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RURALIA – Revitalização de áreas rURAis através da vaLorIzação de Ativos endógenos e marketing territorial. (ID: 391 )
Coordenador: IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Iniciativa emblemática: 7. Revitalização das zonas rurais
Data de Aprovação: 2022-10-13 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
O abandono das áreas rurais, em especial
as mais marginais, tem graves consequências na capacidade produtiva de
ecossistemas que são geridos há milénios e que com a redução populacional e o
envelhecimento da população resultam no aparecimento de episódios de degradação
extrema, como no caso dos incêndios florestais, muitas vezes despoletados por
episódios meteorológicos extremos, cada vez mais recorrentes e extremos, que
resultam na degradação dos ecossistemas, da sua capacidade de resiliência, e
logo na degradação da capacidade produtiva dos ecossistemas no futuro e na
quantidade e qualidade de serviços ambientais que serão capazes de nos fornecer
(Ferreira et al. 2015).
A capacidade de manter o Homem nas áreas
rurais, mormente as mais marginais, onde a exploração dos recursos endógenos é
mais difícil, só se consegue criando condições para que os habitantes possam
ter vidas ativas e possam retirar um rendimento satisfatório das atividades
económicas que decorrem no território, que o estrutura e gerem. Viver
condignamente nestes territórios não é tarefa fácil, como testemunhado pelo
abandono de sucessivas gerações que diminuíram o número de pessoas a viver e a
gerir o território nos últimos 80 anos.
Se um regresso às árduas condições de
vida do passado é inviável porque ninguém estaria disposta a viver em condições
próximas da indigência, a solução para a manutenção de uma presença humana
passa pela valorização dos produtos endógenos de qualidade, acrescentando-lhes
valor, à manutenção e valorização das cadeias de valor existentes, e à criação
e novas cadeias de valor assentes na excelência ambiental e singularidade
destes territórios e dos seus produtos e serviços.
Pouco tem sido feito em Portugal neste
aspeto, como testemunhado pela contínua sangria de população que se verifica há
quase um século. As áreas rurais e em particular as marginais, não estão
destinadas ao abandono. Existem países muito avançados em áreas de montanha.
Possuem, no entanto, por uma organização económica e territorial específica que
permite o desenvolvimento de um modo de vida específico, baseado na
pluriatividade. Neste contexto, torna-se premente o desenvolvimento de uma
estratégia de marketing territorial, que alicerçado nas atividades de uma data
comunidade rural, na valorização dos seus produtos e serviços, baseado na
excelência ambiental, nas tradições e conhecimento local, e no desenvolvimento
de novas soluções, permita criar o dinamismo suficiente para que aqueles que
decidam permanecer nestas comunidades, e os que sejam atraídos por elas, possam
ter um nível de vida condigno.
A digitalização desempenha aqui um papel
fulcral, não só ao reduzir a distância e o isolamento, nomeadamente a bens e
serviços que de outra forma seriam de difícil acesso, mas também ao permitir
uma maior participação pública no que respeita à tomada de decisões a nível das
comunidades locais, e como plataforma de promoção dos produtos e serviços
locais e de e-commerce.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
RURALIA apresenta uma estrutura
desenhada para potenciar o desenvolvimento integrado dos ativos dos territórios
rurais, em particular os mais marginais, baseada em duas grandes áreas de
intervenção: (a) a implementação de Living Labs para testar e demonstrar
soluções mais técnicas, nomeadamente ao nível da valorização dos ativos e da
otimização das cadeias de valor e comercias. (b) desenvolvimento de uma
estratégia de marketing territorial, que aglutina todos os ativos relevantes de
um território numa Marca (por exemplo Calcários de Porto de Mós, Caramulo), que
pugnará pela qualidade dos produtos e serviços, e desenvolverá atividades de
promoção do território, das suas atividades e dos seus produtos, criando
sinergias, integração e reduzindo custos de promoção. Serão criadas soluções de
marketing digital através da criação de uma plataforma que para além da
promoção da marca e dos produtos (incluindo produtos turísticos, gastronómicos,
etc) servirá também de base para a logística dos produtos (estreitando a
distância entre produtores e consumidores), e de e-commerce.
RURALIA contará com duas dimensões
adicionais para aumentar a coerência e o impacto do projeto sobre as áreas
rurais: Uma dimensão participativa, englobando os atores chave num dado
território, ligados a um produto ou serviço que possa ser comercializável ou
possa trazer mais valias por fornecer uma identidade tradicional ou cultural ao
marketing territorial. A dimensão participativa é fundamental para fornecer
propósito e significado a todo o projeto, ao englobar as necessidades e visões
dos atores chave nos objetivos do projeto, ao nível da implementação detalhada
das ações no terreno, da revisão dos resultados e na correção de alguns desvios
ou ao percurso trilhado, se os resultados das revisões intermédias não forem os
esperados. O processo participativo, além de workshops que decorrerão a cada
meio ano para rever resultados e corrigir desempenhos menos conseguidos,
contará ainda com um conselho permanente para seguir a implementação do
projeto.
RURALIA contará ainda com a criação de
uma estrutura de brookage de conhecimento. Esta estrutura potenciará a partilha
de conhecimento entre os participantes do projeto, entre os Living Labs do
projeto, e ajudará a preparar materiais para uma divulgação mais lata pelo meio
académico e científico, pelos agentes técnicos e pela sociedade em geral.
Com o objetivo de revitalizar os Espaços
Rurais, RURALIA implementará as seguintes tarefas:
T1 – Implementação de um processo
participativo envolvendo os atores chave do território, que se reunirão no início
do projeto para identificar o potencial do território, se reunirão com uma
periodicidade semestral para analisar o processo de implementação do projeto e
desenvolver estratégias de correção ou de alteração do projeto de forma a
chegar aos resultados esperados. Será cooptada uma comissão de acompanhamento e
aconselhamento.
T2 - Levantamento e caracterização dos
ativos de um território, análise do ciclo de vida e do potencial de crescimento
de criação de mais valias.
T3 – Implementação de Living Labs, baseado
no conceito de Aldeias Sustentáveis, o Living Lab procurará a integração de
atividades de forma a aumentar o rendimento e a otimização das diferentes
cadeias de valor necessárias a um modo de vida digno em áreas rurais marginais.
T4 -
Estabelecimento de uma estratégia de marketing territorial, de modo a
promover de forma integrada o território e os seus ativos, desenvolvendo uma
marca territorial e um plano de marketing.
T5 – Construção de uma plataforma
digital de promoção dos ativos, que sirva de plataforma logística, agregando os
pequenos produtores e promova o marketing digital e o e-commerce.
T6 – Criação de um Laboratório
colaborativo que sirva de brookage de conhecimento entre os vários atores chave
e entre a academia e os atores chave.
T7 Disseminação dos resultados pelos
diferentes públicos alvo, nomeadamente pelos agricultores e suas associações,
pelos técnicos superiores dos ministérios relevantes, pela comunidade
científica.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto RURALIA assenta num esforço
colaborativo que se reflete no modelo de governança, em que existem dois tipos
de órgãos de gestão, onde as principais decisões são tomadas e onde é feita a
avaliação do desempenho e evolução do projeto:
O plenário dos investigadores, que
reunirá com uma periodicidade semestral, que assumirá a forma de um pequeno
evento científico e de divulgação, em que os parceiros apresentarão as suas
atividades.
A Comissão Executiva, que reúne os
responsáveis das tarefas com o coordenador do projeto, numa base mensal, para
preparar as ações futuras, monitorizar o desempenho e preparar estratégias de
recuperação caso seja necessário.
1 - IPC/ESAC/CERNAS, assegurará a
coordenação do projeto, será o principal responsável da implementação dos
Living Labs (T3), tarefa em que será coadjuvado pelas Associações de
desenvolvimento Local envolvidas e pela Câmara Municipal de Porto de Mós, pela
construção de uma plataforma digital de promoção dos ativos e e-commerce. O IPC
coordenará ainda a Tarefa 2 com o levantamento e caracterização dos activos dos
territórios e a utilização de análise LCA , da análise do potencial de
crescimento e de criação de mais valias. O IPC terá um papel interventivo em
todas as outras tarefas.
2 -
Coimbra+Futuro será a principal responsável pela criação de uma
estrutura de brookage de conhecimento, através do seu laboratório colaborativo
(T6). Coordenará ainda o estabelecimento da Estratégia de Marketing territorial
(T4), e colaborará na implementação dos Living Labs (Coimbra) e com a
construção da plataforma digital ao fornecer conteúdos (T5), e na disseminação
(T7). Acompanhará ainda, para o caso de Coimbra o processo participativo (T1) e
o levantamento de ativos (T2).
3 –A DRAP-C desempenha um papel de
facilitador no contacto com as associações de agricultores e com os
agricultores, e estará particularmente envolvida na Tarefa 2, enquanto
autoridade local para a certificação de produtos de qualidade (DOP, IGP, ETG),
na Tarefa 3, apoiando a implementação dos Living Labs, na tarefa 4, ao apoiar a
formulação da estratégia de marketing territorial. Desempenhará ainda um papel
ativo na tarefa 8, de disseminação dos resultados.
4 – A CNA será em conjunto com a CCAF
responsável pelo processo participativo (T1) envolvendo os atores chave do
território. Participará ainda na tarefa 4 (estratégia de marketing
territorial), na tarefa 6 brookage do conhecimento e na tarefa 7, disseminação
dos resultados pelos públicos alvo identificados.
5 – CCAF será em conjunto com a CNA
responsável pelo processo participativo (T1) envolvendo os atores chave do
território. Participará ainda na tarefa 4 (estratégia de marketing
territorial), na tarefa 6 brookage do conhecimento e na tarefa 7, disseminação
dos resultados pelos públicos alvo identificados
6 – A ADICES estará envolvida na criação
dos Living Labs (T3) do Caramulo, na definição da estratégia de marketing
territorial (T4), apoiando ainda a construção da plataforma digital ao fornecer
conteúdos (T5). A ADICES participará ainda na disseminação (T7). Acompanhará
ainda, para o caso do Caramulo o processo participativo (T1) e o levantamento
de ativos (T2).
7 – A Câmara Municipal de Porto de Mós estará
envolvida na criação dos Living Labs (T3) de Porto de Mós, na definição da
estratégia de marketing territorial (T4), apoiando ainda a construção da
plataforma digital ao fornecer conteúdos (T5). A Câmara Municipal de Porto de
Mós participará ainda na disseminação (T7). Acompanhará ainda, para o caso de
Câmara Municipal de Porto de Mós o processo participativo (T1) e o levantamento
de ativos (T2).
8 – Os agricultores Hermínio Feteira –
Floricultura Lda, Olivais Vila Forte Lda e Ricardo Cordeiro Mateus Modesto Rosa
colaborarão na T3, ao permitir a utilização das suas empresas para desenvolver
aspetos de Living Lab, bem como no brookage de informação (T7) e na
disseminação da informação (T8).
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