|
+RURAL – Conhecimento, Inovação e Multifuncionalidade em territórios rurais (ID: 399 )
Coordenador: COTHN - Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional
Iniciativa emblemática: 7. Revitalização das zonas rurais
Data de Aprovação: 2022-10-04 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
Identificação do problema ou oportunidade
Portugal devido às suas condições edafoclimáticas e localização
perto do mar, tem uma vantagem competitiva na produção frutícola, ao conseguir
produzir frutos com melhor sabor, cor e aroma, que se tem conseguido distinguir
nos mercados externos.
O Oeste tem 3155 explorações com produção de maçãs, entre explorações
profissionais e semi-profissionais, resultando que a fruticultura é um dos
sectores que estrutura o tecido social e profissional desta região. A APMA
(entidade gestora da IGP), tem vindo a fazer um trabalho persistente de
procurar estruturar a produção, representando 500 produtores distribuídos por 21
organizações de produtores, que detêm cerca de metade da produção de toda a
região Oeste.
A APMA e os seus parceiros, como o COTHN, tem vindo a identificar ainda
um conjunto de desafios:
1 - Os sócios da Maçã de Alcobaça têm 43 técnicos de campo, sendo
14 do sexo feminino e 30 técnicos de controlo de qualidade e conservação. Estes
técnicos têm trabalhado de forma individual, dentro das suas organizações. Todos
os anos efetuam pequenas experiências, de novos produtos ou processos
agronómicos, a maior parte das vezes com um processo empírico com pouco
critério técnico-científico, resultando que as possíveis melhorias ou boas
práticas não são bem experimentadas ou fundamentadas, não se chegando a
conclusões claras, não podendo ser disseminadas de forma transversal a outros técnicos
ou produtores, implicando ineficiência no desenvolvimento do conhecimento e perdas
de competitividade. Um novo conhecimento chega também muitas vezes por via dos
técnicos comerciais das empresas de agroquímicos, com foco no seu interesse
comercial.
2 – A sociedade está crescentemente a exigir que a produção de
alimentos seja mais sustentável, mais harmoniosa com o ecossistema. Noticias
alarmistas têm contribuído para a desinformação e para a desconfiança dos
consumidores nos produtos alimentares produzidos em Portugal, levando por vezes
à diminuição do consumo, quando temos um sistema produtivo comparativamente
bastante seguro. Em muitos países desenvolvidos, visitas a pequenas quintas são
um produto turístico que contribui para a sustentabilidade das pequenas
explorações. Como em Portugal ocorreu a vulgarização de ideia de agricultor, a introdução
de práticas de fomento da biodiversidade é uma forma de atrair consumidores a
visitarem explorações, numa abordagem de edutainment,
juntando atividades de ar livre com processos educativos sobre boas práticas de
fomento da biodiversidade.
4 - Estão a surgir novas tecnologias e ferramentas digitais que
poderão fazer a diferença em termos de uma maior eficiência no uso de água, gestão
de nutrição, de auxiliares, de fármacos. Essas tecnologias desenvolvidas são
testadas pelos centros de experimentação dos maiores países e rapidamente
disseminadas nesses pelos técnicos e agricultores, o que constitui uma vantagem
competitiva. Essas tecnologias requerem testagem e aprendizagem na sua
adaptabilidade às nossas condições quer na sua boa utilização quer na boa
utilização dos outputs na melhoria e alteração de outras práticas agronómicas. Deve
ser avaliado a possibilidade de massificação da sua utilização, para tornar a
fruticultura mais competitiva e como forma de atrair jovens agricultores mais
propensos à utilização de modernas tecnologias. Essa disseminação pode ser
feita quer pelos técnicos de campo e pelos formados nas escolas profissionais,
muitas vezes os utilizadores de primeira linha destas tecnologias.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Existe assim aqui várias
oportunidades de revitalizar o tecido agricola do oeste, baseado na melhoria de
competitividade dos produtores de Maçã de Alcobaça.
Com esta iniciativa pretende-se:
1 - implementar uma rede de inovação
e de partilha e difusão do conhecimento, estruturando-se em grupos de trabalho uma
rede de 43 técnicos, nos seguintes temas: eficiência no uso eficiente de água; biodiversidade;
novas variedades; limitação natural como forma de luta contra pragas e doenças;
saúde dos solos; nutrição. Pretende-se assim sistematizar as ações de
experimentação informal e as pequenas aprendizagens que os técnicos vão
realizando, e dar-lhe uma estruturação mais técnico-cientifica de modo a que
esse conhecimento possa ser analisado, discutido, estruturado e disseminado
pelo conjunto e pelos produtores agrícolas.
2 - implementar campos de
experimentação com condições específicas para esse efeito, localizados em
pontos estratégicos do Oeste, permitindo testar a adoção de novas práticas
agronómicas inovadoras e de novas tecnologias, dando-se como exemplo:
utilização do sensor soil optix, um sensor de mapeamento de propriedades
físicas, macronutrientes, micronutrientes e saúde do solo; demonstração de
robots para realização de práticas culturais; utilização de sensores em folhas
e troncos para avaliação de estado hídrico e da seiva; utilização de sensores
fotónicos para avaliação da carga de produção e do crescimento dos frutos;
utilização de mapas satélite de alta resolução agregados a modelos de análise;
utilização de ferramentas digitais.
3 - desenvolver um modelo de eco-pomar e criar circuitos pedagógicos.
Para esse efeito, será desenvolvido conhecimento sobre a biodiversidade
existente nos pomares e definido um conjunto de práticas fomentadoras da
biodiversidade, dando-se como exemplo: - valorização de infraestruturas ecológicas - infraestruturas verdes – faixas
ecológicas multifuncionais, sebes; e não-verdes – muros, amontoados de pedra
para abrigo de animais – instalação de hotéis de insetos e abrigos de aves –
gestão ativa com reequilíbrio de espécies. Serão desenvolvidos materiais pedagógicos
para os visitantes de circuito pedagógicos de eco-pomares. Em articulação com
Câmaras Municipais, serão assim desenvolvidos circuitos pedestres em torno de
eco-pomares criando-se assim um produto turístico que fomente no interior do
Oeste o turismo em ligação com a produção frutícola.
4 - estas ações serão articuladas
com vários agentes da região de produção da Maçã de Alcobaça, que abrange
praticamente o Oeste: produtores (na disseminação de novas práticas mais sustentáveis
e eficientes), centrais fruteiras (no envolvimento dos técnicos e restante
estrutura), COTHN (na coordenação organizativa e desenvolvimento de
conhecimento sobre biodiversidade), APMA (na criação, gestão e dinamização dos
grupos de trabalho, na dinamização da inovação, na disseminação de resultados),
INIAV (na validação e dinamização da inovação), (Câmaras Municipais (organização
e criação de infraestruturas e sinalética dos circuitos eco-pomar), escolas
profissionais da região (ex. EPADREC) (no apoio ao desenvolvimento do
eco-pomar, no entrosamento dos formandos com a inovação, através da
experimentação das novas tecnologias), universidades (no desenvolvimento de
conhecimento sobre a biodiversidade e seu fomento); Turismo do Centro (na
divulgação dos circuitos nos eco-pomares juntos de operadores); hotéis e
operadores turísticos (na captação de turistas), prestadores de serviços (na
prestação de serviços e/ou instalação de equipamentos tecnológicos).
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Será criado um núcleo base de coordenação constituído pela APMA,
INIAV e COTHN que efetuarão a coordenação e supervisão da execução das tarefas
do projeto e será responsável pelo cumprimento das metas e dos prazos de cada
uma das fases do projeto.
T1 – Planeamento, coordenação e controlo – APMA, INIAV e COTNH-CC
T2 – Criação de grupos de trabalho temáticos;
T3 – Criação do processo organizativo para sistematização,
estruturação e organização da criação e partilha de novos conhecimentos – APMA
e COTHN-CC.
T4 – Definição e organização de pequenas experiências a realizar
pelos técnicos – APMA, técnicos, INIAV, COTHN-CC
T5 – Análise, discussão de resultados e disseminação - APMA,
técnicos, INIAV, COTHN-CC
T6 – Definição da localização de campos de experimentação de
inovações tecnológicas e agronómicas– APMA e técnicos
T7 – Definição de plano de experimentação de novas tecnologias e
processos - INIAV, Técnicos das OP´s, COTHN-CC e APMA;
T8 - Avaliação dos impactos das novas tecnologias – APMA, técnicos,
INIAV, COTHN-CC
T9 – Disseminação dos resultados de novas tecnologias e processos
- Todos
T10 - Caracterização da biodiversidade de cada campo – COTHN-CC, OP´s,
INIAV
T11 – Definição e implementação de plano de fomento de
biodiversidade – APMA, COTHN-CC e INIAV e os técnicos das Op´s
T12 – Definição de produtos turístico, de materiais de explicação
das temáticas de biodiversidade e colocar em cada eco-pomar – APMA, COTHN-CC e
INIAV e os técnicos das Op´s
T13 – Comunicação do produto turístico junto outros agentes – APMA
e COTHN
T14 – Avaliação da recetividade e do impacto de agentes e
consumidores perante o produto turístico eco-pomar – APMA, COTHN-CC
T15 – Disseminação de resultados - Todos
|
|
|