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C4CROPS - Climate Change resilient and Circular CROPS using sea-based bacterial solutions (ID: 403 )
Coordenador: IPL - Instituto Politécnico de Leiria
Iniciativa emblemática: 5. Agricultura circular
Data de Aprovação: 2022-10-06 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
Identificação do problema ou oportunidade
É inquestionável o aumento da
intensidade e frequência de eventos meteorológicos extremos, como períodos
extensos de seca, devido às alterações climáticas. Portugal apresenta os
terrenos de cultivo cada vez mais inférteis, resultado de sistemas de cultivo intensivo
e da seca, condicionando severamente o crescimento
e a sustentabilidade do setor agroalimentar. Dada a importância económica
deste setor para o país, é extremamente importante o desenvolvimento de
estratégias, com base no conhecimento científico e inovação, para uma agricultura mais resiliente, amiga do
ambiente, com elevada capacidade de produção e com menores requisitos
hídricos.
Por outro lado, os
subprodutos dos cultivares agrícolas são frequentemente queimados, aumentando as
emissões de CO2, ou triturados e usados como fertilizante, havendo
evidencias que esta última opção pode promover o desenvolvimento de fungos
patógenos.
Portanto, são necessárias estratégias sustentáveis e
ambientalmente seguras para promover a adaptação de cultivares,
aumentando a sua resiliência tendo em conta a emergência climática atual.
As zonas costeiras são
habitat de muitas espécies de plantas e macroalgas, que se adaptaram a estes
habitats altamente dinâmicos. Parte dessa tolerância vem da atividade de bactérias
da rizosfera de plantas halófitas
e da superfície dos talos de macroalgas, que promovem o crescimento vegetal (plant growth promoting bacterias,
em inglês, PGPB), facilitando a
aquisição de nutrientes pela planta, atenuando o stress fisiológico, produzindo
fitohormonas,
e melhorando a resposta da planta a infecções por microrganismos fitopatogénicos
ou actuando diretamente sobre eles como agentes de biocontrolo.
Estudos têm demonstrado que a aplicação de PGPB marinhas como biofertilizantes aumenta a resiliência das plantas a
condições adversas, tais como, seca extrema e fitopatógenos.
No entanto, a aplicação das mesmas através de “engenharia da rizosfera”, redesenhando
o microbioma da raíz através de aplicações de novos consórcios inócuos para o meio ambiente, promovendo
um aumento da produção agrícola é escassa.
Associado à prática agrícola está também a produção de milhares de
toneladas de subprodutos- rejeições e partes não consumíveis resultantes da
colheita e poda (ex. ramos e folhas), que através de processos biotecnológicos
como fermentações, ou produção de biochars, poderão ser reintroduzidos nos campos agrícolas numa perspetiva
circular e de resíduo zero contribuindo para a:
i. produtividade agrícola
ii. qualidade dos solos
iii. segurança alimentar
iv. retenção de água nos solos
v. diminuição de lixiviação
vi. re-introdução acelerada de nutrientes nos solos
As soluções propostas contam
com a interação dos sistemas já existentes baseado no conhecimento, na
tecnologia e na experiência de um consórcio de interface entre o sistema académico, científico e tecnológico e o
tecido empresarial, interagindo e promovendo sinergias para a aplicação efetiva no desenvolvimento
de soluções para a sociedade. No projeto REVINE identificaram-se PGPB que
promovem o crescimento vegetal, o que nos permite transpor para a prática os
principais resultados obtidos neste projeto. Através do Projeto ORCHESTRA
foi-nos possível caracterizar a cadeia de valor de cultivares com elevada
relevância para a Região Oeste, identificar os subprodutos resultantes da
produção primária e do processamento de hortofrutícolas com potencial para
exploração a uma escala local e regional, potenciado a cascata de valor e criando produtos de valor acrescentado, assegurando
os princípios de circularidade
Este consórcio apresenta uma
abordagem inteligente, verde e sustentável para a gestão de cultivares,
aumentando os ganhos e preparando-os para fazer face às alterações climáticas,
diminuindo a necessidade de utilização dos recursos hídricos, enriquecendo
solos, numa utilização circular dos subprodutos desta indústria (Agenda 2030
Terra Futura).
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O C4ROOTS abordará a problemática das alterações
climáticas na agricultura, numa abordagem multidisciplinar e inovadora
promovendo uma agricultura mais resiliente, sustentável e circular:
1. Reduzindo o impacto da agricultura
nos solos fornecendo soluções biológicas e tecnológicas.
2. Melhorando a germinação e
crescimento de cultivares de relevância económica em condições adversas.
3. Diminuindo
o uso de pesticidas garantido uma bifortificação
dos cultivares.
Será desenvolvido um conjunto de tarefas que garantam a obtenção
dos seguintes objetivos específicos:
1. construção
de um biobanco
de PGPB marinhas caracterizadas para aplicação na agricultura
2. definição
de tecnologias para aplicação eficiente e sustentável dos biofertilizantes
desenvolvidos
3. utilização de subprodutos dos
cultivos para aumentar a qualidade dos cultivares e solos
4. integração do sistema científico e
tecnológico com as empresas
5. Formação de recursos humanos e incentivo ao empreendedorismo
A presente proposta interagirá fortemente com outros projetos
nacionais/ internacionais (Rhizomis, REVINE, ORCHESTRA, BIORHIZOTOOL) onde participam membros do
consórcio, beneficiando do conhecimento e experiência já obtidas, acelerando o
desenvolvimento de novos produtos processos e serviços.
O potencial da utilização de PGPB com capacidade para promover o
crescimento vegetal quer isoladamente quer em consórcio e a otimização da sua
produção ampliada (scale-up),
será acompanha pela/o:
-
screening alargado
de PGPB obtido de rizosferas e ficoesferas
de plantas e algas marinhas em
ambientes contrastantes de forma a identificar espécies/estirpes com maiores capacidades
para promover o crescimento vegetal.
-
Aplicação de PGPB
isoladamente e/ou em consórcio em cultivares
de relevância económica (ex. vinha, pomares) para melhorar não só a sua
germinação em condições adversas, mas também em plantas promovendo a sua resiliência
em cenários adversos à produção agrícola (ex. seca, salinização dos solos, e doenças).
-
Avaliação qualidade do ponto
de vista alimentar e produtivo dos cultivares produzidos (fruto, grão, etc),
acompanhado de métodos de fenotipagem
(usando tecnologias e sensores óticos) e bioquímicos.
-
Desenvolvimento de ferramentas e compilação de diretrizes
detalhadas para aplicação em campo, visando facilitar a comunicação entre a
equipa técnica, stakeholders (agricultores, associações agrícolas) e decisores
políticos.
-
Desenvolvimento de estratégias eficientes para aplicação
destes biofertilizantes baseados em PGPB, por aplicação direta de culturas
ou através da produção de formas imobilizadas em esferas de polímeros
biodegradáveis (alginato e/ou agar) para uma aplicação localizada e com menores
perdas e consequente melhoramento da produção de cada cultivar em condições
adversas de cultivo.
-
Utilização de fermentados das rejeições e subprodutos
dos cultivos cujas queimas promovem a libertação de CO2 para a
atmosfera e promovem o desenvolvimento de fungos patogénicos, usando
microrganismos marinhos com maiores taxas de conversão enzimática e menores
requisitos energéticos de fermentação para a aplicação nos solos.
A
presente proposta visa aplicar uma abordagem alinhada com as estratégias europeias
“From Sea to Farm” e “From Farm to Fork”,
fornecendo soluções biológicas alternativas às atuais soluções químicas atuais,
contribuindo para uma agricultura mais resiliente e sustentável, melhorando o
crescimento das cultivares em cenários de seca e salinização, que são ameaças
inegáveis e reais às práticas agrícolas atuais. De igual forma está fortemente
alinhada com as áreas temáticas LA 5.1, LA 5.4, LA 5.5. contribuindo
para i) promover o desenvolvimento de biofertilizantes baseados em sub-produtos do
sistema agricola; ii)
aumentar a resiliência dos cultivares; iii)
sequestro de carbono e poluição do ambiente evitando as queimadas de sobrantes;
iv) utilização de agrobiomassas; v)
desenvolvimento de novos produtos de valor acrescentado; vii) Exploração e valorização
de subprodutos dos cultivares.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Este projeto reúne
uma equipa de investigação multidisciplinar, incluindo especialistas em biotecnologia,
microbiologia, agricultura, fenotipagem de alto rendimento, fisiologia vegetal
e bioquímica, em estreita colaboração com os agricultores e reguladores de modo
a criar um conjunto de ferramentas biotecnológicas a serem aplicadas para o
futuro de uma Agricultura mais sustentável sob os cenários atuais e potenciais
de alterações climáticas, juntamente com parceiros académicos e industriais
internacionais com elevada capacidade no ecossistema de partilha de
conhecimento e transposição industrial.
Foram selecionadas
instituições pilar para o desenvolvimento deste projeto, detendo todas as
competências e lideradas pelo Politécnico de Leiria num ecossistema de
partilha de conhecimento com a sociedade.
Em suma o consórcio,
incluirá as seguintes entidades:
·
Politécnico de Leiria,
com a responsabilidade de gestão científica, técnica e financeira. A
coordenação do projeto atuará na interface entre o financiador e os parceiros
facilitando a execução das atividades, recolhendo, revendo e verificando a
consistência dos relatórios, fazendo a administração da contribuição
financeira, e implementando plano de monitorização. O PI, no MARE-IPleiria, é
coordenador de diversos projetos nacionais e europeus e com ampla experiência
na gestão de projetos, assim como um elevado índice de produtividade
científica.
·
Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, partilhará as responsabilidades de gestão científica, com
competências na área ótica em agricultura e na recolha, identificação e
caracterização de PGPB de recursos naturais, contribuirá para a seleção dos
PGPB mais adequados às soluções apresentadas nesta candidatura.
·
Instituto
Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, I.P.) e o Centro
de Competências COTHN trará as competências dos
reguladores e de comunicação estabelecidas, assim como a experiência com o
estabelecimento de culturas à escala-piloto (em estufa e em campos
identificados para ensaios). Dada a vasta experiência e ligação com a PMEs da
área agrícola, contribuirão também para a partilha de conhecimento entre a as
instituições de ensino e investigação e as PMEs, nomeadamente com a formação de
recursos humanos com competências técnicas.
·
Campotec SA
(PME), Adega de Plansel (PME) e outras a integrar, trarão as
competências técnicas do trabalho de campo e comercialização das soluções aqui
desenvolvidas.
·
Associação de Viticultores do Concelho de
Palmela (AVIPE) trará o estabelecimento com agricultores para a
aplicação das soluções propostas nas culturas de interesse e simultaneamente
participará enquanto campo de ensaio experimental das soluções desenvolvidas.
Associado ao
consórcio estarão grupos internacionais de investigação associados à Universidade
de Sevilha e Valência (Espanha) e TUS (Irlanda) que trarão a
consultoria, os conhecimentos e os meios de instituições de referência, com
investigadores que atualmente já colaboram com o consórcio. Por fim a empresa
holandesa KeyGene, com delegações em diversos países, com quem o Politécnico de
Leiria já colabora no âmbito de diversos projetos, trará competências de
transferência de conhecimentos, inovação e comercialização das potenciais
soluções criadas nos mercados onde já opera.
O consórcio aqui
apresentado foi criteriosamente selecionado para permitir abordar os Objetivos Operacionais
descritos no programa, nomeadamente contribuindo para a diminuição da pressão
da atividade agrícola com recurso a soluções de origem natural, promovendo
simultaneamente a sustentabilidade dos recursos através da utilização de
subprodutos gerados das práticas agrícolas e da industria hortofrutícola e a
disponibilização de novos produtos com valor acrescentado que permitam a
diminuição da utilização de produtos de origem sintética. Todos os envolvidos
contribuirão para a maximização do impacto dos resultados do projeto através da
divulgação dos resultados a diversas audiências.
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