para testar e analisar a viabilidade económica da CER e os potenciais benefícios do autoconsumo para os seus membros.

EDIA (OUTRAS ENTIDADES DE NATUREZA RELEVANTE PARA O PROJETO): Enquanto promotor dos investimentos e tomador da tecnologia, caber-lhe-á uma participação ativa no desenho do conceito Tools4AgriEnergy, potenciando oportunidades de sinergias e de replicabilidade do Tools4AgriEnergy em diferentes territórios rurais e setores de atividade nele representados. Numa perspetiva de trabalho conjunto, participará, de forma proativa com o INESC TEC na definição e caraterização do modelo de negócio aplicado às diferentes estruturas organizativas das ACC/CER, potenciando oportunidades de sinergias e de replicabilidade à realidade à diversidade do tecido agroalimentar aí representado. 
Terá um papel central na integração da plataforma no piloto da EDIA incluindo a infraestrutura de comunicações necessária, na validação da operação e na definição de cenários de valorização dos benefícios das ACC/CER e respetivas propostas organizativas regulatórias.

FENAREG (ASSOCIAÇÃO), COTR (CENTRO DE COMPETÊNCIAS) e INIAV (PÓLO de INOVAÇÃO): O projeto assenta num modelo de capacitação técnica das PMEs do setor agrícola, agropecuário e agroalimentar, para o qual estas entidades serão fundamentais, junto dos seus associados. Em diferentes intensidades de participação, desempenham o papel central na criação de redes colaborativas e na resposta ao compromisso de escala na implementação da tecnologia Tools4AgriEnergy, pelo que, numa perspetiva de incorporação, divulgação e disseminação de conhecimento serão cruciais na operacionalização do plano de comunicação junto das suas associadas e de outros agentes do setor, (workshop, dias de campo, fóruns de partilha e discussão, …)
O COTR e a FENAREG estarão também envolvidos nas atividades de Análise Legal e Regulatória, Definições do Modelo de Negócio e no Desenho de cenários, valorização dos benefícios ACC/CER e propostas organizativas regulatórias.

ENOLEA, LDA. & PMEs: Pela sua relevância, terão um contribuindo ativo no desenho dos casos de uso e cenários, desenho dos modelos de negócio com novas propostas de valor, e dos modelos de governança da ACC/CER, com base nas especificidades da sua atividade. As PMEs direitamente envolvidas no piloto contribuirão, também, para a integração e validação do sistema de gestão das CER. 
 
Interlocutor: José Villar Collado   Email interlocutor: jose.villar@inesctec.pt   Email entidade: saaf@inesctec.pt