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Revitalização de zonas rurais do Algarve: resiliência e inovação na criação de sistemas alimentares territoriais (REVITALGARVE) (ID: 394 )
Coordenador: UALG - Universidade do Algarve
Iniciativa emblemática: 7. Revitalização das zonas rurais
Data de Aprovação: 2022-10-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Algarve NUTS III: Algarve
Identificação do problema ou oportunidade
Os
territórios rurais são, de uma forma geral, afetados por dificuldades várias
que tornam o seu desenvolvimento particularmente desafiante, nomeadamente o
envelhecimento da população, a perda de valor das atividades económicas, com
especial relevo para a agricultura, a desertificação agravada pelo abandono das
terras e, como corolário, a perda de massa crítica demográfica, social e económica,
tornando difícil reverter a situação, realidade que se verifica, em larga
medida, em grande parte das zonas rurais do Algarve.
Esta
situação contribui para um desequilíbrio na participação dos agricultores na
cadeia de valor dos bens alimentares, sobretudo por parte dos produtores com
explorações de pequena e muito pequena dimensão e agricultura familiar,
associados à pequena escala, que devido à existência de modelos de baixa
organização, a um enquadramento legal desfavorável à venda direta (em termos de
segurança alimentar e de fiscalidade aplicável), resulta na dificuldade de
acesso ao mercado e ao seu desenvolvimento. Esta realidade compromete a
viabilização e a continuidade de pequenas explorações agrícolas que desempenham
um importante papel no desenvolvimento socioeconómico de territórios rurais,
com destaque no papel que representam para a preservação de espécies e
variedades regionais de elevada qualidade, para a proteção da biodiversidade e
dos recursos endógenos.
É por isso
urgente incorporar conhecimento e inovação, dinamizando uma base produtiva que permita
reverter esta situação, bem como delinear novos modelos de governança, que
façam chegar este conhecimento e inovação aos atores locais, em particular aos
jovens agricultores, potenciando económica e socialmente estes territórios.
Destacamos a importante oportunidade que representa a aprovação e
assinatura do “Acordo de compromisso para a introdução de produtos alimentares
produzidos na região do Algarve nas refeições escolares”, no passado dia
2.09.2022, no âmbito do Projeto “Sistemas Alimentares Sustentáveis”,
estabelecido entre a AMAL e os Municípios do Algarve, em estreita articulação
com agrupamentos escolares, com o objetivo de estimular a implementação de “refeições
e programas piloto que permitam testar novos modelos de fornecimento de
refeitórios escolares, baseados em cadeias curtas de abastecimento, aquisição de produtos
alimentares produzidos em regimes de qualidade IGP (Indicação Geográfica
Protegida) ou sistemas de produção ambientalmente sustentáveis, e por pequenos
produtores locais, em especial detentores do estatuto de agricultura familiar”.
O Algarve é uma referência a nível nacional no fornecimento das
refeições escolares pelo facto de sempre ter privilegiado a modalidade de
exploração própria – a grande maioria dos refeitórios escolares geridos pelos
Municípios e agrupamentos de escolas sempre adotaram esta modalidade. Nos
refeitórios escolares da região do Algarve são servidas em média, por ano
letivo, cerca de 5,8 milhões de refeições, representando um valor económico de
13,3 milhões de euros (ano de 2020). São adquiridos em média, por ano letivo,
cerca de 4 mil toneladas de produtos alimentares para a confeção das refeições
escolares na região do Algarve (Produtos Cárneos: 251 mil kg; Leguminosas: 11
mil kg; Frutícolas: 635 mil kg; Hortícolas: 2.718 mil kg; Pescado: 292 mil kg).
A implementação
de atividades alinhadas com as Linhas de Ação (LA) da iniciativa emblemática 7,
deve ser encarada como uma oportunidade para o reforço do tecido socioeconómico
e a revitalização das zonas rurais do Algarve, e, por conseguinte, à
concretização de indicadores de realização da Agenda “Terra Futura”. Neste
contexto, a Atividade 1 (Criação de um Sistema Alimentar Local) está alinhada com a LA 7.5 -Territórios
rurais inteligentes, a Atividade 2 (Investigação, Desenvolvimento e Inovação)
com as LA 7.2 – Conhecimento e LA 7.6 – Diversificação económica, a Atividade 3
(Valorização do consumo local) com a LA 7.6 - Diversificação económica e a
Atividade 4 (Plano de Comunicação) será transversal a todas as Linhas de Ação a
desenvolver.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A iniciativa tem como objetivo promover a
revitalização de zonas rurais do Algarve, através da implementação de
metodologias que irão privilegiar abordagens integradas destinadas a reforçar um
sistema alimentar territorial, baseado num modelo de crescimento sustentável e
inclusivo, de acordo com o preconizado na estratégia do “Do Prado ao Prato” e,
por outro lado, contribuir para a diversificação da atividade económica desta
região, atualmente centralizada no Turismo. Trata-se de um projeto que pretende intervir nas
áreas da produção, processamento, distribuição, abastecimento, organização, comercialização
e consumo de alimentos, com foco no apoio à
pequena agricultura e à agricultura familiar, desenvolvendo modelos de
organização da economia dos territórios, reconhecendo a sua diversidade, o seu
capital natural e social, contribuindo para a melhoria da organização da cadeia
produtiva, ganhando escala e estabelecendo redes de proximidade, que contribuam
para a valorização das atividades agrícolas, agroalimentares e serviços conexos.
O projeto pretende ser inovador, em termos de modelo
organizacional, com a criação de uma “Rede de Produtores Locais do Algarve”
(RPLA), com o objetivo de contribuir para a organização e qualificação dos
produtos locais, melhorar o seu escoamento e aumentar o consumo de produtos de
proximidade, fomentando assim o desenvolvimento de sistemas alimentares de base
territorial que valorizem a compra aos produtores locais e a produção de
alimentos mais sustentáveis, de acordo com a sazonalidade, condições
edafoclimáticas e circuitos curtos de produção e consumo, com clara aproximação
aos princípios do padrão alimentar mediterrânico. Destaca-se a associação de
uma importante componente IDI (controlo de qualidade/segurança dos alimentos e de
tecnologia alimentar), com o objetivo de criar condições para garantir a
confiança dos consumidores na qualidade e origem dos produtos, com a ligação às
instituições de investigação que integram a parceria (UAlg, DRAPAlg - Pólos de Inovação
Tavira e Patacão) e Centro de
Competências para a Dieta Mediterrânica (CCDM), representado pela Direção-Geral
de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR).
Uma das principais iniciativas da candidatura será a implementação
de um modelo de apoio técnico aos agricultores e produtores agroalimentares
aderentes à RPLA, condição fundamental para o desenvolvimento do projeto e para
que sejam atingidas as metas gerais da Agenda “Terra Futura”.
Estão previstas as seguintes
atividades:
Atividade 1: Criação de um Sistema Alimentar Local
1.1 Avaliação técnico-económica
para criação de uma RPLA, definição das condições de acesso, inventariação e
georreferenciação de produtores, produções locais e sistemas produtivos,
necessidades alimentares locais, estabelecer relações entre produtores e
consumo
1.2 Criação e registo da Marca,
Regulamento e Sistema de Certificação da Marca, para identificação dos produtos
agroalimentares provenientes de produtores validados na RPLA
1.3 Criação e implementação de um
Sistema de Assistência Técnica de apoio à RPLA
1.4 Criação e implementação de um
modelo de governança do Sistema Alimentar Local
Atividade 2: Investigação, Desenvolvimento e Inovação
2.1 Criação de um serviço apoio à
inovação e desenvolvimento de produtos / estruturas e serviços de apoio ao
empreendedorismo (incubadoras, espaços teste, etc)
2.2 Criação de um sistema de
controlo qualidade/segurança dos alimentos
2.3 Identificação e validação de novas tecnologias em
MPS
2.4 Valorização e promoção da Produção Animal
Extensiva / raças autóctones
2.5 Valorização e promoção da Produção
Vegetal em MPS / variedades tradicionais
2.6 Identificação dos serviços
ecossistémicos produzidos pelos sistemas MPS
Atividade 3: Valorização do consumo local
3.1 Criação de um sistema de
abastecimento à restauração coletiva (cantinas escolares, IPSS, e outras
entidades sociais) de produtos com origem na RPLA
3.2 Criação de um modelo de
organização e funcionamento de Mercados de Produtores Locais do Algarve
Atividade 4- Plano de Comunicação
4.1 Realização de ações de
demonstração, informação e divulgação do projeto (seminários, dias de campo,
artigos, vídeos, etc)
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Os parceiros da iniciativa contribuirão com a realização das
seguintes atividades:
1. Coordenação geral do projeto: a cargo da UAlg, que
contará com a estreita colaboração da DRAPAlg.
2. Execução das tarefas correspondentes à Atividade 1 - Criação de um Sistema Alimentar Local, a cargo das
ADL Vicentina, In Loco e Terras do Baixo Guadiana, com a colaboração da
restante parceria;
3. Execução das tarefas correspondentes à Atividade 2 - Investigação, Desenvolvimento e Inovação a cargo da UAlg, com
a colaboração da restante parceria;
4. Execução das tarefas correspondentes à Atividade 3 - Valorização do consumo local a cargo da AMAL/Municípios, com a colaboração da
restante parceria;
5. Execução das tarefas correspondentes à Atividade 4 - Plano de Comunicação a cargo do Centro de
Competências para a Dieta Mediterrânica (CCDM), com a colaboração da restante parceria.
Nota: Prevê-se a inclusão da Associação dos Produtores de
Batata Doce de Aljezur e do Centro de
Competências para a Dieta Mediterrânica na parceria.
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